sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Oração de São Francisco - Fagner e Joana

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cartão Vermelho para todos nós

Os dias estão maus
"Convém que ele cresça e que eu diminua"
(João, o batista)

Se estão piores do que os dos tempos da minha avó, não posso afirmar, afinal, não estava na pele dela em seus dias. Posso dizer, entretanto, que vivemos dias maus e isso sentimos no coração.

O covil de ladrões no qual se transformaram as assembléias legislativas, com destaque para o Senado Federal, demonstra que já não se rouba por uma questão de sobrevivência, mas pela simples adoração ao (poder do) dinheiro.



Fala-se em roubo de milhões com a mesma desenvoltura com que um faminto balbucia a palavra pão. Pior: quem rouba um óculos passa cinco anos na cadeia e quem assalta os cofres públicos continua coronelando.


A religião já fez sua escolha: Mamon é deus. O Deus de Israel, Isac e Jacó tornou-se simples detalhe. Na verdade, foi transformado num eficiente meio - símbolo - de arrecadação daqueles que, aproveitando-se de momentos de fragilidade a que todos estamos sujeitos, iludem, mentem e assaltam bolsos laçando corações.


O mais importante em parcela de igrejas não é mais a reflexão teológica em torno da Bíblia para identificar qual seria a vontade de Deus para nossa caminhada comunitária. O que vale é estudar o mercado para identificar quais seriam as necessidades das pessoas e com elas fazer uma troca: plantamos um discurso agradável em seus ouvidos e elas plantam suas moedas em nossos gasofilácios.


Claro, precisamos de dinheiro, afinal, ele rege o sistema econômico em nossa sociedade. A questão é que o elevamos à condição de deus, tornando-o parâmetro de sucesso individual e social, símbolo de prestígio e poder.


O poder não é mais conferido pela quantidade de pessoas que apóiam determinado projeto, mas pela quantidade de dinheiro que possui aqueles que querem estar à frente dos (seus) projetos. (Sim, o dinheiro nos possui!).


As igrejas não estão fazendo diferença simplesmente porque Cristo deixou de ser a razão de sua existência. O partidarismo, fruto da prevalescência de interesses particulares sobre os públicos, dominam nossas relações internas.


Jesus é a palavra que menos ouvimos em nossas reuniões “de negócios”. Seus valores e sentimentos são o que menos se percebe em nossas atitudes, palavras ou ações. As disputas, entre nós, por cargos, verbas orçamentárias, espaços físicos ou posições políticas só não são vergonhosas porque vergonha é algo que perdemos há tempo.


Tudo isso por uma simples razão: nós crescemos e Cristo diminuiu. Daí os dias serem maus.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Reunião do Conselho Geral da CBB - Administração e Política

Sempre fico com a sensação de que falo mais do que deveria, nas reuniões do Conselho Geral da CBB. Porém, sinto-me melhor falando do que quando saio com a sensação de que deveria ter me posicionado e, por conveniência, fiquei calado.
Acabo de voltar de uma dessas reuniões, a penúltima do meu mandato e o sentimento não foi diferente. Entretanto, sinto-me feliz porque, de todas as reuniões de que participei, nesses 3 anos, foi a que fiquei com a impressão de que mais progresso ocorreu.
O uso do tempo

Primeiro, o tempo foi muito bem usado. No primeiro dia trabalhamos das 9 da manhã às 22, com duas horas de intervalo para almoço e jantar. No segundo, das 9 às 17h30, com duas horas de almoço. Nesse tempo, todos os assuntos foram devidamente debatidos e decisões tomadas.

Relacionamento

Depois, não houve nenhuma situação que pudesse ser caracterizada como desrespeitosa, em termos de relacionamento. Todos que quiseram, puderam se expressar e, se num momento ou outro, no clima dos debates, alguém se excedeu, o pedido de perdão não demorou a acontecer.
Finanças e economia

Fora as dificuldades financeiras dos seminários (STBNB e STBSB, uma vez que o Equatorial, conquanto operacionalmente seja deficitário, as receitas não operacionais o mantém no azul), as demais instituições estão financeiramente bem. Digo financeiramente porque somente agora foram publicados os primeiros indicadores objetivos que permitirão uma análise mais acurada da situação econômica das instituições.

Dizemos que uma instituição está financeiramente bem quando os recursos financeiros disponíveis para sua manutenção e pagamento de seus compromissos são positivos. Uma análise econômica, porém, dos primeiros dados que começam a aparecer, demonstram que ainda há muito chão para se caminhar.
Para que você entenda o que estou querendo dizer, segue um exemplo: se temos, digamos, 200 mil jovens em nossas igrejas e produzimos mil revistas a cada trimestre para eles, não podemos dizer que estamos economicamente bem, ainda que financeiramente estejamos no azul.
Operacional

Também nada podemos dizer, em termos operacionais, da administração financeira. O Conselho Fiscal analisa os balanços e procedimentos gerais. Entretanto, não tive acesso a qualquer informação que indique que há algum tipo de fiscalização relacionada a notas e recibos do cotidiano das instituições.

Quem administra sabe que vez por outra flagramos, aqui e ali, inclusive em igrejas e outras instituições religiosas, o uso indevido dos recursos. Portanto, a relação Assembléia da CBB, Conselho Geral e demais instituições, nessa área, é de total confiança, fato que jamais deveria ocorrer em administração financeira.

Reunião do Conselho Geral da CBB - Áreas dos Comites e uso do tempo

Com a reestruturação de Florianópolis, em 2007, foram criados 5 comitês para coordenar e avaliar as áreas de missões, educação teológica, educação religiosa, entidades auxiliares e ação social. Tais comitês tem por atribuição assessorar a diretoria e diretor executivo. Isso significa que, nas reuniões dos Conselhos, não há relatórios de tais comitês, fato que começou a ser praticado desde a reunião de março.
Assim sendo, nasce uma nova preocupação: a inclusão de assuntos dessas áreas na pauta das reuniões do Conselho e a quantidade de tempo dedicado a eles, ficará exclusivamente a critério da diretoria e diretor executivo.

Penso, então, que, mantendo-se 5 sessões, como ocorreu na última reunião, deveria se estabelecer, como regra geral, que cada área deveria ser contemplada com uma sessão, ainda que esta referência de tempo pudesse sofrer ajustes de acordo com as circunstâncias, mediante justificativa. O que não pode ocorrer é ficar exclusivamente a critério da direção, definir que área será contemplada nas prioridades das reuniões.

Todos sabemos que cada um de nós tem uma área de maior interesse, para a qual nossos olhos se voltam naturalmente. Da mesma forma, cada um de nós tem uma área de menor interesse, para a qual nossos olhos nunca se voltam, exceto se houver algum tipo de pressão externa. A escolha, portanto, do que é priorizado ou não em uma reunião não é uma questão de má-fé de quem decide preliminarmente a pauta, mas de, digamos, impulso natural.

Você poderá argumentar que um administrador deve avaliar racionalmente as diversas áreas e priorizá-las a partir de uma compreensão estratégica e não de preferência pessoal. Teoricamente concordo, mas na prática nem sempre funciona assim, especialmente em atividades religiosas.

Finalizando, penso que estamos no caminho certo. Há na diretoria da CBB e em seus executivos uma determinação especial para solucionar os problemas. Se conseguirmos traçar um bom planejamento tático, aliado a um bom planejamento operacional, estaremos nos aproximando das condições mínimas para investir mais tempo no planejamento estratégico em vez de ficar apagando fogo.

Reunião do Conselho Geral da CBB - Área teológica

A educação teológica ocupou mais tempo – uma manhã inteira – devido ao fato de estarem nesta área os únicos problemas de natureza financeira da Convenção. Somente o STBSB e STBNB estão apresentando Índice de Liquidez negativo.

Os seminários são, a meu ver, as áreas mais difíceis de serem administradas das organizações denominacionais, pelas seguintes razões:

1. Não contam com a ajuda das igrejas através de ofertas, exceto um percentual designado do Plano Cooperativo;

2. Seus executivos não contam com dia especial de oferta, nem têm a abertura, nas igrejas, que os executivos da área missionária, por exemplo, têm;

3. Não dispõem de receitas de venda de livros ou revistas;

4. Não contam com legislação que os proteja dos alunos inadimplentes;

5. Não contam com o empenho das igrejas, em termos de ética, junto aos alunos que elas enviam e que não cumprem com seus deveres;

6. Não podem fazer um trabalho agressivo de marketing;
7. Enfrentam uma concorrência predadora dentro da própria Convenção;
8. Funcionam em imensas propriedades e em prédios antigos cujos custos de manutenção são elevados;
9. Estão sempre no centro de discussões, por razões de natureza política, em função da diversidade de pensamentos teológicos e de expectativas dentro da CBB;
10. Não são - os seminários - devidamente valorizados por parcela significativa dos batistas que entendem que educação teológica é desnecessária;
11. Pela natureza de sua atividade, é um laboratório crítico, um espaço de reflexão. Isso faz com que a relação administrador, funcionários, professores e alunos torne-se uma tarefa desafiadora;
12. Não contam com noite especial nas assembléias anuais da CBB para sensibilizar lideranças.

Um GT administrando o STBSB e STBNB

Visando equacionar as finanças do STBNB e STBSB, o conselho elegeu um GT, formado pela diretoria + Pr. Fernando Brandão (JMN), Pr. Davidson (JMN), Pr. Sócrates (CG), irmãos Almir (Juerp) e Luis de Barros (JMM).

No meu não modesto ponto de vista, esse GT não poderia fazer mais do que os atuais dirigentes estão fazendo, pois o problema dos Seminários hoje não é de gestão, mas sistêmico. A gestão pode minimizar os efeitos predadores do sistema de educação teológica dos batistas brasileiros, mas não pode solucioná-lo, pois isso não depende da decisão isolada de uma pessoa, mas de coragem política da liderança, para adotar medidas de mudança radical no atual paradigma.

A vantagem que o GT tem sobre os atuais dirigentes é que a ele foi dado poderes que os atuais dirigentes não têm. Estou destacando isso porque como nossa cultura religiosa gira em torno de um salvador – Jesus – projetamos isso para nossas relações em geral. Assim, temos muita facilidade para eleger salvadores. Uma instituição está mal, então mudamos o técnico e, se ela melhorar, passamos rápida e irrefletidamente a louvá-lo. Sequer paramos para pensar nas diferentes condições que, nessas transições, são oferecidas aos que assumem.

É o caso do GT.

Creio, entretanto, que com os poderes dados ao GT, uma solução de curto prazo poderá ser dada. Essa solução será pelo caminho da transformação de patrimônio em dinheiro ou da transferência de dinheiro de outras áreas – sob a denominação de empréstimo – para os seminários. Como, entretanto, o problema é muito mais sistêmico do que de gestão, se apenas injetarmos dinheiro, estaremos empurrando o problema da explosão para frente.

Proposta para os seminários da CBB

O documento preparado pelo Comitê de Educação Teológica, cujo relator é o Pr. Ágabo Borges, apresentou parecer contendo 8 páginas, tratando dos seguintes pontos:

I. A importância e o papel dos Seminários da denominação;

II. Análise conjuntural da “crise” dos seminários administrados pela CBB

2.1. Modelo de difícil sustentabilidade;
2.2. Concorrência interna;
2.3. Deficiência na gestão, falta de qualificação;

III. Proposta de solução

3.1. Redefinir o conceito de “Seminário da denominação batista”
3.2. Definir a vocação dos seminários administrados pela CBB;
3.3. Determinar a adoção de um modelo de gestão sustentável
3.3.1. Valor mínimo operacional;
3.3.2. Gestão responsável;
3.3.3. Política de subsídios com capacitação de bolsas de estudo;
3.3.4. Reengenharia adminitrativa;

IV. Proposta de implementação da gestão da dívida

4.1. Levantar o endividamento;
4.2. Plano de liquidação;

V. Realizar gestão patrimonial com qualificação e destinação de uso

VI. Construir e aplicar um programa de marketing de relacionamento

Reunião do Conselho Geral da CBB - Área Missionária

Penso que seria muito importante a Comissão apresentar resumo numérico, indicando a origem dos novos missionários e os estados e países para onde estão sendo enviados. Melhor ainda seria termos tais dados do quadro atual dos missionários.

Tais informações nos ajudariam a perceber, primeiro, onde estão acontecendo vocações, para que pudéssemos analisar os fatores determinantes no maior número de vocacionados; segundo, onde estão os olhares dos que decidem para onde enviar missionários.

Os dados disponíveis no relatório possibilita dizermos:

1. Junta de Missões Mundiais = 7 nomeações

1.1. Origem dos Missionários
1.1.1. Convenção Batista Carioca = 4 (57%)
1.1.2. Convenção Batista Fluminense = 2 (28%)
1.1.3. Convenção Batista de Goiás = 1 (14%)

1.2. Destino dos missionários
1.2.1. América latina = 3 (42%)
1.2.2. África = 2 (28%)
1.2.3. Ásia = 2 (28%)


2. Junta de Missões Nacionais = 100 nomeações

2.1. Origem dos missionários – Dados indisponíveis
2.2. Destino dos missionários por regiões do Brasil
2.2.1. Sul = 11(%)
2.2.2. Sudeste = 33(%)
2.2.3. Centro-Oeste = 4( %)
2.2.4. Nordeste = (48%)
2.2.5. Norte = (4%)
A JMN informou também a relação de instituições sociais a ela ligadas, faltando apenas diferenciar as instituições que a ela pertencem, das que são com ela conveniadas.

Reunião do Conselho Geral da CBB - Assuntos Jurídicos

Gostei do trabalho da Comissão Jurídica. Seus pareceres, além de bem elaborados, trataram de assuntos bastante importantes para a gestão das instituições, como pode ser visto neste blog. Da mesma forma, uma diretriz foi adotada para a gestão da educação teológica que servirá como base para desdobramentos que poderão nos conduzir a novos momentos.

Ela deu parecer sobre os seguintes assuntos:
1. Relação da Convenção Batista Brasileira com o Colégio Shepard

2. Responsabilização de executivos por danos

3. Código de Ética

4. Regimento Interno da OPBB e concílio examinatórios de pastores

Em relação ao ponto 4, o Conselho reafirmou o já definido nos documentos da CBB e reiterou recomendação a OPBB que ajuste seu regimento interno de tal maneira que fique clara a soberania das igrejas locais no processo de consagração de seus pastores.
Quanto ao ponto 2 – responsabilização de executivos, transcrevo o documento na íntegra por ser do interesse direto de toda a denominação e por não haver nada que possa gerar comprometido ou dano ao funcionamento das instituições. Ei-lo:
1. “Diz o artigo 32 – parágrafo único – ‘Os executivos, presidentes e diretores das organizações executivas e auxiliares responderão pelos danos que derem causa, na forma da legislação vigente’ “.

1.1. Considerações
1.1.1. O Código Civil brasileiro assim define a responsabilidade dos diretores: Art. 50 – ‘ Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos adminitradores ou sócios da pessoa jurídica.’

1.1.2. Deve ser avaliado se as ações dos executivos foram tomadas com respaldo ou não de decisões de colegiados e suas instâncias superiores e se os mesmos aprovaram os seus relatórios. Neste caso a responsabilidade também é compartilhada pelos membros do colegiado.

1.1.3. Outra questão a ser considerada é o histórico das situações financeira e patrimonial das instituições ao tempo da posse ou admissão do executivo. Qual gestor deu origem às questões que hoje repercutem na situação financeira ou patrimonial? O executivo documentou esta situação? Foi apresentado relatório ao colegiado?

1.1.4. Houve de alguma forma a contribuição das instituições através dos seus colegiados para a existência dos problemas hoje presentes na administração das instituições, como omissão dos conselheiros, não atendimento às solicitações dos executivos ou qualqu8er outra ocorrência relatada por eles?

1.1.5. Cuidar sempre para não expor os executivos atribuindo a eles posturas que arranhem sua imagem ou de alguma forma venha causar-lhes prejuízos morais. Não provadas tais posturas estará aquele que acusar ou mesmo a instituição envolvida passiva de ações reparatórias de danos morais.

Reunião do Conselho Geral da CBB - A Carta de Aracaju

“Nós participantes do II encontro de Excelência em Gestão – Executivos Batistas do Brasil reunidos de 19 a 22 de maio de 2009 em Barra dos Coqueiros, Ilha de Santa Luzia – Sergipe, apreciamos e avaliamos o “Plano Cooperativo” da Convenção Batista Brasileira que competa 50 anos de existência e concluímos pela necessidade de uma revisão que tenha como consequência o aperfeiçoamento do modelo atual.
Concluímos pela necessidade de:

1. Redefinir e ampliar o conceito de “Plano Cooperativo” que supere o de mera ferramenta de arrecadação e distribuição de recursos financeiros.
2. Examinar os processos cruciais do Plano Cooperativo e estabelecer novos que otimizem significativamente a performance da Convenção Batista Brasileira e das convenções estaduais/regionais, à partir dos nosso valores como batistas, sobretudo da fidelidade.
3. Redefinir a marca “Plano Cooperativo” que englobe o novo conceito no horizonte de um PACTO COOPERATIVO.
Assim apresentamos as seguintes sugestões para apreciação pelo Conselho Geral da CBB visando a sua implementação a curto prazo:

1. Plano Cooperativo deve significar um PACTO COOPERATIVO e por isso deve englobar o esforço co-participativo de todas as igrejas batistas filiadas à CBB, as convenções estaduais/regionais e as associações com o fim da realização da obra de desenvolvimento de líderes (Educação teológica e ministerial), ensino (educação religiosa), missões(estaduais/regionais, nacionais e mundiais), comunicação, ação social e gestão estratégica.

2. A nova marca: “Pacto de co-participação denominacional” (PPD) ou outra similar.
3. O fortalecimento do princípio congregacional, que busca a unidade dentro do princípio democrático.
4. A formulação e implementação de um Plano Estratégico Global que envolva tosda a obra batista no Brasil (CBB, Convenções estaduais/regionais, Associações e demais organizações), contemplando inclusive o desenvolvimento de políticas de regionalização e plano de financiamento da obra batista.
5. Criação de um canal de ouvidoria ao qual serão encaminhadas sugestões e insatisfações.
6. Criação de um curso de “Gestão de Instituições Batistas” e “Empreendedorismo”.
7. Estudo regionalizado para a definição de um “Piso Mínimo de Sustento Ministerial”.
8. Que os conselhos fiscais estaduais examinem com maior rigor a não remessa do Plano Cooperativo e ofertas Missionárias para a CBB e que emitam pareceres solicitando providências dos respectivos conselhos ou convenções.
9. Recomendamos que haja integridade, fidelidade e pontualidade da parte dos executivos no envio da remessa para a CBB e demais organizações.”

Reunião do Conselho Geral da CBB - A Carta de Aracaju

“Nós participantes do II encontro de Excelência em Gestão – Executivos Batistas do Brasil reunidos de 19 a 22 de maio de 2009 em Barra dos Coqueiros, Ilha de Santa Luzia – Sergipe, apreciamos e avaliamos o “Plano Cooperativo” da Convenção Batista Brasileira que competa 50 anos de existência e concluímos pela necessidade de uma revisão que tenha como consequ~encia o aperfeiçoamento do modelo atual.
Concluímos pela necessidade de:

1. Redefinir e ampliar o conceito de “Plano Cooperativo” que supere o de mera ferramenta de arrecadação e distribuição de recursos financeiros.

2. Examinar os processos cruciais do Plano Cooperativo e estabelecer novos que otimizem significativamente a performance da Convenção Batista Brasileira e das convenções estaduais/regionais, à partir dos nosso valores como batistas, sobretudo da fidelidade.

3. Redefinir a marca “Plano Cooperativo” que englobe o novo conceito no horizonte de um PACTO COOPERATIVO.
Assim apresentamos as seguintes sugestões para apreciação pelo Conselho Geral da CBB visando a sua implementação a curto prazo:

1. Plano Cooperativo deve significar um PACTO COOPERATIVO e por isso deve englobar o esforço co-participativo de todas as igrejas batistas filiadas à CBB, as convenções estaduais/regionais e as associações com o fim da realização da obra de desenvolvimento de líderes (Educação teológica e ministerial), ensino (educação religiosa), missões(estaduais/regionais, nacionais e mundiais), comunicação, ação social e gestão estratégica.

2. A nova marca: “Pacto de co-participação denominacional” (PPD) ou outra similar.

3. O fortalecimento do princípio congregacional, que busca a unidade dentro do princípio democrático.

4. A formulação e implementação de um Plano Estratégico Global que envolva tosda a obra batista no Brasil (CBB, Convenções estaduais/regionais, Associações e demais organizações), contemplando inclusive o desenvolvimento de políticas de regionalização e plano de financiamento da obra batista.

5. Criação de um canal de ouvidoria ao qual serão encaminhadas sugestões e insatisfações.

6. Criação de um curso de “Gestão de Instituições Batistas” e “Empreendedorismo”.

7. Estudo regionalizado para a definição de um “Piso Mínimo de Sustento Ministerial”.
8. Que os conselhos fiscais estaduais examinem com maior rigor a não remessa do Plano Cooperativo e ofertas Missionárias para a CBB e que emitam pareceres solicitando providências dos respectivos conselhos ou convenções.

9. Recomendamos que haja integridade, fidelidade e pontualidade da parte dos executivos no envio da remessa para a CBB e demais organizações.”

domingo, 23 de agosto de 2009

Brincando com palavras


Paciência

Consciência da paz que silencia
Silêncio que exige harmonia
Ar que enche os pulmões e alivia

Via única pra vencer o dia-a-dia
Dia demorado que muita vez angustia
Ajustando o tempo à tirania

Tira a ansiedade da utopia
Piamente escrava da alegria

Alijando o grito que arrepia

Arrastada como letargia
Lentamente matando a agonia

Abafando o fogo que incendiaria

Incentivando a vida a ser poesia
Poedeira do advento de outro dia
Adiando o desejado sem fobia
Fomentando uma suave sinfonia

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Beatriz

Já é quase meia noite e aproveitei pra ouvir um pouco mais está música extraordinária de Edu Lobo e Chico Buarque.
Fiquei sensibilizado ao ouví-la hoje, no auditório de nossa Igreja, acompanhada por coreografia feita por uma deficiente física, numa cadeira de rodas.
Já em casa, ouvi diversas interpretações disponíveis e fiquei em dúvidas sobre qual colocaria aqui pois, seja pela voz dos intérpretes, seja pelo arranjo e acompanhamento instrumental, a escolha não é tão fácil.
Optei por Ana Carolina, talvez pelo violão e tom da voz.
Se você tiver um tempinho, relaxa e ouça.

Olha

Será que ela é moça

Será que ela é triste

Será que é o contrário

Será que é pintura

O rosto da atriz

Se ela dança no sétimo céu

Se ela acredita que é outro país

E se ela só decora o seu papel

E se eu pudesse entrar na sua vida


Olha

Será que ela é de louça

Será que é de éter

Será que é loucura

Será que é cenário

A casa da atriz

Se ela mora num arranha-céu

E se as paredes são feitas de giz

E se ela chora num quarto de hotel

E se eu pudesse entrar na sua vida

Sim, me leva pra sempre, Beatriz

Me ensina a não andar com os pés no chão

Para sempre é sempre por um triz

Aí, diz quantos desastres tem na minha mão

Diz se é perigoso a gente ser feliz


Olha

Será que é uma estrela

Será que é mentira

Será que é comédia

Será que é divina

A vida da atriz

Se ela um dia despencar do céu

E se os pagantes exigirem bis

E se o arcanjo passar o chapéu

E se eu pudesse entrar na sua vida

..........

Atendendo consideração, segue interpretação alternativa com Milton Nascimento.

Transformando a missão

INFORMAÇÕES
Fones:(71) 3247 3285 Falar com "Juci"
Inscrição: R$ 40,00
Hospedagem econômica no local (cada pessoa traz colchonete) em salas com ar-condicionado: R$ 20,00 (duas noites)
Alimentação na econômica: Almoço e jantar = R$ 8,00 cada. Café da manhã: R$ 5,00 



                                  
Para ampliar a imagem, click sobre o cartaz
 Para mais informações visite:  http://www.transformandoamissao.com.br/
  ou comunique-se através de:

sábado, 15 de agosto de 2009

Healing Grace

Senhor, Santo Senhor

Que tirou o desespero e
pôs prazer em seu lugar

Senhor, santo Senhor

Sou grato por sua graça

Sua graça mudou meu viver

De muitas maneiras


Quando pensei chegar ao fim

Você esperava lá por mim

Posso ver que há coisas boas

Que só a dor pode trazer


Senhor, Santo Senhor

Que tirou o desespero e pôs prazer em seu lugar

Senhor, santo Senhor

Sou grato por sua graça

Sua graça mudou meu viver

De muitas maneiras

Avançando pro futuro

o trabalho vou fazendo

Sabendo que estou perdoado

E aceito por você.

Senhor, santo Senhor

Agradeço por sua graça

Apresentação dos textos sobre Cristo

A construção do conhecimento é resultado do confronto entre as informações que recebemos e os referenciais culturais introjetados em nós desde o nosso nascimento. Assim, as palavras que escrevemos podem suscitar diferentes imagens e sentimentos em cada pessoa, de acordo com o tipo de cultura na qual se desenvolveu. Não há como prever, com precisão, os efeitos que nossas palavras causarão nos leitores. Por isso, pela diversidade cultural que nossas igrejas representam, escrever os comentários das lições que seguem representou um grande desafio para a minha vida.

Certamente, para uns os comentários que seguem ficarão aquém e para outros além da expectativa. Meu desejo é que, para uns e para outros, eles possam servir de ponto de partida para discussões que os ajudem a refazer ou aprofundar seus conceitos em torno da Palavra de Deus e, assim, sejam os discípulos que Jesus almejou na grande comissão.

Nossas crenças não surgem do dia para a noite. Elas são resultado das mais diversas influências as quais somos submetidos ao longo de nossa existência e são continuamente elaboradas se mantivermos o senso crítico e a interação com a realidade em atividade. Assim crendo, afirmo que os comentários feitos são fruto de convicções pessoais, influenciados por conceitos e exemplos a que, durante mais de quatro décadas, tenho sido submetido através de meus pais, irmãos, esposa e filhos; da Igreja Batista de Garça(SP), onde passei metade da minha vida e das igrejas em que atuei como seminarista ou pastor; das escolas nas quais estudei, com destaque para o centenário Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil e Universidade Federal de Pernambuco; das leituras realizadas e diálogos travados, enfim, dos diversos meios de construção cultural.

Interpretar é tentar entender significados que variam de lugar para lugar, de pessoa para pessoa. Por isso, uma boa interpretação bíblica depende de afinidade entre os referenciais que estão em nossas mentes e os que, provavelmente, estavam na mente dos escritores. Meu desejo é que, sob a iluminação do Espírito Santo, os comentários feitos sirvam de facilitação à compreensão dos ensinos da palavra de Deus, a fim de que a sua vontade prevaleça em nossas vidas.

Agradeço a Igreja Batista Emanuel em Boa Viagem*, Recife, por reconhecer que este trabalho faz parte do compromisso denominacional que pastor e igreja têm.


* 2º período de ministério nesta igreja, entre 1999 e 2003

Fatos que marcaram o nascimento de Jesus

Textos:
Texto bíblico: Mateus 1 e 2
Texto áureo: 1.21

Comentários da lição:

Salvação é a recuperação do relacionamento do homem com Deus. Ela se inicia no aqui e no agora e encontrará a plenitude de sua manifestação no além, quando estivermos com Cristo em sua glória.

Todos necessitam da salvação. A natureza do ser humano sente falta de um relacionamento com Deus. Ainda que não queiram admitir e mesmo sem ter clareza do que lhes falta, é natural às pessoas, a tentativa de algum tipo de relacionamento com o transcendental. "Viemos de Deus e nossa alma não descansa enquanto não voltarmos para Ele". Por isso o ser humano é essencialmente religioso e, a seu modo, desenvolve atitudes e ações místicas.

A revelação bíblica nos mostra que, conquanto Deus não esteja longe de cada um de nós, vivemos em busca dele, tateando, tentando encontrá-lo (At. 16). Mostra-nos também que Deus tomou a iniciativa de resolver este problema, enviando Jesus Cristo, em quem essa busca tem fim, quando o ser humano confia nEle, como Senhor e Salvador.

O plano de salvação para possibilitar ao homem reencontrar-se com Deus, teve início no Éden, no dia em que a humanidade, representada pelo primeiro casal, decidiu seguir seu próprio rumo, desprezando a orientação divina. Desde então, Deus planejou vir ao mundo, na pessoa de Jesus Cristo, para trazer salvação. Para isso, desenvolveu um plano que incluía a formação de um povo, através do qual o Salvador nasceria, se desenvolveria e cumpriria sua missão.

Mateus 1.1.17 - O registro genealógico

O envio de um salvador, segundo a revelação bíblica, foi planejado por Deus desde a queda do homem, no Jardim do Éden. No decorrer dos séculos, muitas profecias foram proclamadas, indicando sinais que serviriam de referência para a identificação do Salvador. Dessa forma, o registro genealógico do nascimento de Jesus não apenas dá a ele um caráter histórico, estabelecendo uma linha de relacionamento entre Jesus e Abraão, o "fundador" do povo judeu, mostrando a coerência do plano de Deus, mas também, confirma, historicamente, o cumprimento das profecias a respeito do Salvador.

Por isso, o cumprimento das profecias da trajetória do Messias, seja quanto a linhagem, seja quanto às cidades onde viveria, são evidências da credibilidade histórica e espiritual das narrativas bíblicas em torno do Salvador.

Mateus 1.18-25 O significado do nascimento virginal

Durante muito tempo, a ênfase no nascimento miraculoso de Jesus, isto é, um nascimento que não foi resultado de um relacionamento sexual entre José e Maria, era uma forma sutil de fundamentar, ideologicamente, a crença moral dominante em torno da sexualidade humana que ensinava que o ato sexual, por ser um relacionamento "na carne", se opunha à espiritualidade, prejudicando-a.
Tal compreensão fortaleceu, durante séculos, a vergonha cultural desenvolvida em torno da sexualidade humana.
Uma das razões, inclusive, da defesa da Igreja Católica, da perpetuidade virginal de Maria, mesmo após o nascimento de Jesus, bem como a conseqüente negação de que ela tivera outros filhos, tem como fundo histórico uma concepção moral equivocada da sexualidade humana.

Entretanto, tal concepção medieval, repressora da sexualidade, não deve dar lugar a uma postura oposta, de liberação, pois os extremos são igualmente doentios. A compreensão bíblica é a de que a sexualidade humana é boa mas, como tudo na vida, pode se tornar nociva se o seu exercício desconsiderar os valores éticos do Reino.

O nascimento miraculoso de Jesus tem se tornado mais fácil de ser aceito, na medida em que a própria humanidade já tem desenvolvido formas de reprodução que não dependem de relacionamento sexual. Porém, é preciso que fique claro que a aceitação do nascimento miraculoso de Jesus é uma questão de fé e não uma questão de racionalização científica, até porque a razão, por ser uma ferramenta da alma, não é capaz de explicar os mistérios da própria alma e, muito menos, do mundo espiritual.
O nascimento miraculoso de Jesus, portanto, não deve ser entendido como negação, por parte de Deus, da sexualidade humana mas como forma de manifestação da natureza divino-humana do Salvador.

Mateus 2.1-12 Os magos e a universalidade da salvação

Acredita-se que os magos eram astrólogos, gentios, e que a citação deles na narrativa do nascimento do Salvador tinha por objetivo proclamar aos judeus a universalidade da salvação trazida por Jesus. Essa mensagem era importante, considerando-se o sentimento exclusivista nutrido pelos judeus e o conseqüente preconceito alimentado contra os gentios. Um dos difíceis desafios, portanto, da igreja iniciante era superar o preconceito judaico.

A força do impacto do nascimento de Jesus sobre os magos pode ser identificada não apenas pela disposição manifesta por eles, de adorar, de presentear o Salvador, mas, sobretudo, de não se submeterem ao plano de Herodes. Eles não apenas abriram mão das benesses do poder mas também colocaram em risco suas próprias vidas, desobedecendo as ordens do Rei.

Mateus 1.16-18 Herodes e a luta pelo poder

Herodes, diferentemente dos magos, alarmou-se diante do risco de perder o poder; buscou ajuda dos líderes religiosos e dos magos para descobrir onde nasceria o tal Salvador e montou um plano traiçoeiro, dizendo que também queria adorar o Cristo. Frustrado em seu plano, sua máscara caiu e ele revelou quem de fato era ao decidir matar todas as crianças de Belém.

Essa cultura de eliminar aqueles que nos ameaçam faz parte da história da humanidade e ainda não foi superada, apesar dos avanços científico-tecnológicos. A cultura da violência está tão profundamente introjetada na mente humana que o espírito humano se mantém permanentemente armado contra qualquer tipo de ameaça. O ser humano ainda não aprendeu o caminho do diálogo na solução de suas diferenças. Eliminar o outro é o meio mais primitivo, ainda em uso, na resolução de problemas interpessoais.

Mateus 1.19-23 Nazaré e a visão ministerial de Jesus

A cidade de Nazaré desenvolvia uma cultura mais próxima da vida gentílica, por ser rota de acesso ao Egito. Ela nunca foi citada no Velho Testamento. Talvez por isso, tenha sido motivo de preconceituoso desprezo (Jo. 1.46).
A ida de Jesus para Nazaré certamente foi importante para o fortalecimento de sua visão ministerial e quem sabe, para o desenvolvimento de sua filosofia de vida simples. A simplicidade era a marca de Jesus. Ele andava com gente simples; vivia de modo simples; ensinava usando exemplos simples e desafiava seus discípulos a serem simples (Mt. 10.16).
Hoje, a existência de milhões de pessoas que vivem numa terrível pobreza e de tantas outras que precisam ouvir do evangelho, são um desafio a cada cristão no sentido de cultivar a simplicidade no viver.

Viver a simplicidade , portanto, significa considerar a situação do outro na administração dos recursos disponíveis, evitando que o uso frívolo desses recursos, afronte a sua dignidade humana.

A LIÇÃO EM FOCO

1. Preconceito significa a formulação de conceitos sem o devido aprofundamento no estudo de determinado tema. São nossos conceitos, ainda que não sistematizado conscientemente, que determinam nossas posturas em relação aos fatos da vida. Um conceito mal formulado, isto é, um preconceito, pode causar males profundo em nossa própria vida e na vida das pessoas que nos cercam.
Talvez os moradores de Nazaré sofressem tanto pelo preconceito quanto muitos sofrem hoje, pela religião que professam, pela região onde nasceram, pela cor de sua pele ou por sua condição econômico-financeira, por exemplo.
O fato é que devemos investir no estudo aprofundado das realidades que nos cercam, a fim de que nossas palavras e ações não sejam preconceituosas.

2. A cultura da violência tem acompanhado a humanidade desde o seu início. Caim usou a alternativa da violência como meio de solucionar um problema, da mesma forma que Herodes usou da violenta eliminação de crianças para não correr o risco de perder suas funções. A mente humana está armada e, portanto, pronta para agredir e eliminar, se preciso for, aqueles que representam ameaça para seus interesses.
Porém, como pessoas comprometidas com os valores do Reino de Deus, devemos não somente superar a cultura da violência mas lutar pelo estabelecimento da cultura da paz. O diálogo, visando encontrar caminhos que atendam o bem estar das partes deve prevalecer sobre o uso da força bruta que contraria o projeto de Deus.

Cristo se prepara para sua missão

Textos:
Texto Bíblico: Mateus 3 e 4
Texto áureo: Mateus 3.16-17

Comentários da lição:

A missão de Jesus de resgatar o ser humano das garras do pecado, possibilitando uma reconciliação com Deus era desafiadora. Ela envolveria o confronto diário com dolorosas situações vividas pelas pessoas nos planos espiritual, emocional, físico, ético-moral e social; envolveria também o confronto com estruturas mentais e sociais rígidas, muitas vezes com aparência de piedade, porém, co-responsáveis pelo domínio do pecado na vida humana. Por isso, o preparo do plano de resgate precisava ser adequado.

O preparo é fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento. A qualidade do resultado obtido naquilo que realizamos é diretamente proporcional ao investimento feito na fase de preparação. No projeto de Deus para a salvação da humanidade percebemos o preparo como marca diferencial. Ele preparou um povo durante séculos, usou João Batista para os retoques finais e, até mesmo o Cristo foi testado, ao ser tentado por Satanás, a fim de cumprir a missão a Ele reservada.

O preparo de Cristo para o desenvolvimento ministerial não se deu apenas antes de iniciar seu trabalho. Na verdade, percebemos nas Escrituras que Jesus se preparava continuamente, no processo de desenvolvimento de sua missão. Diariamente, Ele se preparava para realizar sua missão, através de momentos a sós com Deus, uma vez que a batalha principal de Jesus se dava no campo espiritual.
Cada crente deve ter consciência de que, a decisão ao lado de Cristo, o batismo, o fato de tornar-se membro da igreja, não significa que o processo de preparo para os desafios da vida esteja concluído. Os desafios são diários e, por isso, diário deve ser o investimento no preparo.

Mateus 3.1-12 João Batista e a missão de Jesus

João, o Batista, teve um papel especial na história do cristianismo. O registro de sua atuação nos oferece muito pouco sobre sua vida pregressa. Sabemos que seu papel era de preparar o povo para a chegada do Messias (Lc. 1.17; Mt. 3.3) e que esse papel foi devidamente cumprido.

Havia no coração de João, não somente a clareza de sua missão mas também disposição e disponibilidade para cumpri-la. E por saber claramente qual era a sua missão, limitava-se a exercê-la com humildade e espírito de serviço ao Senhor

A participação de João Batista no processo de preparação do caminho é um exemplo do ensino posterior de Paulo em que diz: "somos cooperadores de Deus"(I cor. 3.9).
Indica também que nenhum obreiro deve querer para si os méritos do resultado, uma vez que, um planta, outro molha mas é Deus quem dá o crescimento (I Cor. 3.6).
Nos ensina finalmente que, na obra do Senhor, não devemos priorizar a obtenção de resultados imediatos; antes, devemos fazer a obra de acordo com os ensinos da Palavra de Deus, deixando os resultados nas mãos daquele que planejou a obra.
João viu muito pouco, do resultado do trabalho que preparou, pois sua vida foi ceifada. Porém, ao saber que Jesus estava atraindo muitos seguidores, em vez de reagir negativamente, ficou feliz pois era isso que desejava. O resultado do trabalho de João tinha por objetivo levar pessoas a glorificar a Jesus e não a si mesmo. A consciência disso fez com que ele se alegrasse ao saber que Jesus estava sendo procurado, diferentemente da reação dos discípulos.



Mateus 3.7-12 Os fariseus e a pregação de João Batista

Os Fariseus e Saduceus faziam parte da classe religiosamente dominante. Nem todos os participantes dessa classe eram pessoas hipócritas. Como em toda classe social, no caso deles também havia aqueles que atuavam por convicção e aqueles que ocupavam postos por conveniência; aqueles que eram sinceros em suas crenças e aqueles que eram maliciosos; aqueles que descansavam em suas crenças e aqueles que continuavam sua busca espiritual.

Nicodemos(Jo. 3.1) e Gamaliel(At. 5.34) são exemplos de fariseus que passaram para a história com uma boa imagem. Na condição de grupo religioso dominante, fariseus e saduceus ditavam os conceitos e comportamentos seguidos pela maioria dos judeus. Seu poder de influência, portanto, sobre o povo era inquestionável. A imagem, porém, que o grupo passava não era das melhores. Para João era "raça de víboras"(Mt. 3.7), pessoas de natureza má que sabiam fugir de situações ameaçadoras.

Mateus 3.13-17 Jesus e o significado do batismo


Por que Jesus se submeteu ao batismo se não era pecador e, portanto, do ponto de vista da salvação, não precisava ser batizado? Qual era o significado do seu batismo? Algumas respostas tem sido oferecidas. Segundo Willam Barclay (Mateo I, Ediciones la aurora, 1973, Argentina) o batismo serviu de sinal para Jesus de que o momento de iniciar seu trabalho era aquele. Portanto, foi o marco inicial da sua trajetória ministerial.
Além disso, ao se batizar, estava se identificando com um movimento social profundo de busca do homem por Deus. Barclay diz que, o significado do batismo dado por João, nunca havia ocorrido na história de Israel. Diz ainda que, ao se batizar, Jesus estava se identificando com os homens a quem viera salvar. O fato é que, ao se batizar, Jesus autenticou a pregação de João e, a exemplo da cerimônia do lava-pés(Jo. 13.5), dá um exemplo de humildade e obediência.

Para alguns, o simples fato de ser batizado no formato de imersão representa superioridade espiritual. Porém, o significado é muito mais importante do que a forma. Alguém sem batismo, mas com Jesus, salvar-se-á(Lc. 23.40-43) enquanto alguém batizado, sem Jesus, perder-se-á.

Mateus 4.1-11 A tentação como prova de preparo para a missão

O teste pelo qual Jesus deveria passar fazia parte dos planos de Deus. Tanto é assim que foi o próprio Espírito quem o encaminhou ao deserto para ser tentando (testado) pelo diabo (Mt. 4.1). O fato de ter sido encaminhado pelo Espírito não deve nos espantar pois este não é o primeiro registro bíblico que apresenta o Diabo a serviço de Deus. O caso de Jó, cujo teste de fidelidade foi executado pelo Diabo, sob a permissão de Deus, é outro exemplo(Jó 1.7-12).
Se nas narrativas bíblicas não é difícil perceber o propósito da tentação, em nosso dia-a-dia nem sempre é possível precisar se estamos sendo provados por Deus ou simplesmente tentados pelo Diabo. Sabemos que Deus nos prova; que o Diabo nos tenta, através de nossos próprios desejos (Tiago 1.13) e que a provação visa o fortalecimento da nossa vida e a tentação, a destruição. O fato porém é que podemos ser vitoriosos, seja a experiência compreendida como tentação ou como provação(I Cor. 10.13).


Mateus 4.12-25 A sabedoria de Jesus no cumprimento da missão

Jesus, por ter clareza de sua missão, não insistiu em permanecer onde João atuou, nem se preocupou em solucionar a situação na qual João estava envolvido. Antes, seguiu para Cafarnaum, e sua chegada àquela localidade representou a chegada da luz para um povo que vivia em trevas (Mt. 4.16). Sua mensagem inicial era semelhante a de João, anunciando a necessidade de arrependimento e a chegada do Reino de Deus. Ao mesmo tempo Ele inicia o recrutamento daqueles que atuariam com Ele na missão de "pescar vidas".

A pregação de Jesus acontecia nas sinagogas, num claro indicativo de que Jesus pretendia desenvolver seu ministério a partir da realidade das pessoas. Não se tratava de uma afronta à religião estabelecida mas do sábio aproveitamento de oportunidade. Além de pregar, seu ministério ia sendo autenticado por sinais extraordinários de cura e libertação; sua fama corria entre o povo e multidões começavam a seguí-lo.



A LIÇÃO EM FOCO

1. Há um aumento profundo de cristãos buscando estar sob a luz dos holofotes. Crescem tanto em marketing que ofuscam a pessoa de Jesus; crescem tanto em poder que inutilizam o poder de Jesus; aumentam tanto seus bens patrimoniais que anulam os desafios de Jesus.
É natural que um trabalho seja visto e é inevitável que aqueles que o fazem sejam reconhecidos e elogiados. Porém, quem faz o serviço do senhor deve ter tal clareza de que, primeiro, não faz a obra esperando reconhecimento para si; segundo, aprende a lidar com o reconhecimento humano, sem se deixar dominar por ele; terceiro, trabalha no sentido de fazer com que o nome de Jesus seja sempre glorificado.

2. Da tentação de Jesus, percebemos que o adversário atua em três áreas de fragilidade: no campo das necessidades físicas (Mt. 4.2-4); no campo do poder (Mt. 4. 5-7) e no campo do prestígio (Mt. 4.8-10). Devemos refletir e trabalhar nossos sentimentos nessas áreas a fim de não sermos dominados pelo pecado.
A tentação de Jesus não foi um fato exterior e sim, um fato subjetivo, que aconteceu em seu coração. Uma evidência disso é que não havia na localidade qualquer montanha que permitisse a visão de todos os reinos do mundo. Além disso, o escritor aos Hebreus(4.15), afirma que Jesus, como nós, em tudo foi tentado, o que indica que as tentações vividas por Jesus foram semelhantes as que vivemos e, ainda que possam ser estimuladas por fatos exteriores, é no interior de cada um que a batalha se estabelece. Portanto, é trabalhando o nosso interior que poderemos ser vitoriosos.

As dimensões da mensagem de Cristo

Textos:
Texto bíblico: Mateus 5, 6 e 7
Texto áureo: 5.16

Comentários da lição:

O Sermão da Montanha é profundo em seu conteúdo ético. Através dele, Jesus questiona relacionamentos, atitudes, prioridades, religiosidade, enfim, questiona costumes e práticas do contexto em que desenvolvia seu ministério.

No Sermão, ele vai direto ao essencial dos elementos que devem nortear nossa conduta, mostrando que é fundamental diferenciarmos o essencial - o permanente, do acidental - o transitório. Aqueles que conseguem perceber a profundidade dos questionamentos de Jesus, neste Sermão, alcançam o sentido mais profundo da vida e se tornam mais graciosos em seu viver diário, portanto, menos legalistas e com maior senso de auto disciplina.

A compreensão do Sermão nos prepara para quebrar paradigmas impostos pela sociedade, inclusive pelas igrejas, que muitas vezes causam doenças, especialmente emocionais e afetivas, nos indivíduos; aprendemos a lidar de forma madura com os costumes estabelecidos e até mesmo a nos submetermos a eles, quando necessário. O mais importante, porém, é que passamos a pautar nossas práticas e pensamentos em valores eternos e a compreender melhor o ser humano, fatos que nos capacitam a viver e a conviver melhor.

Sendo o combate ao legalismo, uma das marcas do Sermão, concluímos que seu propósito não era estabelecer uma nova regra de vida, mais dura do que os dez mandamentos, para se alcançar o Reino de Deus. Seu objetivo era mostrar que o ideal de Deus para a vida humana era muito mais elevado do que a proposta legalista apresentada pela elite religiosa de então.
Demonstrando a falácia do legalismo farisaico, o Sermão acentua a impossibilidade do ser humano atingir os propósitos de Deus por si mesmos e, fortalece a necessidade do homem de depender da graça de Deus. Os ensinos do Sermão servem de parâmetro para pessoas que vivem debaixo da graça de Deus e que desejam uma vida melhor para si e para seus semelhantes e não como o caminho para a entrada no Reino de Deus.

Mateus. 5.1-12 - O sentido das bem-aventuranças

A vida é um emaranhado de áreas que interagem dinamicamente. Não é possível, na prática, dissociar por exemplo, o espiritual do material, o biológico do emocional, o social do político e assim por diante. O ser humano é multidimensional ou seja, é espiritual, é físico, é emocional, é social, é intelectual e assim por diante e essas divisões de áreas que fazemos só devem ser aceitas para fins didáticos, visando facilitar a compreensão do ser e a interação com a realidade que nos envolve.
Por isso, as bem-aventuranças não devem ser entendidas como uma mensagem que visa exclusivamente a dimensão espiritual do ser humano. Elas visam o ser humano como um todo e seu propósito é ensinar que o caminho da felicidade passa pelo equilíbrio de um conjunto de atitudes que devem ser cultivadas e não pela prática isolada de uma delas.
Em outras palavras, para que uma pessoa seja feliz não basta que seja saudável. por exemplo, fisicamente; se for doente afetivamente a felicidade não será sentida. Sendo o espiritual a dimensão mais profunda e duradoura da vida sua compreensão é essencial pois desencadeia uma atitude diferente em todas as demais áreas da vida, visando uma qualidade de vida melhor para todos.

Mateus. 5. 17-20 - O significado do cumprimento da lei

As palavras de Jesus, "até que tudo seja cumprido"(Mt. 5.18) é fundamental à compreensão do texto em pauta. Elas significam que, cumprido o seu propósito, a lei perderia sua função. Nesse sentido é que as palavras de Jesus devem ser compreendidas para que, por interpretações equivocadas, não transformemos em desgraça a graça manifesta em Cristo Jesus. A lei tinha um propósito claro nos planos de Deus. Ela serviria de "...aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados"(Gal. 3.24). Em Cristo a lei cumpre sua finalidade (Rom. 10.4). Logicamente, perder a função, a finalidade, não é o mesmo que perder o valor. Especialmente em seus aspectos éticos a lei divina continua valendo. Ela continua indicando que todos estamos debaixo do juízo divino (Rom. 3.19); que todos somos pecadores(Rom. 3.20; 7.7) e por isso precisamos depender da graça divina(Rom. 5.20).

Jesus nos estimula a não violarmos a lei (Mt. 5.19), isto é, a não desvirtuarmos seus propósitos. O cumprimento da lei, portanto, deve ser visto não como meio de alcançar a salvação, mas como conseqüência da compreensão dos propósitos de Deus.

O crente não se desespera diante da limitação humana e da impossibilidade de alcançar o exigido por lei, nem se sente perdido pois sua confiança está depositada na graça manifesta em Cristo. Por outro lado, o crente não sente prazer quando está fora da lei de Deus e muito menos usa a graça para viver em pecado. A graça é uma porta aberta, não para vivermos no pecado mas para nos libertarmos dele.

Mt. 5.21 - 7.23 A superioridade dos ensinos de Jesus

Um dos perigos que corremos em nossa ânsia de fazer a vontade de Deus é transformar os ensinos de Jesus em novas leis. Outro perigo é desprezarmos os ensinos bíblicos por valorizarmos mais as experiências místicas individuais do que os ensinos da Palavra de Deus, extraindo dela somente os textos que confirmam nossas experiências.
Não devemos nos esquecer de que os textos neo-testamentários visavam, num primeiro momento, responder questões de comunidades ou pessoas para as quais foram dirigidos. Mateus, por exemplo, visava responder aos problemas surgidos no seio da comunidade judaico-cristã. Somente alguns séculos depois os textos foram juntados, formando o Canon do Novo Testamento.
Assim sendo, auxiliados pelo Espirito Santo é que devemos buscar na Palavra de Deus, respostas para situações individuais experimentadas hoje.

Dos versos 21 a 48 do capítulo 5, Jesus faz uma comparação entre os ensinos de Moisés e seus próprios ensinos. Do capítulo 6.1 até 7.23, predomina um confronto entre os ensinos e práticas dos Fariseus e os ensinos de Jesus. Essa comparação era fundamental para uma comunidade que se desenvolveu sob a cultura do judaísmo, dominada naquele momento histórico pelas interpretações dos Fariseus e agora se deparava diante de uma nova realidade: o discipulado cristão. Fazer essa transição exigia uma nova compreensão do sentido da Palavra de Deus e esse foi o propósito de Mateus ao fazer tais registros.

Mt. 7.24-29 Os ensinos de Jesus como fundamentos da igreja

Ao registrar os ensinos de Jesus sobre os dois fundamentos, o propósito de Mateus foi enfatizar aos seus primeiros leitores, judeus, que o que deveria fundamentar suas vidas não deveria ser mais os ensinos dos líderes judaicos e sim os ensinos de Jesus. Os ensinos de Jesus são o fundamento que dá consistência à vida e não os ensinos dos Fariseus e demais líderes da religião estabelecida.

O ensino em si é importante ao indicar que a obediência prática às palavras de Jesus e não a postura de ouvinte é que demonstra que somos sábios. Nos ensina também que a vida construída sobre bases sólidas é a que coloca os ensinamentos de Jesus em primeiro lugar.



A lição em foco

1. Quando pensamos em ética, não estamos obviamente pensando em moral. A ética tem a ver com referenciais universais de conduta, como por exemplo, a justiça, a verdade, a liberdade, a solidariedade, enfim, enquanto a moral tem a ver com costumes de um lugar, num determinado tempo.
Os costumes devem ter como fundamento a ética mas nem sempre ocorre assim. Interesses econômicos, razões psicológicas ou místicas, disputas políticas, crenças mal fundamentadas por exemplo, podem determinar a implantação de um costume numa determinada comunidade. Um exemplo de costume, com base em crenças mal fundamentadas, é a proibição de mulheres cortarem os cabelos hoje, imposta por algumas denominações pentecostais. Os costumes devem ser preservados se justificados por valores éticos, no seu contexto histórico.

2. Diariamente somos confrontados por diversas doutrinas denominadas cristãs. Com o avanço da tecnologia e da velocidade da informação, podemos nos deparar literalmente a cada instante com "doutrinas cristãs", através do rádio, da televisão, da internet e da multiplicidade de literatura disponível. Não é difícil veicular material impresso e, portanto, qualquer indivíduo escreve e publica seus pensamentos.
Ninguém escreve ou publica algo sem qualquer interesse. Por isso, para não ser levado por caminhos tortuosos, cabe a cada um aprofundar seus conhecimentos em torno dos ensinos de Jesus e desenvolver a capacidade de discernir o que Jesus ensinou das interpretações que cada um pode dar.
Devemos saber que há editoras que publicam qualquer material religioso, por interesses estritamente financeiros e há aquelas que publicam materiais visando fortalecer uma forma de crença.
Portanto, toda publicação de pensamento, inclusive de interpretação bíblica visa, pelo menos, o "lucro" de formar opinião a respeito de determinados assuntos na sociedade. Somente o estudo sério, auxiliado pelo Espírito Santo de Deus, nos possibilita a fundamentar nossas vidas nos ensinos de Jesus, separando o trigo do joio.

Cristo concede plenitude de vida

Textos:
Texto bíblico: Mt. 8 e 9
Texto áureo: Mateus 9.7-38

Comentários da lição:

Jesus não veio para oprimir as pessoas, colocando sobre seus ombros fardos que não pudessem carregar; antes, veio para libertá-las de tudo que pudesse comprometer a qualidade de vida que Deus tem para suas criaturas.
Jesus não anunciou uma mensagem com efeitos restritos para o além, para a vida após a morte do corpo. Sua mensagem e suas ações atingiam em cheio as vidas das pessoas no tempo e espaço em que elas se encontravam. Em João 10.10, por exemplo, vemos ele próprio afirmar que o motivo de sua vinda foi para dar vida em abundância, isto é, uma espécie de vida extraordinária. Nessa direção são seus ensinos e ações: sempre em favor do bem-estar humano.

Mateus 8 e 9 - A relação entre discurso e prática

Nos capítulos 8 e 9 vemos ações de Jesus em favor da transformação de realidades que afligiam as pessoas; vemos também alguns diálogos com escribas ou com discípulos de João visando esclarecer alguns pontos de crença; vemos, finalmente, Jesus completando sua equipe de atuação e desafiando-a a estar atenta às necessidades do mundo.

Um dos característicos do ministério de Jesus é a articulação freqüente entre discurso e a prática. No discurso, a crença é esclarecida; na prática, a realidade vai sendo alterada, visando aproximá-la do desejado. A vida é um entrelaçado permanente de teoria e prática. Os ensinos de Jesus eram melhor compreendidos porque resultavam permanentemente em práticas a favor dos seres humanos.
A doutrina é a teoria que norteia a igreja. Conhecer as doutrinas é essencial à estabilidade da igreja. Ela é a espinha dorsal que dá sustentação e mantém a igreja firme. Quanto mais profunda for a nossa compreensão doutrinária, melhor será a qualidade dos resultados das nossas ações. Por isso, nosso investimento deve se dar não apenas em direção da prática mas também em direção da doutrina bíblica que a fundamenta.

Mateus 8.1-15 As curas no ministério de Jesus e dos discípulos

Há quem negue a possibilidade de curas divinas. Negar a possibilidade de cura divina, é negar o ministério de Jesus(Mt. 14.35; Mc. 1.34; 6.56; Lc. 5.15;13.12). Negar o reconhecimento bíblico do ministério da cura, é desconhecer o ensino de Jesus e dos apóstolos (Mt. 10.1,8; Mc. 16.18; I Cor. 12. 9; Tg. 5.14) . Porém, a forma como o assunto tem sido tratado também tem sido uma negação do ensino bíblico.

Ter o dom de curar não significa que se tem poder sobre as enfermidades. Se assim fosse as pessoas com esse dom curariam todos os doentes.
O mesmo Paulo, por exemplo, que curou alguns enfermos de forma extraordinária, também recomendou a cura por meios conhecidos em sua época ("Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades" - I Tim. 5.23) e até conviveu com crentes doentes ("Erasto ficou em Corinto; a Trófimo deixei doente em Mileto" - II Tim. 4.20).
Os mesmos discípulos que receberam poder para curar, nem sempre curaram( "Eu o trouxe aos teus discípulos, e não o puderam curar" - Mt. 17. 16).
Portanto, ter o dom de curar significa fazer da solidariedade e da oração pelos doentes um ministério, sem sensacionalismo, consciente de que, neste caso, a cura é fruto da soberania, propósito e compaixão divinos e não do poder humano(Jo. 11. 4; Fil. 2.26,27). E Deus é livre para agir através dos meios que deseja (Jo. 5. 4) ou, simplesmente, não agir. Ele tem autoridade para curar e para não curar.

Mateus 8.18-22 - A mensagem desafiadora de Jesus

Dois homens se apresentam para seguir a Jesus. O primeiro é um escriba. A resposta de Jesus indica claramente sua maneira de apresentar a mensagem: ele não apresentava facilidades para seus ouvintes, visando aumentar a quantidade de seguidores. Ele levava seus ouvintes a medirem as consequências da decisão. Uma das consequências seria não colocar o material como prioridade na vida. A missão de Jesus era de um peregrino que, por isso, não se preocupava em ter residência fixa.
No segundo caso, trata-se de um discípulo, isto é, alguém que já acompanhava Jesus e conhecia seus ensinos. A resposta de Jesus parece pouco afetiva ao não atender o pedido do jovem. Porém, sabemos que Jesus se preocupava com os pais, tanto é assim que criticou os Fariseus por justificarem sua indisposição de ajudar os pais, sob pretexto de darem ofertas (Mc. 7.11). Sendo assim, a compreensão que temos nesse caso é que o discípulo estava mascarando sua indisposição e usando o cuidado com o pai, como forma de resistência para não continuar seguindo a Jesus, como ocorreu com Judas, ao manifestar preocupação com os pobres quando, na verdade, estava interessado no dinheiro (Jo. 12.6).

Mateus 8.34-9.3 - Reações negativas à mensagem de Jesus

O ministério de Jesus também se caracterizou por adversidades. No texto de referência, percebemos duas situações dessa natureza. Na primeira, uma cidade inteira dispensou a presença de Jesus pelo fato de ter permitido que os demônios se alojassem em porcos que se precipitaram num despenhadeiro, para libertar duas pessoas do domínio demoníaco. Os interesses econômico-financeiros eram mais importantes para os moradores daquela cidade, do que a libertação de dois seres humanos, criados a imagem e semelhança de Deus.

No segundo caso, encontramos Jesus sendo censurado pelos escribas pelo fato de ter perdoado os pecados dum paralítico. Sofrer censura foi uma das experiências mais comuns de Jesus. O problema dos escribas é comum em todas as épocas e lugares. Sempre que uma religião estabelecida confronta seus conceitos com novos paradigmas, sua primeira reação é censurar o responsável por tais alterações. Jesus, no caso, para provar que não estava blasfemando, curou o paralítico, calando os que o censuravam.
Nossas pregações precisam ser atestadas por ações de amor em favor do próximo, a fim de que tenhamos mais autoridade e respeito no ministério que desenvolvemos.


A LIÇÃO EM FOCO

1. Nossa prática é a nossa teoria. Não há prática que não esteja fundamentada numa teoria, ainda que o indivíduo que a pratique não tenha consciência dela. Se toda prática traz em si uma teoria, é melhor analisarmos nossas práticas e seus fundamentos do que viver irrefletidamente.
Na vida cristã não é diferente. Se é verdade que todos os cristãos afirmam que suas práticas são fundamentadas na Palavra de Deus, a Bíblia, é verdade também que, na maioria absoluta dos casos, o fundamento de nossas práticas cristãs é a interpretação que alguém deu à Palavra de Deus e não a nossa própria interpretação.
Certo colega de ministério afirmou que o Livre Exame das Escrituras, defendido na Reforma Protestante, significa livre acesso à Bíblia e não liberdade para interpretação. Esta, conquanto não tenha sido a tese dos reformadores, tem sido a prática de muitas igrejas: os membros podem ter acesso ao Livro Sagrado mas a interpretação é de responsabilidade de alguns que estudaram teologia.
Não estimulando a competência dos crentes, na arte de interpretar a Palavra de Deus, cabe aos líderes interpretar os textos e, às pessoas, seguí-los. A maioria dos nossos líderes é formada de pessoas honestas que pregam um evangelho de libertação em Cristo. Mas há, inclusive no meio evangélico, muitos exploradores da boa fé que, quando encontram crentes despreparados, convence-os com facilidade a abandonarem suas igrejas e a seguirem práticas duvidosas.
Por isso, fortalecer o conhecimento teórico, as doutrinas que sustentam nossas ações, é tão importante quanto praticar o evangelho. Se teoria e prática andarem juntas, certamente experimentaremos com mais profundidade a plenitude de vida que Cristo tem para nos oferecer.

2. Os efeitos da mensagem do evangelho sobre a realidade econômica ficou claro na experiência de Jesus. Nas experiências de Paulo, em pelo menos duas situações, esse fato também ocorreu (Atos 16.16-19; 19.23-29). Tanto na experiência de Jesus quanto nas de Paulo, os interesses do indivíduo e os interesses econômicos entraram em conflito. Em ambos os casos, os interesses individuais prevaleceram, tanto na decisão de Jesus quanto na de Paulo.
Tais experiências nos levam a crer que, se nossa mensagem em prol da plenitude de vida humana não está incomodando os sistemas estabelecidos, ou os sistemas estão funcionando plenamente de acordo com a mensagem de Deus ou nossas mensagens não estão sendo compatíveis com a mensagem evangélica.

3. Implementar uma nova qualidade de vida, seja num indivíduo ou num grupo social, não é tarefa fácil. Aqueles que se propõem a levantar a bandeira de Jesus Cristo como caminho para a plenitude de vida, hão de se confrontar com os sistemas estabelecidos, especialmente o religioso e o econômico. Por isso, é fundamental que cada pessoa que se dispõe a viver e anunciar uma nova vida em Cristo, procure munir-se da graça de Deus para enfrentar as batalhas que certamente terão diante de si.

A missão dos seguidores de Cristo

Textos:
Texto bíblico: Mateus 10 e 11
Texto áureo - Mateus 11.27

Comentários da lição:
Cristo nos chama não apenas para recebermos uma salvação escatológica, isto é, uma salvação que tem a ver somente com a vida futura, no céu, mas para uma salvação que começa no momento em que o recebemos como Senhor e Salvador. Ele nos chama não para ficarmos dentro do templo, aguardando a morte chegar para estarmos com ele na glória, mas para participarmos do desafio contínuo de fazer brilhar, no dia-a-dia, os efeitos da salvação, em nossa própria vida, na vida das pessoas que nos cercam e nas estruturas naturais e sociais em que a vida se desenvolve.
A salvação futura é uma continuidade, é o ápice da salvação que teve início quando fomos alcançados por Jesus e não a razão suprema da nossa fé. Essa compreensão é determinante na definição da nossa missão. Cabe a cada um, descobrir os melhores meios de cumprir a missão de anunciar e manifestar o amor de Deus ao mundo.


Mateus 10.1-42 - Chamada e capacitação dos doze para a Missão

Jesus contava com um grupo especial de 12 discípulos. Esse número, certamente não tem significado místico; trata-se apenas do uso de um referencial cultural, relacionado às doze tribos de Israel.

Jesus capacitou os doze para uma missão específica, apontando-lhes referenciais de procedimento diante das situações que enfrentariam. Dividimos tais referenciais em cinco grupos:

1. Referenciais espirituais
1.1. Anuncio da chegada do Reino de Deus(7)
1.2. Anuncio da paz sobre as casas dignas e retirada da paz das indignas(13)
1.3. Confiança na presença do Espírito Santo(19-20)
1.4. Convicção de que a verdade prevaleceria (26)
1.5. Confiança plena em Deus(29-33)

2. Referenciais sobrenaturais
2.1. Poder sobre espíritos imundos(1)
2.2. Poder para expulsar demônios, curar doenças e enfermidades e ressuscitar mortos(8)

3. Referenciais sobre abnegação
3.1. Agir de graça(8)
3.2. Não levar consigo ouro, prata ou cobre(9,10)
3.3. Levar somente a roupa do corpo(10)
3.4. Estar cientes de que seriam perseguidos(22)
3.5. Estar cientes de que seriam agredidos verbalmente(25)
3.6. Agir com coragem(26. 28)
3.7. Estar cientes de que seriam traídos por parentes (36)
3.8. Colocar o amor a Deus acima de tudo(37-39)

4. Referenciais de natureza política
4.1. Não ir aos gentios nem aos Samaritanos(5)
4.2. Priorizar as ovelhas de Israel(6)
4.3. Ter consciência de que o salário é digno de ser recebido(10)
4.4. Hospedar-se em casas de pessoas dignas(11)
4.5. Não brigar com os que não receberem a palavra; apenas sacudir o pó daquele lugar(14)
4.6. Ser prudente como as serpentes e simples como as pombas(16)
4.7. Ter cautela com os homens pois eles os entregariam para serem julgados e açoitados(17)
4.8. Ter consciência de que não deveriam ser maiores do que o mestre mas iguais a ele(24,25)
4.9. Tornar pública a mensagem de Jesus(27)
4.10. Não colocar a paz como valor absoluto(34-35)

5. Referenciais sobre recompensa
5.1. Para os discípulos (22)
5.2. Para os hospedeiros(40-42)


Mateus 11.1-19 - João Batista e Cristo: dois personagens e uma missão

João Batista estava preso e enviou seus discípulos para confirmarem se Jesus era, de fato, o enviado de Deus. A resposta de Jesus foi que eles testemunhassem a João, as obras que o viram realizar. Tais obras eram sinais indiscutíveis de que ele era o enviado de Deus. Eram obras que resgatavam a dignidade e o valor do ser humano, em suas múltiplas dimensões, coisas que somente um Deus encarnado poderia realizar.

João Batista reconhece a missão de Jesus e Jesus, por sua vez, reconhece perante às multidões, a missão de João, de preparar o caminho para o Salvador. Reconhece a grandeza de João e informa que a menor das pessoas, no Reino de Deus, seria maior do que ele.

As diferenças de postura entre João e Jesus eram evidentes. João era pouco sociável e preferia lugares desérticos enquanto Jesus vivia no meio das pessoas, especialmente das marginalizadas, festejando com elas(Mt. 11.19).

Mateus 11. 20-24 Cidades privilegiadas na Missão de Jesus

As cidades que receberam atenção especial de Jesus, onde ele, em pessoa, realizou a maior parte dos seus milagres, não se arrependeram de seus pecados. Diante da incredulidade delas, o tom de Jesus, diferente do estilo de João, era de tristeza mas o juízo de Deus estava declarado: Corazim, Betsaida e Cafarnaum foram consideradas piores do que Tiro, Sidom e Sodoma e a sentença que pesaria sobre aquelas seria pior do que a sentença destas que não contaram com a presença do Salvador, realizando milagres. Segundo Jesus, o arrependimento tomaria conta destas cidades, caso tivessem tido a oportunidade que Corazim, Betsaida e Cafarnaum tiveram.

Há segmentos do cristianismo que advogam a necessidade de milagres para que a pregação do evangelho seja autenticada como verdadeira e as pessoas se convertam. No texto em pauta, percebemos a falácia dessa tese.

A LIÇÃO EM FOCO

1. Missão tem a ver com a razão de ser da nossa existência. Durante muito tempo se pregou em nossas igrejas que evangelizar seria a nossa única missão. Essa compreensão refletia um período em que as igrejas batistas estavam se estabelecendo no país e nossos dirigentes - missionários norte-americanos - traziam consigo um profundo ardor missionário.
Hoje, sendo uma denominação amadurecida, continuamos crendo na evangelização como essencial na missão da igreja, porém, a missão envolve outros elementos como adoração, comunhão, edificação e atuação social. Esses quatro elementos e a evangelização, formam a razão da existência da igreja. A igreja que se qualifica para desenvolver bem essas dimensões, crescerá naturalmente.

2. João Batista e Jesus eram bem diferentes e o povo reconhecia isso(Mt. 11.18-19). Suas diferenças, porém, não foram vistas como motivo de disputas pessoais. Pelo contrário, ambos tinham clareza de seus papéis e cumpriram sua parte fazendo a vontade de Deus.
Da mesma forma hoje, a igreja de Jesus Cristo é formada por pessoas diferentes em todas as dimensões. Diferenças físicas, acadêmicas e econômicas são aceitas com certa naturalidade. A dificuldade é com as diferenças na forma de perceber a realidade - pensamentos - e, consequentemente, de se relacionar com ela - ações.
A cultura autoritária que durante séculos predominou entre nós determinou que todos deveriam pensar e agir uniformemente, diferentemente dos exemplos encontrados no Novo Testamento. Sendo Cristo o nosso Senhor, devemos viver em torno dele e, ainda que percebamos a realidade de forma diferente, podemos permanecer unidos em seu amor, realizando a sua obra.

3. O misticismo fundamentalista que tomou conta das igrejas nas últimas décadas, tem anunciado que a missão dada aos doze, naquele projeto especifico, deve ser estendida, em forma e conteúdo, a todos, em todas as épocas e em todos os lugares.
Confrontando a referida Missão com as tentativas de reprodução da mesma hoje, percebemos que seus adeptos se prendem quase que exclusivamente aos referenciais sobrenaturais, em detrimento dos demais.
Além disso, quando fazemos uma análise mais criteriosa desse projeto de Jesus para os doze, vemos que há alguns aspectos que não podem ser aplicados hoje. Um exemplo é a restrição aos gentios e samaritanos (V. 5) que contraria a universalidade da pregação(MT 28.19).
O que esse projeto de Jesus para os doze tem a ver com a nossa missão hoje? A missão que temos diante de nós é extremamente desafiadora e, por isso, muitos riscos estão presentes.
No Brasil, por exemplo, os avanços democráticos nas relações sociais impõem leis que impedem a discriminação enquanto no Afeganistão, as próprias leis são discriminatórias. O desafio, nesse caso, é ser sábio, sob a orientação do Espírito Santo de Deus, para agir em cada contexto da forma mais adequada.
Portanto, em relação ao texto em pauta, devemos refletir profundamente, no contexto em que foi produzido e, em vez de tentar reproduzi-lo literalmente, podemos extrair dele as lições aplicáveis à nossa missão hoje.

4. O que autentica nossa mensagem com sendo verdadeira? O que indica que somos filhos de Deus e não das trevas? Qual é a prova de que somos novas criaturas em Cristo?
Alguns defendem que a evidência de que somos verdadeiros missionários de Cristo são as manifestações de natureza mística. Segundo eles, a prova de que pertencem a Deus são os milagres que acontecem na igreja; acreditam que, através da realização de milagres as pessoas crerão em Deus.
Outros acreditam que a prova de que somos missionários de Cristo é a preservação de costumes culturais dos tempos em que o Novo Testamento foi escrito. Assim, estabelecem regras sobre tipos de roupa, cortes de cabelos, formas de saudação, enfim que devem caracterizar o "verdadeiro crente".
A Bíblia porém é muito clara: "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos"(I Jo 3.14). É o amor que deve autenticar nossa missão. Por isso, "todos as vossas obras sejam feitas em amor" (I Cor. 16.14). Se houver amor em nós, o mundo perceberá que Cristo faz a diferença e cumpriremos nossa missão.

Cristo e natureza do Reino de Deus

Textos:
Texto bíblico: Mateus 12 e 13
Texto Áureo - Mateus 13.23

Comentários da lição:
A expressão Reino de Deus e Reino dos Céus tem o mesmo significado. No evangelho de Mateus predomina o costume palestino de se evitar o uso do nome de Deus, daí a utilização da transcrição Céu. Segundo Leonhard Goppelt, "sob o ponto de vista histórico, a pregação do Batista se orientava na vinda do 'que há de vir'; a de Jesus, no entanto, se orientava na vinda de Deus, isto é, no seu domínio"(Teologia do Novo Testamento, Editora Sinodal, São Leopoldo, 1976).
Por isso, não encontraremos Jesus descrevendo o perfil físico do Reino dos Céus, em seu sentido popular, isto é, descrevendo um lugar sobre o firmamento onde os salvos morariam. O propósito era mostrar como se daria o domínio de Deus e seus efeitos na vida humana.

Mateus 12.1-21 - O Senhorio de Cristo sobre a lei

A guarda do sábado era uma instituição divina que foi profundamente assimilada pelo judaísmo. Seu objetivo era preservar a saúde humana, através do necessário descanso. Compreendido o objetivo da lei, a prática do descanso seria, naturalmente, observada.
Porém, aquilo que foi estabelecido para o bem estar dos seres humanos, passou a ser uma arma contra eles. É que, como resultado de uma interpretação que não alcançava o espírito da lei, as pessoas passaram a ter seus passos detalhadamente regulados por normas estabelecidas pelos líderes religiosos. A regulamentação fugiu a tal ponto do espírito da lei que até colher alimento para saciar a fome ou curar uma pessoa no sábado era motivo de penalidades.

Os cristãos, entendendo os ensinos de Jesus, mantiveram o espírito da lei - a função do descanso - ao guardar o domingo, pelo significado histórico desse dia, em face da ressurreição de Jesus. Com o passar dos anos, porém, novamente por deficiência na compreensão do espírito da lei, muitas igrejas passaram a tratar o domingo de forma legalista, estabelecendo uma série de atividades que se poderia ou não fazer naquele dia. Atividades religiosas, por exemplo, seriam permitidas; atividades de lazer ou produção, não. Diante disso, algumas igrejas passaram a sobrecarregar os crentes com tantas atividades no domingo, retirando deles o tempo para descansar ou estar em família.
Hoje, o rolo compressor do capitalismo, as mudanças nas formas de produção e comercialização de bens e as alterações na forma como se vive em sociedade, influenciaram na mudança da legislação do país, dificultando o descanso de muitos indivíduos e a possibilidade de convivência familiar. Nesse sentido, o espírito do sábado precisa ser resgatado e como igreja precisamos estar atentos.

O registro de Mateus sobre o sábado é uma evidência do novo tempo, da chegada do Reino de Deus, em que o Senhorio de Jesus se sobrepõe à própria lei judaica.

Mateus 13.3 - O Reino de Deus e as parábolas de Jesus

Segundo Champlin "Nota-se que Jesus não só empregou as parábolas, mas, igualmente, o discurso comum, mais à forma de sermão, e que também ensinou por meio da conversa simples" (O Novo Testamento Interpretado, Milenium Distribuidora Cultural Ltda, São Paulo 1980). As parábolas, porém, foram o meio mais usado por Jesus para facilitar, aos seus ouvintes, a compreensão dos conhecimentos que deveriam assimilar.
Nesse sentido, o método de Jesus era profundamente compatível com as teorias mais atuais a respeito da construção do conhecimento. Expoentes como Piaget e Vigotski defenderam que a construção do conhecimento se dá através da relação entre o que se ouve e o que foi introjetado na mente do indivíduo desde os primeiros contatos com a realidade. Falando através de parábolas, Jesus possibilitava aos seus ouvintes relacionar seus ensinos com coisas que eles já tinham na mente, facilitando a compreensão da mensagem e a construção do conhecimento em torno do Reino de Deus.

Mateus 13.1-30;31-43; 44-53 - O reino de Deus segundo as parábolas

Para Joachim Jeremias, "Todas as parábolas de Jesus forçam o ouvinte a tomar posições perante Jesus e sua missão pois todas estão cheias do 'mistério do Reino de Deus'(Mt.4.11), isto é da certeza que os tempos salvíficos já estão a irromper-se" (As parábolas de Jesus, Edições Paulinas, São Paulo, 1980). Entender as parábolas de Jesus é o mesmo que entender a natureza do Reino de Deus, a missão de Jesus e, consequentemente, entender qual deve ser a nossa postura de discípulos na sociedade em que vivemos.
Segundo J. Jeremias, a parábola do Semeador, foi vista como uma alegoria, e interpretada traço por traço pela igreja primitiva. A interpretação recebeu uma ênfase psicológica, servindo de exortação aos novos convertidos, no sentido de verificarem suas disposições interiores relacionadas aos compromissos assumidos.
A parábola do grão de mostarda tem por objetivo mostrar como o Reino de Deus, partindo de uma pequena semente, se tornaria uma grande árvore, cujos ramos serviriam de abrigo para as pessoas. De igual modo, a Parábola do Fermento também se referia ao crescimento do Reino de Deus. As Parábolas do tesouro escondido e a da pérola indicam que a alegria da pessoa que encontra o Reino de Deus é tão profunda que ela é capaz de vender tudo o que tem para possuí-lo e sua vida toda passa a se orientar por ele. A parábola da rede e a do trigo e do joio indicam que, por ocasião da vinda do Reino, aconteceria uma separação dos salvos dos não salvos, como ocorre na seleção de peixes, após o recolher da rede.

As parábolas de Jesus e sua aplicação para hoje

As parábolas de Jesus podem ser utilizadas para fins diversos. Um exemplo disso é o uso que se faz das mesmas numa perspectiva psicológica, visando ajudar as pessoas a se compreenderem melhor, alterando suas qualidades de vida. Um exemplo disso é o trabalho de Hanna Wolff, em seu livro Jesus Psicoterapeuta(Edições paulinas, São Paulo, 1990).
Conquanto a utilização das parábolas para fins diversos não seja errado, devemos tentar compreendê-las em sua finalidade original, isto é, numa perspectiva teológica, no contexto em que foram proferidas e, a partir daí, contextualizar seus ensinos para nossos dias.

Partindo desse ponto de vista, as parábolas descritas no texto bíblico em pauta são profundamente importantes para nossas vidas hoje. A do grão de mostarda e do fermento, nos fazem perceber que as palavras de Jesus se cumpriram e, em relação ao momento em que Jesus as proferiu, o Reino de Deus cresceu de forma extraordinária e suas igrejas, como agências deste Reino, têm abrigado milhões de pessoas ao redor do mundo.

As parábolas do tesouro escondido e da pérola, devem servir como auto-avaliação da nossa própria experiência espiritual. Será que estamos dominados pela profunda alegria do Reino de Deus, a ponto de colocá-lo como valor supremo em nossa existência?

A parábola da Rede e a do trigo e do joio são um alerta sobre o juízo que a chegada do Reino de Deus trará consigo e como haverá uma seleção entre os salvos e pedidos. Seremos aprovados?


A LIÇÃO EM FOCO

1. Jesus nos ensina, em duas de suas parábolas que, com o advento do Reino, haverá uma identificação dos salvos e dos perdidos mas que essa identificação não deve ser apressada para não cometermos equívocos(Mt. 13.24-30). Porém, ao dizer que "pelo fruto se conhece a árvore" (12.33), Jesus abre espaço para especulações, já presentes na mente humana.
Se o fruto que produzimos é o principal indicador de que pertencemos ou não ao Reino dos Céus, é importante esclarecer que tipo de fruto nos identifica como cidadãos do Reino. Discursos e manifestações de poder sobrenatural, por exemplo, foram descartados por Jesus como indicadores de que pertencemos ao Reino (Mt. 7.22-23).
Pelas parábolas da rede e do trigo e do joio, também podemos dizer que ser membro de uma igreja, seja ela de que denominação for, também não é um bom indicador. A produção do fruto do Espírito(Gal. 5.22-23), especialmente o amor(I JO. 3.14) é o indicador mais confiável. Vale salientar, entretanto que este indicador deve ser usado para avaliar a nossa própria situação no Reino e não a vida alheia. Somente a Deus cabe julgar a situação do outro.

2. O Senhorio de Jesus sobre o sábado traz à tona uma antiga discussão entre o individual e o institucional. As instituições foram criadas após os indivíduos visando preservar a qualidade de vida do indivíduo, em si mesmo e na coletividade. Devido à própria natureza pecaminosa do homem, nem sempre as instituições alcançaram esse propósito. E o que é pior, as vezes se tornaram prejudiciais à vida humana.
No caso do sábado, a forma como estava sendo tratado pela religião estabelecida, fez com que ele se tornasse em maldição e não bênção para o indivíduo. A igreja, a família e a escola, por exemplo, enquanto instituições, precisam permanentemente se autocriticarem a fim de não se transformarem em maldição para o indivíduo, em vez de bênção.
Por isso, os valores que as regem devem ser confrontados permanentemente com a natureza e os valores do Reino de Deus a fim de que se afinem a eles.