terça-feira, 23 de abril de 2013

Para onde está soprando o Espírito de Deus?



“O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito" (Jo. 3.8)

Trago em meu coração a intuição de que estamos em um momento crucial em nossa caminhada ministerial como igreja. Um momento especial para refletir sobre o que ocorre ao nosso redor e, através disso, buscar perceber em que direção "o" pneuma está soprando, a fim de seguir com ele, sendo instrumentos seus. De onde vem e para onde vai não é determinante, afinal, dizemos viver pela fé. Essencial é nos agarrarmos a "Ele".



Digo isso ao olhar para o interior da igreja e perceber que vivemos um momento em que predomina a sensação de bem-estar. Há espaço ministerial e político para agirmos cooperativa e ministerialmente nas diversas dimensões da vida. Temos uma estrutura organizacional e física que nos permitem caminhar bem; uma situação financeira que, se não é suficiente para suprir todas as necessidades ministeriais ou realizar tudo que a percepção faz brotar em nossos corações, está acima da média da condição da maioria absoluta das igrejas com perfil doutrinário semelhante ao nosso.



Algo, porém, tem merecido minha atenção. Estamos com duas das sete áreas ministeriais precisando de ministro; dois líderes de ministérios importantes sendo sondados para deixar nossa igreja e atuar em outros estados e mais um vivendo um momento desafiador em face de enfermidade grave da esposa. Tenho percebido que alguns membros não estão apresentando a mesma disposição e regularidade em relação à caminhada da igreja. Percebido, finalmente que, a despeito da abertura para alternância e diálogo, novos líderes, comprometidos, estáveis, fiéis e regulares em seus compromissos, não têm ascendido.



Talvez, a coincidência disso com minha responsabilidade na presidência da Convenção Batista Baiana em um momento desafiador e consequente presença reduzida no cotidiano, me torne mais atento e sensível aos pequenos movimentos que ocorrem ao meu redor. Mas não deixa de ser motivo para uma reflexão, para um olhar crítico sobre si mesmo.



Sinto, por isso penso que talvez seja o momento de fazermos um balanço geral do que temos sido até aqui e para onde devemos ir. Momento de cada membro da igreja, especialmente aqueles que ocupam cargo de liderança, fazer um balanço de suas próprias vidas na perspectiva da relação com Deus e consequente ação no mundo. Hora de pararmos para, juntos, repensarmos nossa vida como igreja.



Alguém dirá que isso é coisa de coração irrequieto, empreendedor, workaholic até; que, de uma maneira geral, as áreas ministeriais estão cumprindo suas finalidades e, portanto, basta manter o rumo. Talvez sim, talvez não. Pelo sim, pelo não, sinto que a hora é de, no mínimo, pararmos para ouvir mais atentamente o que Deus tem a nos dizer sobre nossa vida, individual e coletivamente.



Não se trata, portanto, de rever estruturas físico-organizacionais ou apenas reavaliar as atividades que são desenvolvidas. Trata-se, tão somente de sintonizarmos nosso coração com o coração de Deus a fim de identificarmos a direção do vento e nos certificarmos de que estamos seguindo no mesmo rumo.



Se este sentimento for só meu, ore por mim; se for nosso, oremos uns pelos outros e busquemos reposta que nos redirecionem, se for o caso.  

domingo, 21 de abril de 2013

Pensando em momentos de tragédia


Estávamos no quarto do hotel, em Juazeiro, e, enquanto nos preparávamos para sair, Odílio comentou uma notícia veiculada pouco antes, do acidente automobilístico que ceifou a vida de dois jovens, noticiada pela televisão. Logo em seguida, já no saguão, Manolo telefonou informando que se tratava de dois filhos – Caio e Ciro - de Carlos e Delamira, membros de nossa igreja.

Como não poderia deixar de ser o choque foi grande. Imaginar a partida de duas vidas jovens é impactante; pensar na vida dos pais, familiares e amigos, diante de perda tão abrupta e dramática é um sentimento muito desagradável; pensar, porém, que a dor é de alguém que faz parte do nosso mundo significativo nos leva, por uma questão de empatia, a sentir um pouco mais da imensa dor dos que ficaram sem uma parte de si.

Entre um momento e outro da agitação que caracterizou esse meu final e início de semana, o assunto voltou à minha mente diversas vezes. Pensei muito no que significa ficar sem filhos. Gláucia deixou Itacoatiara, no Amazonas aos 18 anos e eu, Garça, SP, aos 20. Nossos pais ficaram pelo menos 3 mil quilômetros para trás, numa época em que só quem tinha muito dinheiro viajava de avião, telefone interurbano era uma fortuna e internet, nos termos conhecidos hoje, era ficção. Porém, só viemos a perceber o que isso teria representado para nossos pais, depois que a filha passou a viver nos Estados Unidos e o filho na Dinamarca.

Se uma separação é dolorosa, ainda que possamos nos ver pela internet a qualquer momento que desejarmos, pensei no quanto é dolorosa dor de uma separação que nos força a viver de lembranças. Senti isso quando meu pai partiu aos 54 anos. Estimulo, portanto, àqueles que têm seus filhos – e pais - por perto, a valorizarem ainda mais o tempo que podem estar juntos.

Pensei muito, também, no quanto precisamos fortalecer a consciência do perigo que um carro representa e da falsa ilusão de segurança e até mesmo de poder que experimentamos quando estamos dentro de um. Isso não ocorre somente com jovens. O motorista que nunca “pisou o pé” no acelerador mais do que devia, que atire a primeira pedra. Acidentes acontecem, mas a experiência pode e deve servir-nos de alerta.

Ao agradecer à igreja que, na minha ausência, esteve presente na vida da família, peço que continuemos orando a fim de que o Senhor fortaleça seus corações, mesmo em meio à perda tão significativa e de difícil aceitação.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Para iniciantes no ministério

Se acha que onde estou seria um ponto desejável de chegada,
não pense em começar da forma como estou terminando.
Seria o mesmo que construir 10 andares sem fazer a fundação.
Pra terminar como estou terminando, muita coisa enterrei.


Enterrei o desejo, ainda que não a tentação, de ocupar cargos pelos cargos e não pelos encargos.
Enterrei o desejo, ainda que não a tentação, de ser famoso.
Enterrei o desejo, ainda que não a tentação, de agradar quem detinha algum poder.
Enterrei o desejo, ainda que não a tentação, de ser notado e não notável.
Enterrei o desejo, ainda que não a tentação, de falar o que a maioria falava para me sentir aceito.
Enterrei o desejo, ainda que não a tentação, de falar o que supunha ser o que se queria ouvir.
Enterrei o desejo, ainda que não a tentação, de nadar a favor da maré para evitar obstáculos.
Enterrei o desejo, ainda que não a tentação, de trocar liberdade por emprego e renda.
Enterrei o desejo, ainda que não a tentação, de aparentar nunca ter dúvidas ou fraquezas.

E se estou terminando da forma que estou, não foi porque sabia o resultado de cada escolha.

Não.

Muita escolha foi feita com convicção em meio à escuridão.
Muita escolha foi feita com lágrimas em meio à dor.
Muita escolha foi feita carregada de dúvidas em meio a alternativas agradáveis.
Muita escolha foi feita seguida de erros que geraram forte sentimento de culpa.
Muita escolha foi feita ferindo outros e me ferindo.
Muita escolha foi feita tendo que enterrar supostas amizades.
Muita escolha foi feita sem poder sequer remediar seus efeitos colaterais maléficos.
Muita escolha foi feita preciptadamente, sem poder voltar atrás.
Muita escolha foi feita causando dor à família.

Mas, claro, muito resultado trouxe alegria a mim e aos que me cercavam.
Muito resultado serviu de legado cujo efeito positivo terá vida longa.
Muito resultado foi gente querendo amar mais, servir mais, dar-se mais.

Então, se acha que onde estou seria um ponto desejável de chegada,
disponha-se a pagar o preço de cada noite mal dormida;
de cada manifestação de desafeto percebida;
de cada porta em sua cara batida;
de cada crítica pelas costas recebida.

Se algo em minha vida te serve de inspiração
Reflita se isso é boa referência ou se é uma tentação.

Em tempo: Se digo que enterrei o desejo, isso indica que reconheço que ele um dia existiu. Se admito a tentação é porque acredito na ressurreição. "Oh vida, oh céus", oh infernos!!!


Bobagem

Só não diz bob-agem quem nada diz
Só não pensa bob-agem quem nada pensa
Só não lê bob-agem quem nada lê
Só não sente bob-agem quem nada sente
Só não vê bob-agem quem nada vê
Só não ouve bob-agem quem nada ouve
Só não faz bob-agem que nada faz
Só não é bob-agem quem nada é
Ou não?