terça-feira, 23 de agosto de 2011

Despertando o líder que há em nós

A propósito da eleição de novos dirigentes, conselheiros e ministros da IBG

Uma idéia elementar de liderança é dispor-se a fazer algo acontecer.  Isso se manifesta inicialmente na vida da própria pessoa a respeito de si mesma. A partir do momento em que começa a ter consciência de si em relação ao mundo que o cerca e começa a construir sua própria história, o ser humano dá os primeiros sinais de liderança: liderança sobre si mesmo.

Na medida em que se dá conta de suas necessidades (físicas, emocionais, sociais, políticas, econômicas, etc), descobre que pode agir para supri-las e começa a mover-se visando alcançar seus objetivos, ele demonstra ter – como todo humano – potencial para liderar a construção de sua vida.

A ampliação deste, digamos, estado de espírito, vai depender, por exemplo, de suas necessidades pessoais, da qualidade de sua saúde, das circunstâncias que o cercam, dos valores sociais que nele foram introjetados e por ele cultivados ou da cosmovisão de vida desenvolvida.

O que leva uma pessoa a não somente assumir a liderança de sua própria vida, mas também ampliar sua disposição para liderar mais do que a própria vida, tem a ver com elementos estritamente subjetivos, relacionados aos seus sentimentos e pensamentos. Dependendo dos valores que norteiam tais sentimentos e pensamentos, o desenvolvimento da liderança para além da própria vida acontecerá, podendo ser benéfico ou prejudicial à coletividade.

Isso significa que, independente do histórico de cada um em liderança de grupo, até mesmo uma pessoa que nunca exerceu tal papel pode, por múltiplos fatores, revelar-se líder, se uma determinada circunstância exigir.

De acordo com as experiências vividas, há pessoas que não somente assumem o papel de líder, mas trazem pra si a responsabilidade de exercê-lo e passa a investir no necessário aperfeiçoamento para desenvolvê-lo e ampliá-lo sempre dentro da melhor qualidade possível. Esse aperfeiçoamento deve acontecer tanto em relação ao autoconhecimento quanto em relação ao conhecimento de quem estará sob sua liderança e da realidade sobre a qual atuará.

Uma pessoa amadurecida pelas experiências de vida é capaz de avaliar determinada realidade e decidir se precisa ou não, se quer ou não, exercer o papel de líder para ajudar a aprimorá-la. Em termos de grupo, portanto, uma pessoa é líder quando decide e efetivamente age visando ajudar na construção de um rumo que mantenha ou altere uma dada situação. Isso independe dela estar ou não investida formalmente em um cargo ou função.

Se a instituição religiosa pode inibir anseios de ver a vida alcançar sua plenitude, a experiência genuinamente espiritual, pelo contrário, é o maior estímulo para que assumamos o papel de líderes, em prol da vida, que nos foi conferido segundo a linguagem poética do autor do livro bíblico Gênesis:

"Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". Disse Deus: "Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês. E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra a todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem rente ao chão".” (1.28-30)

Uma das marcas da pessoa que toma a decisão de viver em comunhão com Deus, levando a sério os ensinos de Jesus é desenvolver sentimentos e pensamentos que priorizam os semelhantes em sua relação de interesses. Por isso, o altruísmo se amplia sobre o egoísmo e o servir predomina sobre o ser servido.

A predisposição para colocar seus olhos à disposição de Deus para enxergar o mundo aumenta consideravelmente seu desejo de ver a vida florescer em todas as dimensões. Isso faz com que seu desejo de liderar movimentos que favorecem o reluzir da vida, seja contínuo e crescente.

Daí ser importante que cada pessoa seja fiel em sua comunhão com Deus e libere-se para exercer liderança (e até deixar-se liderar, quando julgar necessário e oportuno) na área que salta aos seus olhos como sendo relevante para a construção e manutenção de elementos favoráveis à vida..

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O processo de liderança numa igreja batista


A propósito da eleição de novos dirigentes, conselheiros e ministros da IBG
  
Liderar é um processo de interação entre perfis de quem lidera e de quem é liderado. Não é algo que depende somente de suposta capacidade de alguém tido como líder, mas também das qualidades de quem é liderado. Os resultados da ação de um grupo dependem, portanto, da afinidade entre duas partes – líderes e liderados - em quesitos como caráter, valores, motivação, conhecimento e finalidades.

Um líder, então, pode ser extremamente bem sucedido num contexto e não em outro. Pode ver resultados do seu trabalho florescendo rapidamente num lugar e lentamente, ou até não vê-los, em outro. Os fatores de cada circunstância determinam o sucesso do empreendimento.

Isso significa que quem ocupa cargos ou funções de liderança precisa conhecer não somente a missão, visão estratégica, valores, cultura, enfim, da organização, mas também o caráter e a motivação dos liderados.

Claro que, numa situação concreta, os elementos que compõem o palco no qual a história vai desenrolar-se nem sempre são claros. Geralmente, pelo contrário, são um emaranhado que exige muito tempo de observação e reflexão da parte de quem tem a responsabilidade de liderar.

No caso de uma igreja batista, quando um processo de caminhada entre líderes e liderados tem inicio, isso não acontece a partir do nada. O próprio nome IGREJA BATISTA serve de indicador prévio. Ele aponta dois pressupostos: 1) somos igrejas; 2) somos batistas. É a partir desses dois elementos que tudo se desenvolverá.

Tanto a palavra igreja quanto a batista tem uma história. Daí, uma condição essencial para o sucesso na caminhada entre líderes e liderados na igreja é conhecer história. Não somente a história, a etmologia, dessas palavras, mas o significado dado a elas a partir do contexto primitivo de seu uso.

Uma vez que organizações e palavras não são elementos estáticos, congelados, é importante que se saiba o que  se tornaram e o porque do significado que ganharam, no máximo de contextos possíveis.

Se houver conhecimento de ambas as partes do que vem a ser igreja e batista, encontraremos elementos comuns à busca de afinidade, para, a partir daí, afinar caráter, valores e motivação, bem como eleger prioridades, objetivos e metas específicas.

Sem conhecimento da natureza do empreendimento, clareza das finalidades e disposição para subordinar-se a eles, o sucesso da trajetória torna-se mais incerto.

Portanto, diria que um primeiro passo para quem se propõe a liderar numa igreja batista é certificar-se de que líderes e liderados sabem e aceitam o que é ser igreja batista e suas finalidades. Se houver entendimento em torno disso, as probabilidades de acerto nos demais elementos aumentam significativamente.

Em setembro a Igreja Batista da Graça poderá renovar 100% de sua diretoria e de seus ministros de áreas (exceto os cargos ocupados por pessoas contratadas - Pastor-presidente e Ministro de Adoração - que podem ser substituídos a qualquer momento, na forma do estatuto), além de 1/3 do Conselho Diretor, Fiscal e de áreas ministeriais. Além disso, os sócios do Cecom poderão renovar 100% da diretoria e Conselho Fiscal da instituição.

Se não só a igreja é a cara de seus líderes, mas também os líderes são a cara da igreja é fundamental que conheçamos bem nossa história, missão, visão e valores, a fim de que os eleitos representem o que de melhor desejamos para o nosso futuro próximo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ando pensando...


Ando pensando em como:
Pregamos humildade, mas não reconhecemos que nossas opiniões podem estar equivocadas;
Defendemos diálogo, desde que seja com quem pensa igual;
Condenamos radicalismos como postura cotidiana, exceto os nossos;
Falamos de amor ao próximo, mas vivemos “narcisisticamente”;
Criticamos o desenvolvimento insustentável, mas fazemos uso de seus subprodutos;
Discursamos em defesa de um país diferente, afirmando modelos que o mantém igual;
Falamos em modernidade, mas agimos de forma retrograda;
Combatemos a corrupção política, mas mantemos relações clientelistas com políticos;
Defendemos pluralismo, mas vivemos em gueto;
Somos astros em movimentos sociais, mas não enxergamos o necessitado que está ao lado;
Falamos em ética, mas silenciamos quando nos interessa politicamente;
Amamos “missões”, sem nenhum empenho para conduzir alguém a reconciliar-se com Deus;
Enfatizamos a espiritualidade, mas nossas lutas geralmente giram em torno da materialidade;
Proclamamos a importância de relacionamentos, mas vivemos dentro de uma redoma;
Exercemos papéis de lutas por empobrecidos, mas bajulamos quem os empobrece;
Pregamos a unidade no corpo de Cristo, mas somos agentes de divisões;
Proclamamos a importância do indivíduo, mas os tratamos como números;
Lutamos pela liberdade, mas aplaudimos ditadores e ditaduras;
Declaramo-nos democratas, mas agimos autocraticamente;
Falamos em nome do evangelho, mas adotamos uma visão “seletista” dos textos bíblicos.
Ando pensando...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Lembrando-me de meu pai


Perdi meu pai aos 20 anos. Nunca senti necessidade de ir ao cemitério onde seu corpo foi sepultado. Nunca analisei as razões disso, nem achei que tivesse qualquer relevância, pois as lembranças que tinha dele, bem guardadas em meu coração, foram, até hoje, suficientes para acalentar e nortear minha alma.

Se disser que as recordações são somente boas, estaria mentindo. Mesmo esforçando-me para compreender suas razões e colocando-me em seu lugar em alguns momentos de dura disciplina, a dor de algumas surras foi tão horrível que somente um sádico sentiria prazer.

Fui educado no tempo em que não se questionava a prática ou a legalidade do uso de “palmadas” como instrumento disciplinar. Pelo contrário, era comum o uso enfático de textos bíblicos como estes para fundamentá-las:

 “Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura.” (Pv. 23.13-14).
A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela.” (Pv. 22.15)

Das surras, lembro-me de duas. A mais antiga aconteceu quando eu tinha entre 5 e 7 anos. Um caminhão parou na porta de casa. Quando deu partida, dependurei-me em sua rabeira e usufrui de um prazer diametralmente oposto ao da surra que levaria em seguida. Urinei no calção e, de tão envergonhado das visitas que estavam em casa, escondi-me num quarto, onde me vejo encolhido, chorando, até hoje.

Na segunda, tinha entre 8 e 10 anos. Por alguma razão que talvez Freud explique, não consigo lembrar-me do motivo. Mas lembro-me de ter a cabeça colocada entre suas pernas e, sob o clamor de irmãs mais velhas que suplicavam para que parasse, ter recebido infinitas varadas, com uma vara que, durante certo tempo, ficou pendurada na parede da cozinha como alerta.

Depois dessa surra não me lembro de ter levado outra, a não ser mais brandas, da vida.

Apesar disso, sempre acreditei em seu amor, não só porque ele justificava os atos disciplinares - “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga.” (Pv. 13.24) – mas, sobretudo, porque através de muitas outras ações e palavras ele manifestava carinho e cuidado.

Na quarta série a professora procurou minha mãe pra falar da minha situação. Esperava por outra surra, mas naquele dia ele apenas conversou comigo. Ao final do ano, quando lhe dei a notícia da reprovação, ele ficou de cócoras ao meu lado, falou do que aquilo representava pra minha vida e para a dele e, sem surra, chorei.

Empobrecido e bastante trabalhador, ele nunca deixou faltar-nos teto, alimento, vestuário, remédio ou mesmo brinquedo. Nem sempre podendo comprar brinquedos, não me esqueço do bilboquê, do macaquinho marabalista e dos carrinhos, todos de madeira, bem como das pipas, feitos por ele. Até das birocas feitas nas laranjas, cuidadosamente descascadas para chuparmos ou das feitas no chão para jogarmos bolinhas de gude, me recordo.

(Macaquinho equilibrista)
Mais do que isso, sendo um autodidata que vivia lendo, sempre dizia: “não poderei deixar herança pra vocês, tudo que posso dar-lhes é a educação”. E deu!

Deu não apenas o incentivo para estudarmos, mas, com seu exemplo, ensinou-nos a amar a Deus e ao próximo, a trabalhar e sermos honestos. Dos 8 filhos – 6 mulheres e 2 homens – todos continuam empenhados em viver de maneira digna dos ensinamentos recebidos e, inclusive, a se manterem nos caminhos de Deus, integrados em uma igreja.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Título de Cidadão Soteropolitano

Este dia 02 de agosto de 2011 está sendo especial em minha vida por duas razões, pelo menos:
1. 
Porque a 3ª câmara do Tribunal de Justiça da Bahia julgou agravo de instrumento e fulminou de uma vez por todas, unanimemente, a liminar de intervenção movida pelo advogado Narcíso de Oliveira Correia e o desembargador Esequias Pereira de Oliveira  contra a Igreja Batista da Graça e o Centro Comunitário Batista Clériston Andrade, no final de 2010, a qual visava afastar a mim, Edvar Gimenes de Oliveira (pastor-presidente), a secretária Sonia Cerqueira e a tesoureira Margareth Gerbase, da IBG, bem como o presidente Roberto Santos, a secretária Márcia Alencar e o tesoureiro Tales da Paz Queiroz, do Cecom. 

O processo ainda  não está concluido, mas, conquanto a existência do conflito produza tristeza por nossa incompetência para resolver nossas diferenças seguindo princípios cristãos, a decisão traz alegria pelo sentimento de justiça que ela produz.

2.
Porque o Diário Oficial de Salvador publicou resolução nº 2.109/2011 concedendo a mim o Título de Cidadão da Cidade do Salvador, o qual recebo como uma manifestação da generosidade que caracteriza o povo desta cidade a qual servimos com alegria em nosso espaço de atuação.

Por isso registro minha alegria e profunda gratidão a Deus.

(Para ler o documento abaixo, clique sobre ele e, depois, clique novamente para alcançar tamanho adequado)