sábado, 27 de novembro de 2010

A alegria do ministério da Igreja


Para não entrar em controvérsias, diferencio o significado das palavras felicidade e alegria neste contexto. Defino felicidade como um sentimento de bem estar que experimentamos quando determinado fato ou situação nos é favorável, nos beneficia, e alegria como um estado interior de graça que nos motiva a manter o ânimo e o desejo de continuar lutando e vivendo inclusive quando fatos ou situações nos são desfavoráveis.

Assim, declaro que o ministério da igreja não vive só de felicidade, mas mantém-se alegre. Não vive só de felicidade, pois nem tudo que acontece em nossa caminhada, seja individual ou coletiva, nos favorece. Pior, muitas situações, além de não nos favorecerem, servem para bloquear nosso desenvolvimento e até nos atrofiam como pessoas.

Afirmo, entretanto, que a igreja mantém-se alegre porque sua natureza é espiritual, isto é, alimenta-se do Espírito de Deus que, dentre outros, produz em nós a alegria.

A caminhada em comunhão com Deus faz com que, mesmo diante de adversidades que afetam nossa felicidade, nossos corações continuem alimentados pela esperança, pela confiança e, sobretudo, pelo amor. Isso faz com que nossa alegria permaneça, mesmo quando a felicidade desaparece.

Alegria não é sinônimo de riso permanente, mas de ânimo presente em níveis que nos impulsionam a continuar lutando contra os obstáculos da vida. Ainda que nosso desejo constante seja pela felicidade ininterrupta, é na alegria que devemos concentrar nosso foco.

Tristeza não combina com felicidade, mas dela pode brotar alegria, como vemos nas palavras de Jesus: “Digo-lhes que ... vocês se entristecerão, mas a tristeza de vocês se transformará em alegria.” (Jo. 16.20). Em nossa existência, não foram poucos os momentos de infelicidade. A alegria, entretanto, nunca esmoreceu, por isso comemoramos.

Sabedores de onde jorra a alegria, podemos dizer, sem qualquer medo de errar, que o segredo para uma caminhada de vida vitoriosa é continuar bebendo na inesgotável fonte de alegria, de entusiasmo, de força para viver que é Deus, em sua tríplice manifestação: criador – provedor - acima de nós; Senhor – Jesus – entre nós e consolador – Espírito Santo - dentro de nós.

Quem se mantém em comunhão espiritual com Ele, comprometido com os valores do seu reino, há de ser, sempre alegre, mesmo nos momentos de infelicidade, tristeza ou choro. Sua confiança está na palavra que diz: “Pode a tristeza durar todo o anoitecer, mas a alegria, ela vem ao amanhecer” (Salmos 30.5).

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Lixão

 Poucos textos tem impactado tanto minha vida pessoal e ministerial como "Lixão". 
Já perdi as contas de quantas vezes o lí desde que um amigo o recomendou no site de Cristianity Today International, há alguns anos.

Ele me incomodou tanto que pedi à minha filha que fizesse uma tradução e pedimos autorização para publicá-lo.
Vez por outro volto a ele, leio, leio, leio e me questiono, me questiono, me questiono.
Nessa semana resolvi tirá-lo dos arquivos e publicá-lo em meu blog.

Ele coloca em cheque conceitos missiológicos, atuação social, relacionamentos interpessoais, inclusive conjugais, motivação e visão ministerial, enfim...

Confira!

.........
"Num lugar onde até as pessoas são consideradas lixo, ninguém ouviria o pastor educado e bem-sucedido. Até que ele se tornou um deles.

*Uma entrevista com Saul Cruz.

Para alguém de fora, o Ministerio Armonía aparenta um exemplo extraordinário de liderança regional em algumas das comunidades mais pobres do México – uma rede de escolas, clínicas médicas e centros comunitários liderados pelos próprios membros das comunidades. E o é. Mas Armonía (Harmonia) é também uma missão trans-cultural – não apenas porque voluntários de longo ou curto prazo vindos de igrejas dos EUA e Europa são bem-vindos, mas  porque seus fundadores tiveram que aprender a superar barreiras culturais e de classes sociais intimidantes. Saul e Pilar Cruz fundaram Armonía em 1987 no momento em que Saul, que possui um Ph.D. em psicologia, estava atingindo a proeminência como líder nacional da Visão Mundial do México. Como ele descreve na entrevista com o editor chefe do Projeto de Visão Cristã (Christian Vision Project) Andy Crouch, a história do Armonía é uma de desaprendizado de muitos de seus pressupostos sobre sucesso e importância.

É uma história que carrega muitas lições para qualquer um que superaria barreiras de educação e privilégio – qualquer um que esteja fazendo a pergunta do Projeto de Visão Cristã para 2007: O que nós devemos aprender, e desaprender, para sermos agentes da missão de Deus no mundo?

Quando você começou a trabalhar com a Visão Mundial na Cidade do México há vinte anos, quão engajadas eram as igrejas protestantes com a necessidades dos pobres?

Em 1985 haviam cerca de mil igrejas protestantes – para uma cidade em que era estimada uma população de aproximadamente 8 milhões de pessoas naquele tempo – com uma média de 60 membros cada.

Nós observamos um mapa socio-econômico da Cidade do México. Naquele tempo, 8% dos residentes da Cidade do México eram ricos, alguns, aliás, dentre os mais ricos do mundo. Por conseguinte, 17% eram classe média; 75% eram pobres, a maioria sobrevivendo com menos de um dólar por dia.

Então, no mapa que separava as áreas por renda, nós posicionamos as igrejas. Das 1000 igrejas, 890 estavam localizadas em vizinhanças de classe média. Algumas estavam dentre os ricos – a maioria servindo não aos Mexicanos, mas a estrangeiros. Aproximadamente todo o resto estava nos limites entre as vizinhanças pobres e de classe média. Quase nenhuma estava localizada dentro de vizinhanças pobres.

Assim, você tinha vastas áreas da Cidade do México sem nenhuma presença de evangélicos protestantes.

Isso deve ter sido uma decepção.
Mas eu descobri uma igreja grande em um dos piores bairros – um bairro sem água, sem ruas pavimentadas, com pouca eletricidade. “É isso,” eu pensei, o tipo de igreja que mobiliza seus recursos para servir num lugar onde esses recursos são realmente necessários. Então eu visitei o pastor.

Caminhando dentro do complexo, nós encontramos o paraíso: grama verde, água irrigando jardins e carros elegantes. O pastor me recebeu com grande alegria, me levou a seu gabinete, e me ofereceu café. Ele tinha um gabinete muito bonito!

Eu perguntei como sua igreja tinha vindo parar aqui. Eu esperava que ele dissesse: “Eu vi a necessidade. Eu vi que poderiamos causar efeito.”

Ele disse: “Você sabe, a terra é barata aqui. Se você proteger os carros, você pode ter um ótimo estacionamento!”

Que perspectiva particular.

Agora, eu devo dizer que se você for aos Estados Unidos, a imagem não é tão diferente. Muitas igrejas são pequenas ilhas que não se envolvem realmente com os vizinhos. Elas não percebem que podem ter um efeito de transformação da sociedade.

O que levou você particularmente a este tipo de ministério?

Minha esposa sempre foi minha parceira, minha intercessora chefe. Quando nos casamos, nós fizemos o compromisso de trabalhar dentre os pobres. Quando eu estava fazendo bastante dinheiro e minha carreira como psicólogo estava decolando, nós deixamos tudo para trás para iniciar uma escola para crianças deficientes numa comunidade pobre. Porém, quanto mais eu me envolvia no meu trabalho com a Visão Mundial alguns anos depois, mais distante ela se tornava.

A verdade é que enquanto havia bastante amor em nosso casamento, nossas posturas em relação aos necessitados se tornava bastante diferente. Enquanto eu trabalhava em projetos nacionais grandiosos, ela havia se envolvido com pessoas com paralisia cerebral. Ela estava sempre me perguntando, “Quando você se juntará a nós?” Mas eu estava muito ocupado para trabalhar com ela. Afinal, eu estava mobilizando igrejas para trabalhar dentre os pobres!

Um dia ela me parou e disse, “Escuta, você não é o homem com quem eu casei. E eu não sei porque você mudou tanto. Mas uma das razões para casar com você foi por causa da paixão que você tinha pelos pobres. E agora você tem uma paixão por se tornar importante.”

“Bem, escute,” eu disse, “se eu posso influenciar as igrejas do México, se eu posso mobilizá-las...”

Ela disse, “Influenciar as igrejas do México? Quem você pensa que é? Lutero ou Calvino?

Bem, isso iniciou uma enorme conversa.

Minha esposa e eu já tivemos dessas “conversas”.

Nós tiramos uma pequena folga e viajamos para discutir isso. Nós brigamos e brigamos. Até que um dia ela disse: “Eu não quero ser grossa, mas eu preciso te perguntar. Você sabe realmente como trabalhar com os pobres? Ou você apenas fala sobre os pobres?”

Eu não tinha a resposta.
Eu podia falar dos pobres. Eu podia te mostrar livros. Eu podia convocar o resto do mundo para trabalhar com os pobres. Mas eu, particularmente, não estava trabalhando com os pobres.

Ela disse: “Nós precisamos aprender. E se nós não aprendermos, como chamaremos os outros para o fazer?”

Aquilo encerrou a discussão. Ela venceu. Porque ela estava certa. Nós concordamos em viver numa favela da cidade do México e nos concentrar no trabalho com os pobres.

Agora, para minha esposa, trabalhar com os pobres não era problema. Ela não queria ser percebida como uma figura de poder, alguém com acesso a dinheiro ou alguém que tinha um projeto de mudança, mas apenas como uma vizinha. Mas para mim, isso significava despir-me do meu senso de poder, do meu lugar de segurança. Eu iniciei uma pequena clínica – um lugar para servir o povo e caminhar com meus filhos para escola e conversar com os vizinhos. E, oh!, foi terrível, porque eu era um vizinho – nada mais. Apenas um vizinho.

A abordagem da minha esposa, contudo, foi impressionantemente eficaz.  Ela se ligou a prostitutas que queriam deixar a profissão, com mães que viam seus filhos morrerem por causa do vício em drogas ou pelo tráfico, que queriam mudar seu ambiente. Mas eu não estava satisfeito com a abordagem da minha esposa. Eu me senti sem poder.

Quando uma igreja próxima nos ofereceu seu prédio para usarmos como centro comunitário, eu aceitei.

Pareceu uma boa oportunidade.

Exatamente. Parecia perfeito. Nós criamos um centro comunitário, e nós começamos a trazer pessoas para a igreja ali. Aos domingos nós acordávamos cedo para sair pelo bairro dizendo: “Acordem. Vamos para a igreja. Vamos ler a bíblia e cantar juntos. Juntem-se a nós.” Estava virando uma verdadeira passeata a cada domingo. Pessoas cantando nas ruas, batendo nas portas, oferecendo café para os vizinhos, alguns dos quais vinham para a igreja de pijama!

Mas eu não percebi que a igreja estava levando aquilo bastante insatisfatoriamente. A filha de um dos líderes se apaixonou por um dos novos Cristãos, um antigo líder de uma gangue de rua. O pai me encurralou depois de um culto e disse, “Se minha filha se casar com este homem, eu vou matá-lo.”

Então, um domingo, eu cometi um grande erro. Enquanto estava pregando, uma das mulheres da região com quem tínhamos trabalhado veio sangrando, calçando apenas um sapato. Seu vestido havia sido rasgado, e ela havia sido espancada gravemente – claramente por um cafetão. Nosso filho pequeno começou a gritar quando viu o sangue e agarrou a sua mãe, então minha esposa não podia ir ajudá-la.

Ninguém na sala toda se moveu em direção a ela. Então eu parei de pregar, pedi a um dos diáconos para continuar o culto e fui até ela, tomei-a pela mão e pedi a minha esposa para me seguir até o gabinete. Quando nós saímos, tendo atendido às suas necessidades, o culto havia terminado, mas um grupo de líderes da igreja estava esperando por mim.

Nunca abandone o púlpito por uma mulher como aquela,” eles disseram. “Isso é completamente fora de ordem!”

Eu deveria saber que o relacionamento fora quebrado e sem conserto. Mas por algumas semanas nós continuamos trazendo pessoas à igreja conosco. Nós estávamos frequentemente atrasados, o que não é raro no México. Mas uma semana nós viemos cantando para a porta do prédio da igreja. Estava trancado. Isto era estranho. Ninguém estava ali.

Eu voltei para casa e peguei minhas chaves. Abri a porta, entrei – e estava completamente vazio. Nenhuma cadeira. Nem um banco. Absolutamente vazio.

Eles tinham tirado todos os móveis?

Todos. E no chão havia um bilhete: “Saul, nós entendemos que Deus está te guiando para um caminho diferente. E nós decidimos nos mudar. Nós compramos um pedaço de terra e construímos nossa própria igreja, e você está sozinho. Se você puder pagar as contas, você poderá continuar. Adeus.”

As pessoas conosco estavam chorando, praguejando, cuspindo – elas se sentiam muito rejeitadas pela igreja. Nós prosseguimos, mas na manhã seguinte, o dono do prédio veio. “Você é o Sr. Cruz? Eu preciso que você deixe as dependências.”

Eu disse que estava aberto para assinar um contrato. Mas ele disse, “Não. As pessoas que saíram disseram que você anda com más companhias, e que eu deveria ter cuidado com você.

“Sim, eu estou com más companhias,” eu disse. “Isso é bem verdade. Eu estou com pecadores o tempo todo!”

Aquilo nos forçou a ir para um pedaço de terra que havia sido doado no meio de uma das piores favelas, um lixão. Nas áreas pobres, pessoas viviam em meio ao esgoto. Eles fizeram ilhas no esgoto com sujeira e areia,  e as conectaram com pequenas pontes, e havia uma grande rede de ilhas feitas por homens sobre o esgoto não tratado da cidade. Nós mudamos para um bairro um pouco mais seguro e trabalhamos por três anos para limpar aquela propriedade e iniciar um ministério ali. Mas era tão longe de onde estávamos antes que praticamente começamos do zero.

Para minha esposa isso não era problema. Ela ficaria feliz de estar trabalhando no lixão. Mas para mim, eu estava me desfazendo das minhas fontes de poder mais e mais.

Parece que seu senso de importância se esticou ao ponto de partir.

Exatamente. No final daqueles anos, eu disse a minha esposa, “ Eu preciso parar. Eu quero voltar a uma igreja normal. Eu quero pregar novamente. Aqui eu estou sendo muito ineficiente. Se você fala, as mulheres te escutam. Quando você lê a bíblia, as mulheres te escutam. Elas te dão suas crianças. Você as leva para hospitais. Até mesmo seus maridos vêm e te escutam. Mas quando eu falo, eles bocejam ou saem. Eu não sou aceito da forma que você é. Você é extremamente eficiente. Eu acho que devo ir a outro lugar. Eu vou te sustentar. Mas preciso de um trabalho melhor.

Em minha cabeça, havia me tornando um ninguém. Eu tinha me formado na universidade, ganhado prêmios acadêmicos e tinha uma carreirra significativa. Mas naquela vizinhança eu não era ninguém – e era culpa minha. Eu não havia aprendido a falar como eles. Eu queria que eles me entendessem, e que escutassem minha forma de falar. Lá no fundo eu era arrogante e eles podiam perceber.

Então eu disse para minha esposa, “Veja, você é que é o pastor aqui. Eu te sustentarei e serei o marido da pastora.” Nós tivemos uma verdadeira guerra aquela noite, um sábado a noite. E nossos pobres filhos tiveram que escutar tudo.

“Amanhã,” eu disse, “eu vou começar a frequentar outra igreja.”

Você não é o primeiro pastor a ter essa idéia. (Risos)

No domingo pela manhã, alguém bateu à nossa porta. Era o vizinho do lado, um homem da classe média. Ele disse, “Você é um conselheiro?”

“Sim,” eu disse.

“Por favor, me ajude. Eu estou perdendo meu casamento.”

Eu quase disse pra ele, “Eu também estou perdendo o meu – vamos chorar juntos!” Mas, ao invés disso, minha arrogância ressurgiu de mansinho. Ali estava algo em que eu era um especialista! Então, eu o convidei para entrar. Nós conversamos por duas horas. Eu estava na minha área. Me senti útil. Sua esposa se juntou a nós e no fim da conversa eles resolveram buscar um caminho para salvar seu casamento. Eles estavam aliviados e agradecidos.

Quando estavam saindo eles perguntaram, “Vocês vão a alguma igreja? Porque nós vemos vocês saindo todo domingo vestidos para ir à igreja.”

E minha esposa disse, “Sim, nós vamos, e ele é o pregador.”

E eu disse, “Não, não. Nós temos um centro comunitário numa das favelas da cidade. É lamacento e cheira mal porque é próximo ao lixão. E na verdade, o que eu tenho é uma pequeno grupo de pessoas que vêm e escutam quando minha esposa fala e não escutam quando eu falo.”

O casal disse: “Nós queremos ir com vocês.”

“Tem certeza?” Eu perguntei. Mas eles realmente queriam ir. Então eles foram conosco aquela manhã.

Na igreja, quando estávamos no meio da oração, algumas pessoas vieram correndo para o centro comunitário dizendo “Há uma emergência naquela esquina ali em baixo!”

Nós corremos para a esquina e descobrimos que um buraco enorme, talvez com dois metros e meio de profundidade, havia sido aberto sob a rua. Um novo sistema de esgoto havia sido instalado dois anos atrás, mas não tinha sido vedado corretamente. O esgoto que vinha morro abaixo levava a areia sob a rua. A rua estava à beira de um colapso e havia o perigo de que dúzias de casas próximas serem varridas também.

Alguém chamou os serviços da cidade, mas eles disseram que levariam dias até que viessem. Era óbvio que a rua iria desmoronar antes disso. Não tínhamos idéia do que fazer.

Então senti alguém tocar meu ombro e dizer: “Posso ajudar?”

Era o vizinho que tinha vindo comigo.

“Não, não,” eu disse. “Por favor, você precisa sair daqui. Você é nosso convidado e essa situação é perigosa.”

Ele disse: “Não, eu sei exatamente o que fazer. Eu sou engenheiro de minas.”

Então ele organizou os vizinhos para fazerem sacos de areia e criou uma coluna embaixo dos canos de esgoto usando os sacos e madeira que tiramos do nosso próprio prédio. Nós mobilizamos toda a vizinhança, paramos o trânsito e pusemos todos os homens para trabalhar. Ele conseguiu colocar tudo de volta ao seu lugar.

Que presente extraordinário ele ter vindo com você aquele dia!
Claro que isso também foi uma bagunça horrível. Nós ficamos completamente cobertos de sujeira. Começamos a trabalhar pelo meio-dia e terminamos às três da manhã do dia seguinte. Nós saímos da cratera e voltamos para nosso centro comunitário, provavelmente duzentos homens, e as mulheres haviam esquentado água para nos lavarmos. Elas pegaram nossas roupas e as lavaram da melhor forma possível. Estava frio e garoando, e nós estávamos tremendo, mas ao menos não estávamos mais fedendo como antes.

Eu comecei a chorar. Eu disse, “Me desculpem, mas eu preciso orar. Preciso agradecer a Deus porque ele acabou de nos salvar. Ele salvou você e me salvou. Ele enviou este homem, meu vizinho, para nos ajudar e nos deu uns aos outros para fazer o trabalho. Podemos orar?”

Eles disseram que sim.

Então extendi as mãos e eles a seguraram. Nós nos ajoelhamos e oramos. Quando nos levantamos, eu era seu pastor. Eu puder ver isso. Daquele dia em diante, eles me respeitavam. Daquele dia em diante eu me tornei seu pastor.

Você percebe, ser um pastor é aprender a linguagem do amor. As pessoas precisam ver que você é real – que você realmente se importa com elas, que você está até mesmo disposto a colocar sua vida em risco por elas. De repente, meu papel naquele bairro tinha mudado completamente.

Essa história tem implicações sobre a maneira que as pessoas chegam a uma comunidade carente?

É muito fácil para missionários cometerem os erros que eu cometi. Nós construímos nossas igrejas através do poder. Mas nós nunca ganhamos o respeito das pessoas ao nosso redor. E com o poder vem a fantasia de que eu sei tudo, que eu sou a pessoa com a competência para “consertar” a sociedade em que estou.

Porém, há na verdade uma grande resistência a pessoas que vem a uma comunidade achando que sabem do que as pessoas de lá precisam. Nós percebemos que, quando vamos a uma nova comunidade, temos que ter a postura de que não sabemos nada. Nós sabemos quem somos, dizemos, mas não sabemos como trabalhar aqui. Assim estamos abertos. Nos ensine, por favor.

Quando recebemos grupos da América do Norte ou Europa para nos visitar, eu nunca tenho um plano para o grupo ou para a comunidade. Ao invés disso, quando o grupo chega, nós perguntamos à comunidade, “O que nós podemos fazer juntos? Vocês têm vontade de fazer algo juntos?” E a resposta pode ser: nós apenas queremos jogar futebol com vocês ou gostaríamos que vocês ensinassem algo sobre computadores. Ou pode ser: nós somos bons dançarinos, gostariam de aprender a dançar conosco?

Os visitantes dizem, “O quê? Eu vim para salvar o mundo. Meu pastor disse que nós iríamos para o México para mudar o mundo para Cristo. E você me pede para aprender a dançar suas danças folclóricas?”

Mas você sabe, eles aprendem muito mais através desse processo do que apenas crendo nas fantasias de que uma chamada missão de uma ou duas semanas vai salvar o mundo.

O que as igrejas Americanas poderiam aprender que nos levaria a ser melhores parceiros em sua missão?

Eu acho que a igreja Americana, a qual eu amo e sou muito grato, frequentemente não está ciente da sua linguagem. Você escuta a linguagem dos Americanos de “mudar o mundo” o tempo todo. Bem, isso traz enormes implicações para nós restantes! Por que esses Americanos querem mudar o mundo? Em que mundo eles irão mudar? Eles sabem mais do que nós? É isso que eles querem dizer?

Se você vier a mim, mesmo com a melhor das intenções, e disser, “Saul, eu vim aqui para mudar o seu mundo,” eu vou me sentir insultado. Porque você não sabe o quanto eu amo minha própria cultura. Eu nasci aqui por causa de uma decisão de Deus, não minha. Eu cresci com nossas músicas, nossas cores, nossos rítmos.

Quando as pessoas vêm e dizem, “Oh, você está atrasado porque este é o México,” Eu sempre penso, “Bem, e daí? Os mexicanos são despreocupados e nós amamos isso!”

O mesmo acontece quando eu, como uma pessoa educada, vou até as favelas. Quando eu falo com eles, eu tenho que fazer isso na área, nas ruas, em suas casas, em qualquer lugar. E eu preciso ter certeza de que estamos criando uma linguagem de entendimento mútuo. Nós precisamos concordar em quais coisas precisamos concentrar nossa atenção para mudar, e em quais coisas nós devemos apenas dizer, “Obrigada, Deus. O que nos deste é lindo assim como é.”

Então, supondo que concordamos que um dos problemas a ser tratado seja o fato das crianças estarem reprovando nas aulas de Inglês. Agora seria fácil dizer, “Posso recrutar alguém da Inglaterra ou Estados Unidos para vir ensinar?” Mas primeiro deveria perguntar, “Há algum recurso na comunidade?”

Alguém pode dizer, “Minha filha estuda Inglês e ela está indo bem. Ela poderia ensinar as crianças.” Mas talvez ela precise trabalhar para se sustentar. Poderia a comunidade se unir para pagá-la? Este tipo de processo é muito diferente de vir para “mudar o mundo”. Nós não queremos que nossos vizinhos nos vejam como salvadores – eles devem nos ver como seus parceiros, seus facilitaderes, seus amigos.

Nós oramos, “Seja feita sua vontade na terra como no céu.”  Isso não implica em mudar o mundo?

Eu diferencio “mudança” de “transformação”. Mudança pode vir como um resultado de poder. Se você tem o poder – o poder de recursos superiores, tecnologia, conhecimento, contatos – você pode trazer um certo tipo de mudança. Mas se você usar o poder para colocar o que você tem goela a baixo nas pessoas, você nunca, nunca as verá  transformando-se. Ao contrário, você as vê se adaptando. Mas há algo sobre “transformação” que implica num processo que não é feito a alguém, mas num processo em que ambos começam a criar uma nova linguagem em comum, um novo mundo em comum, um novo entendimento em comum.

Então a transformação que precisa acontecer deve ir nas duas direções.

Exatamente. Não é “Vamos transformar esses pobres coitados” mas “Vamos ver como eles e nós seremos transformados!”

De forma alguma estou sugerindo que Americanos não são necessários no México. Nós precisamos mais desse relacionamento de transformação mútua. Mexicanos se sentem negligenciados, às vezes tão desprezados pelos seus vizinhos Americanos.

Ver os Americanos cavando ao seu lado, visitando suas casas, trazendo presentes de Natal, sentando-se com eles e lhes dando atenção, perguntando sobre seus filhos – todo ano lembrando de seus nomes – faz eles acreditarem que Deus tem uma comunidade de crentes que realmente se importam.

Essa é a forte linguagem do amor."

* Copyright © 2007 by the author or Christianity Today International/Leadership Journal.
Fall 2007, Vol. XXVIII, No. 4, Page 52n

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

100% fiéis para abençoar vidas


Cada pessoa, ao tornar-se membro de nossa igreja, comprometeu-se a ser fiel especialmente em três áreas: 1) no testemunho de amor; 2) na freqüência aos cultos; 3) no sustento financeiro.

Testemunho de amor, porque o amor é a evidência da nova vida em Cristo. (I João 3.14).

Freqüência aos cultos, pois, além da fé cristã ser comunitária, é a partir do culto que desenvolvemos a visão ministerial e fortalecemos a comunhão. (At. 2.46; Heb. 10.25).

Sustento financeiro, pois dependemos dele para cumprir com todos os compromissos de manutenção ministerial e institucional. (II cor. 8.1-5; 9.7).

Gostaria, de enfatizar o terceiro compromisso, pois entramos numa nova etapa de revitalização patrimonial, cuja conclusão depende da fidelidade de cada membro. Se cada um for fiel na devolução do dízimo e generoso na dedicação de ofertas, as obras ficarão prontas em tempo recorde e muitas vidas serão abençoadas.

As rampas de acesso, a melhoria nos pisos de circulação, a ampliação e reorganização do estacionamento e da praça do auditório, a biblioteca, o salão de lazer e a quadra esportiva beneficiarão pessoas de todas as faixas etárias. 

Visualizamos os benefícios diretos de cada um desses espaços especialmente nas áreas de atuação social, comunhão, ensino e proclamação e indireto em todas as áreas ministeriais da Igreja.

O relacionamento dos membros se aprofundará e poderemos oferecer novas modalidades de serviços comunitários através do Cecom, como por exemplo, nas áreas de educação física, desenvolvimento social e cultural.

O que esperamos de todos que fazem a Igreja? Primeiro, que todos cumpram o compromisso de devolverem fielmente seus dízimos nestes próximos meses. Depois, que haja generosidade de todos no sentido de participarem com ofertas avulsas. Se todos nos engajarmos, as obras serão concluídas rapidamente e nos alegraremos com seus benefícios.

Todas as pessoas que passam por uma experiência com Jesus Cristo sentem desejo de serem participantes do sustento financeiro das causas de Deus. Até mesmo pessoas que ainda não se comprometeram, reconhecem o valor do trabalho feito pela igreja e sabem da importância e necessidade de contribuírem financeiramente. Especialmente quando a administração financeira é democrática, transparente e austera.

Participar é motivo de alegria, como disse Jesus: “mais bem-aventurado é dar do que receber” (At. 20.35). Não acredito, portanto, que uma pessoa que se beneficia daquilo que a vida em igreja proporciona, sente-se feliz em receber, receber, receber e não contribuir para o sustento. Quem não contribui por impossibilidade geralmente carrega dentro de si um sentimento de tristeza. Quem não o faz por amargura é portador de sentimento que não combina com a alegria que o Espírito de Deus produz.

Portanto, convidamos a todos a se envolverem neste momento especial vivido por nossa igreja. Tenho certeza de que muita alegria resultará de nossa participação!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Novembro de 2010: aniversário da Igreja Batista da Graça, SSA

O mês de novembro traz consigo o aniversário de organização de nossa igreja. No dia 26, agradeceremos a Deus por 44 anos de uma história marcada por alegrias, tristezas, vitórias e quedas, exatamente como a vida de cada um de nós, seus membros. Se nem tudo foi como gostaríamos, não temos dúvidas de que, no balanço geral, o saldo da existência até aqui foi bastante positivo.

Ao longo desses anos, predominou o acolhimento a feridos, o oferecimento de resposta aos que ansiavam por comunhão com Deus e com o próximo, a solidariedade aos menos favorecidos pelos sistemas e a construção de histórias individuais e coletivas cuja lembrança produz muito mais prazer do que dor.

Na caminhada, muito conhecimento espiritual foi construído em salas de escola bíblica ou em encontros nos lares; muita inspiração foi proporcionada através do investimento em mensagens faladas e cantadas; muita amizade foi aprofundada através de eventos de sociabilidade, muitas vidas abençoadas através do compartilhar de recursos diversos pertencentes aos seus membros e muitos foram remidos pelo precioso sangue de Jesus Cristo vertido na cruz do calvário.

O binômio evangelização-atução social, discurso–ação, se fez presente de tal forma nas atividades desenvolvidas ao longo dos anos que, mesmo enfrentando momentos de profunda adversidade, conseguimos manter a credibilidade, reencontrar o rumo e prosseguir na missão.

Diante disso, nada melhor do que comemorar o aniversário realizando batismos e um esforço evangelizador. Assim, no dia 26, uma sexta-feira, dezenas de pessoas descerão às águas batismais confirmando publicamente a fé em Jesus Cristo, o compromisso comunitário e a disposição para o serviço ao próximo, como resposta ao amor de Deus.

A realização de batismos, na ocasião, simboliza o interesse que a igreja mantém de ajudar pessoas a recuperarem a comunhão com Deus em Cristo e também, sua disposição de continuar respondendo ao desafio deixado por Jesus, no sentido de pregarmos o evangelho. No domingo 21, que antecede aos batismos, os batizandos poderão compartilhar um pouco de suas vidas e o significado de Jesus em suas experiências.

Além disso, teremos oportunidade de trazer pessoas com as quais temos mantido relacionamento e pelas quais nutrimos o desejo de vê-las usufruindo da graça de Deus manifesta em Jesus, para ouvirem a mensagem salvadora do evangelho que será trazida pelo Pr. Paulo Eduardo, da PIB de São Paulo. Ele estará conosco de sexta a domingo. A ele caberá apenas balançar a árvore da qual, os frutos poderão cair, amadurecidos pelo nosso testemunho de amor, num sinal de colheita.

Assim, desde já devemos começar a orar por alguém que gostaríamos de ver diante do senhor nosso Deus e nos empenhar para trazê-lo aos cultos de 26 a 28, ocasião da grande festa de aniversário.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Em terra de cego

por Stephen Kanitz

Nenhum ditado popular explica tão bem os
problemas do Brasil e do mundo como "Em terra de
cego quem tem um olho é rei". Ele mostra por que existe tanta gente incompetente dirigindo nossas empresas e nossas instituições. Mostra também por
que é tão fácil chegar ao topo da pirâmide social sem muita visão ou competência. Basta ter um mínimo de conhecimento para sair pontificando soluções.



Todo mundo palpita em economia e futebol como se fosse Ph.D. no assunto. Se o técnico Luiz Felipe Scolari tivesse ouvido os palpiteiros, jamais seríamos pentacampeões mundiais de futebol. Por isso temos tantos intelectuais para lá de arrogantes, que se acham predestinados a dirigir nossa vida com muita teoria e pouca informação.



Existe um corolário desse ditado que me preocupa por suas conseqüências. "Em terra de cego, quem tem um olho é rei, e quem tem dois olhos é muito malvisto." Indivíduos inteligentes e capazes são encarados como uma enorme ameaça e precisam ser rapidamente eliminados pelos que estão no poder.



Por essa razão, pessoas com mérito e competência dificilmente são promovidas no Brasil. Promovidos são os bajuladores e puxa-sacos. Quando aparece alguém com dois olhos, os reizinhos tratam de eliminá-lo, quanto antes melhor. 



Já cansei de ver gente competente que, de um momento para o outro, deixou de ser ouvida pela diretoria. Já vi muito jornalista que, de repente, caiu em desgraça. Já vi muito jovem comentar algo brilhante na aula e ser duramente criticado pelo professor, sem saber o motivo. Todos cometeram o erro fatal de mostrar que tinham dois olhos. Por favor, não deixe que isso aconteça com você.


Se você é dos milhares de brasileiros que possuem dois olhos, tome cuidado. Em terra de cego, você corre perigo. Nunca mostre a seu chefe, professor ou colega de trabalho os olhos que tem. Lamento não poder dar nenhum bom conselho, eu sou dos que têm um olho só.



A maioria dos dois-olhos que conheço já desistiu de lutar e optou pelo anonimato. Quando eles têm uma idéia brilhante, colocam a solução na mesa de seus chefes e deixam que a idéia seja descaradamente roubada. Eles se fingem de mortos, pois sabem que, se agirem de modo diferente, poderão tornar-se vítimas. Mas há saídas melhores.



Se seu chefe tem um olho só, mude de emprego e procure companhias que valorizem o talento, que tenham critérios de avaliação claros e baseados em meritocracia. São poucas, mas elas existem e precisam ser prestigiadas.



Ou, então, procure um chefe que tenha dois olhos e grude nele. Ele é o único que irá entendê-lo. Ajude-o a formar uma grande equipe. Se ele mudar de empresa, mude com ele. Seja diferente, procure os melhores chefes para trabalhar, não as melhores companhias. Normalmente, as grandes empresas já são dominadas por reizinhos de um olho só.



Por isso, considere criar um negócio com outros como você. Vocês terão sucesso garantido, pois vão concorrer com milhares de executivos e empresários de um olho só. Nosso erro como nação é justamente não identificar aqueles que enxergam com dois olhos, para poder segui-los pelos caminhos que trilham. Eles deveriam ser valorizados, e não perseguidos, como o são. O Brasil precisa desesperadamente de gente que pense de forma clara e coerente, gente que observe com os próprios olhos aquilo que está a sua volta, em vez de ler em livros que nem foram escritos neste país.



Se você for um desses, tenha mais coragem e lute. Junte-se a eles para combater essa mediocridade mundial que está por aí. Vocês não se encontram sozinhos. Nosso povo tem dois olhos, sim, e é muito mais esperto do que se imagina. Ele está é sendo enganado há tempos, enganado por gente com um olho só.



Foi-se o tempo de uma elite pensante comandar a massa ignara. Hoje, a maioria do povo tem acesso à internet e a home pages com mais informação do que essa intelligentsia tinha quando fez seu doutorado. Se informação é poder, ela não é mais restrita a um pequeno grupo de bem formados. Nosso povo só precisa acreditar mais em si mesmo e perceber que cegos são os outros, aqueles com um olho só.
Stephen Kanitz é administrador (www.kanitz.com.br)


Artigo Publicado na Revista Veja, edição 1796, ano 36, nº 13, 2 de abril de 2003, página 20.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Tópicos do discurso da presidenta Dilma

"Já registro, portanto, o meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras para que esse fato até hoje inédito se transforme num evento natural e que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis e nas entidades representativas de toda a nossa sociedade. A igualdade de oportunidades entre homens e mulheres é um princípio essencial da democracia."

"Eu gostaria muito que os pais e as mães das meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: ‘Sim, a mulher pode’. A minha alegria é ainda maior pelo fato que a presença de uma mulher na Presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania."

"Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país. Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais, básicos, da alimentação, do emprego, da renda, da moradia digna e da paz social.
Eu vou zelar pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa, vou zelar pela mais ampla liberdade religiosa e de culto, vou zelar pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados na nossa própria Constituição."
 
"...reforço aqui meu compromisso fundamental que eu mantive e reiterei ao longo dessa campanha: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e para todas as brasileiras."
"...essa meta é um chamado à nação, aos empresários, aos trabalhadores, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, prefeitos e a todas as pessoas de bem do nosso país."
 
"Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à sua própria sorte, e enquanto reinar o crack e as cracolândias."
 
"Continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais, pelo fim do protencionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações, propugnando contra a guerra cambial que ocorre hoje no mundo."
 
"Cuidaremos de nossa economia com toda a responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável. Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação. E pela qualificação dos serviços públicos. 
Mas, recusamos as visões de ajuste que recaem sobre programas sociais, serviços essenciais à população e os necessários investimentos para o bem do país."
 
"Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais e trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades."

"Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança."
 
"Definitivamente não alienaremos nossas riquezas para deixar ao nosso povo só as migalhas."
 
"A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso à educação e saúde de qualidade. É aquela que convive com o meio ambiente sem agredi-lo. E sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento."

"Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso, teriam toda a minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso."

"Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte, não haverá discriminação, privilégios ou compadrio. A partir da minha posse, serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política."

"...afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito."
 
"Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos."

"Nenhuma região do meu país ficará para trás ou será menosprezada ou considerada de segunda categoria."

"Não nego a vocês que por vezes algumas das coisas difundidas me deixaram tristes, mas quem como eu lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida, quem como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda a nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. As críticas do jornalismo livre ajudam ao país e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório."
 
"...aprendi com ele (Lula) que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados, uma imensa força brota do povo e nos ajuda a governar. Uma força que leva o país pra frente e ajuda a vencer os maiores desafios."
 
"...a nação brasileira será exatamente do tamanho, será exatamente com a grandeza daquilo que juntos nós todos fizermos por ela."