terça-feira, 15 de abril de 2014

E a vida continua

Se há uma lição evidente na narrativa bíblica relacionada à ressurreição de Jesus, essa é a de que a vida continua. O texto nos diz que Jesus foi crucificado, morreu, foi sepultado e ao terceiro dia ressuscitou.

Sim a vida continua. Assim tem sido ao longo de milhões de anos, não só em relação à vida humana, mas também em relação a todas as suas múltiplas manifestações. Elas estão aí e a história, como a concebemos e conhecemos, comprova.

Ninguém pense que a morte é o fim da vida. A morte é uma atriz coadjuvante que tão somente evidencia a robusta realidade da vida. Vida e morte são apenas duas faces de uma mesma moeda que coexistem. Assim como não há moeda de uma face só, também não há como separarmos os fenômenos “vida e morte”.

Não morremos. Apenas nos transformamos. Isso não é um discurso religioso de consolo, de “autoajuda”. É um fato. O russo Mikhail Lomonossov  teria reconhecido o princípio da conservação, 14 anos antes de Antoine Laurent de Lavoisier grafar:  “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.  Mas, se preferimos a linguagem bíblico-religiosa, eis as palavras de Paulo:

“Mas alguém pode perguntar:
"Como ressuscitam os mortos?
Com que espécie de corpo virão? "

Insensato!
O que você semeia não nasce a não ser que morra.
Quando você semeia, não semeia o corpo que virá a ser, mas apenas uma simples semente, como de trigo ou de alguma outra coisa.
Mas Deus lhe dá um corpo, como determinou,

e a cada espécie de semente dá seu corpo apropriado.

Nem toda carne é a mesma:

os homens têm uma espécie de carne,
os animais têm outra,
as aves outra,
e os peixes outra.
Há corpos celestes e

há também corpos terrestres;
mas o esplendor dos corpos celestes é um,
e o dos corpos terrestres é outro.
Um é o esplendor do sol,

outro o da lua,
e outro o das estrelas;
e as estrelas diferem em esplendor umas das outras.

Assim será com a ressurreição dos mortos.

O corpo que é semeado é perecível e ressuscita imperecível;
é semeado em desonra e ressuscita em glória;

é semeado em fraqueza e ressuscita em poder;
é semeado um corpo natural e ressuscita um corpo espiritual.

Se há corpo natural, há também corpo espiritual.”
( I Cor. 15:35-44)

Embora a vida tenha poder natural de recuperação, nós, seres humanos, cooperamos para que ela “floresça” ou “murche”. E, lamentavelmente, temos contribuído mais para sua destruição do que para sua manutenção e fortalecimento.

A ressurreição de Jesus, entretanto, está aí para revigorar nossa esperança. A morte é apenas uma curva acentuada na trajetória da vida, jamais o retrato do fim. Pelo contrário, marca o início de outra forma de vida. Nesse sentido Jesus também se pronunciou:

“Digo-lhes verdadeiramente que,
se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só.
Mas se morrer, dará muito fruto.”
(Jo. 12.24)

Se isso é verdade no plano físico, não o é menos, no plano espiritual. Mesmo que o viver de um ser humano ou de toda uma sociedade apresente mais sinais de morte do que de vida, a ressurreição nos lembra de que se nos “aliarmos” a Deus em favor da vida, ela prevalece sobre a morte. E a morte final não será vista como final, mas como um reinício noutro formato.

Nesse espírito, celebremos a ressurreição de Jesus, pois, além do significado teológico salvífico que nos traz, há nela também um significado existencial, psicológico, não menos importante, que nos inspira a continuar investindo nesta dádiva denominada vida abundante, alcançada em Jesus, o Cristo.

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