quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Amores e desamores

De repente as comportas se abriram
A explosão foi ouvida à milhas
As ondas se reproduziram em ondas
Não houve como passarem despercebidas
O movimento foi assustador
Uma espécie de atropelamento em massa
Feridas se abriram, sangue foi jorrado
Margens foram se rompendo
Deixando tudo ao redor como que gemendo
A beleza foi amedrontadora
A cena gerou uma mistura de sentimentos
A pele era predominantemente branca
A espuma maravilhosamente brilhante
A força criminosamente destruidora
Uma verdadeira explosão de riso
Uma verdadeira catarse de libertação
A poeira cobria o ar
As marcas ficavam no chão
A terra molhada foi sendo sufocada
O atropelamento deu lugar à caminhada
Um leito foi formado
Um curso começou a ser seguido
As marcas da destruição estavam gravadas
Já nåo se sabia se a beleza do movimento
Se a excitação do som
Se o embaralhar das cores
Compensava os efeitos e os horrores.
Amores e desamores.

domingo, 6 de setembro de 2015

Intolerância religiosa

Nessa quinta-feira, estive falando sobre intolerância religiosa a alunos do ensino médio do Colégio Padre Vieira, SSA, a convite de Luana Chacra. Também falaram naquela tarde, representantes do catolicismo,  candomblé e espiritismo.

Nas origens dos batistas, o valor liberdade de religião, crença e pensamento mereceu defesa. Hoje, para alguns, levantar tal bandeira seria desvantajoso, em face da competição no mercado da fé. 

Na última assembléia da Convenção Batista Brasileira, em Gramado, um orador norte-americano bradou: nós venceremos o islamismo. Fiquei pensando não somente no quanto religião e política andam juntas, mas também no tipo de política (e de religiosos políticos) que escolhemos para parceria. 

Se defendo a liberdade religiosa, mas convido para ensinar numa casa de formação de pastores ou pra falar ao povo batista alguém que não respeita o direito do outro crer ou não crer ou, pior, que trata o outro como inimigo a ser vencido por sua escolha religiosa diferente da nossa, isso indica falta de coerência entre discurso e prática. Nossa prática é o nosso verdadeiro discurso, nossa verdadeira teoria.

Já passou da hora de não apenas levantarmos esta bandeira, mas de agirmos coerentemente com ela. Se nossa fé é de boa qualidade, vivê-la intensamente é suficiente. E para que outros também possam abraçá-la, atacar a fé alheia é totalmente desnecessário. 

Foi-se o tempo de justificar a necessidade de avanço missionário tendo como referência o espaço demográfico ocupado por outras religiões. Isso não é motivação missionária, é guerra religiosa, é disputa de mercado, é despertar instintos animalescos.

Se queremos dialogar sobre nossas diferenças, que isso seja feito em nível respeitoso e não em termos belicosos. Se queremos proclamar nossa fé - isso faz parte da natureza humana e é um direito seu - não há necessidade, para isso, de atacar a do outro. Basta relacionarmos os benefícios individuais e coletivos da mensagem que pregamos e enfatizarmos isso.

Já há motivos demais para violência em nosso país. Se não posso corrigi-los todos, será uma grande contribuição à cultura da paz não alimentar desrespeito religioso em nosso raio de convivência. Religião deve ser instituto de paz, não de violência.