Verdadeiro amor?
Há quem diga que o verdadeiro amor entre duas pessoas acontece depois do
casamento.
Não gosto muito da expressão "o verdadeiro isso", "o verdadeiro
aquilo". Quem pode afirmar se antes era ou não verdadeiro, ou se o que
alguém experimentou foi verdadeiro ou não, ou se a compreensão de alguém
transformada num discurso bem elaborado é verdadeira ou não?
O que consigo enxergar é que o amor pode ser "verdadeiro", mas a
pessoa pode não estar preparada para vivenciá-lo em toda a sua plenitude, em
determinada circunstância. Então a relação fica comprometida não pelo amor não
ser verdadeiro, mas pela pessoa não conseguir ou não se dispor a levá-lo às
últimas consequências. Exemplo? A resposta sincera de Pedro, no famoso "tu
me amas". Seu amor por Jesus não era o Ágape, admitiu, mas tão sincero que
Jesus disse: "apascenta as minhas ovelhas".
(O fato de nem todos desenvolverem um nivel profundo de abstração para analisar
sentimentos e distinguí-los, não quer dizer que não sejam capazes de
vivenciá-los. Experiência, elaboração, definição da experiência, resignificação
da experiência e nova experiência são fases que, na prática, se misturam. Não
são, portanto, lineares. A ocupação com a análise e distinção da experiência
não parece ser do interesse de todos, conquanto seja importante).
O que leva duas pessoas à construção de uma relação são sentimentos e
motivações que no início, geralmente não são muito claros ( Amizade? Dinheiro?
Sexo? Poder? Status? Etc). A convivência vai "acrisolando" o tipo de
sentimento e atitude de um para com outro. Quanto mais testados e resistentes,
mais se consolidam. Isso seria amor "verdadeiro"?
Isso me vem à mente, sem maiores pretensões, ao olhar pra Gláucia dormindo ao
meu lado num quarto de hotel (depois de uma perfeita viagem de cinco horas de
carro pelas estradas da Bahia) e pensar nos mais de 31 anos juntos, colados, na
alegria e na tristeza ... bla, bla, bla, bla, bla bla, bla, bla, bla. (Edito:
Não só alegrias e tristeza, bla, bla, bla, provocadas por fatores externos a
nós dois, mas também nas que provocamos um ao outro)
E pra não matar o "vício" de escrever, escrevo e saio de cena!
(Postado inicialmente no Facebook, em fev de 2014)
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