sábado, 28 de janeiro de 2012

Oração ao Deus desconhecido - Friedrich Nietzsche

"pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio." (Paulo, em At. 17.23)
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A Oração ao Deus Desconhecido
 Friedrich Nietzsche
(Original em Alemão. Tradutor: Leonardo Boff)
"Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares
festivos para que, em Cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:
"Ao Deus desconhecido”.
Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos
sacrílegos.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servi-lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer,
quero servir só a Ti."
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domingo, 1 de janeiro de 2012

Nós venceremos!

Nesse final de ano tive a oportunidade de assistir novamente o filme “My name is Khan” (Meu nome é Khan) que aborda problemas vividos por mulçumanos nos Estados Unidos depois do “11 de setembro”.
Em dado momento, o personagem principal, um autista, testemunha seu drama numa igreja de afro-descendentes no interior da Geórgia. Ao terminar, um adolescente, seguido pela congregação, começa a cantar “We shall overcome” (Nós venceremos), um dos símbolo do movimento liderado por Martin Luther King Jr. na década de 60, cuja letra diz:
Nós venceremos, nós venceremos, nós venceremos um dia.

(refrão) No fundo do coração, sim eu realmente creio que nós venceremos um dia.

Andaremos de mãos dadas, andaremos de mãos dadas, andaremos de mãos dadas um dia.

Viveremos em paz, viveremos em paz, viveremos em paz um dia.

Não estamos com medo, não estamos com medo, nós vamos vencer um dia.

Nem sempre alcançamos o que almejamos na vida, porém, tudo o que alcançamos é precedido de um mínimo de crença na possibilidade de vitória. Começamos a ser derrotados quando deixamos de crer que a vitória seja possível.
Paulo, nos capítulos 7 e 8 da Carta aos Romanos, apresenta não somente lutas que caracterizam a vida, mas também diversas razões que devem alimentar nossa confiança na vitória.
Primeiro, diante dos conflitos interiores entre o bem que desejava fazer e o mal que efetivamente praticava, em vez de deixar-se dominar pelo sentimento de derrota, ele aponta a graça de Deus manifesta em Cristo, como a causa de não se deixar abater. (Rom. 7.25-8.1-2)
Segundo, frente à dor que nos fragiliza, ele ensina que o sofrimento é uma condição de toda a natureza e não somente uma experiência humana. Ele não é a finalidade da existência, mas é inerente à própria condição do ser. Por isso, a perspectiva da superação deve nos animar a enfrentá-lo. (Rom. 8.18)
A própria vida em Cristo, diz Paulo, traz consigo seus conflitos, (Rom. 8.23). Isso se dá, seja pela natural limitação humana, seja pelas escolhas equivocadas, rebeldes até, que fazemos no dia-a-dia.
Deixando claro que a ação de Deus jamais é deliberadamente contra nós, (Rom. 8.28), ele esclarece que o Espírito de Deus nos ajuda em nossas limitações, inclusive na de expressar nossas necessidades. (Rom. 8.26-27).

A ação de Deus, portanto, é sempre no sentido de nos ajudar não somente a superarmos os desafios da vida, mas também, de transformar em nosso favor, até mesmos as experiências negativas.
Dizendo objetivamente que Deus é por nós, (Rom. 8.31), ele cita o fato dEle ter dado o próprio filho Jesus como prova. (Rom. 8.32). Em função disso não devemos temer, pois nenhum indivíduo ou instituição tem poder para nos acusar e muito menos nos condenar diante do criador. (Rom. 8.33-35).
Usando uma série de imagens, ele termina de forma poética, recitando: “Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rom. 8.38-39).
Neste período do ano, fazendo balanço de nossa vida, seja na dimensão espiritual, emocional, intelectual, física, familiar, profissional ou financeira, nós identificamos sucessos, insucessos e até dolorosas derrotas.
Essas experiências, entretanto, devem ser encaradas como transitórias, passageiras. Permanente é o amor de Deus, norteador de nossas ações, em torno do qual nossa vida deve girar. Esse amor é a garantia de que não estamos sós, de que Deus não age deliberadamente contra nós, mas sempre age em nosso favor. Daí afirmarmos, confiantemente: nós venceremos!