quarta-feira, 20 de junho de 2012

Terceira Idade - 20.06.12 - 59/100 dias de oração pelo Brasil

Gosto do mandamento que diz: "Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá" (Ex. 20.12), pois ele também nos remete à questão da "terceira idade". O texto não visa orientar-nos  a tratar os pais com honra somente em caso de idade avançada, mas sabemos que a probabilidade deles precisarem de nós aumenta, à medida que a idade avança. Então, cuidar deles e ensinar os filhos a fazerem o mesmo é a melhor maneira de garantirmos o prolongamento da vida humana, inclusive a nossa.

Alguém poderia dizer: "esta não é a melhor motivação, pois traz em si uma dose elevada de egoísmo". Pode até ser, mas ter consciência de que um dia chegaremos lá e precisaremos de maior cuidado não deixa de ser uma boa motivação para cuidarmos bem dos que lá já chegaram. Se assim não fosse, Jesus não teria cunhado a idéia: "Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles". (Lc. 6.30) 

  Em maior ou menor grau, todos precisam de maior suporte na "Terceira Idade". Lembremo-nos: o avanço científico-tecnológico aumenta o tempo e melhora a qualidade de vida, mas não é capaz de paralisar o processo de envelhecimento e a realidade do fim desta vida, inclusive da minha e da sua.


Evidente que há razões, digamos, mais profundas para o respeito à "Terceira Idade". O respeito à vida e, especificamente, ao ser humano, por exemplo, é uma delas. Quanto mais aprendemos a respeitá-la, a valorizá-la em suas múltiplas manifestações, maior será nosso respeito a todas as pessoas.  Os idosos, entretanto, devem merecer destaque tanto pelo acúmulo de experiências e conhecimentos que beneficiam a trajetória humana, quanto pela própria condição de menor vigor e percepção que os caracteriza. 

A questão é que respeitar a vida não tem recebido a devida valorização, inclusive pelo espírito extremamente materialista que caracteriza nosso tempo. Estamos cada vez menos olhando o outro como criado a imagem e semelhança de Deus e cada vez mais como um competidor, uma ameaça, uma pedra em nosso caminho ou um objeto a nosso serviço.

Lembro-me de um dirigente de banco que, conversando comigo, depois de ter tomado "algumas", disse: "pastor, cheguei onde cheguei porque, cada vez que um cliente estava do outro lado da mesa em busca de empréstimo, eu pensava: este cara quer me roubar, preciso me cercar de todos os cuidados possíveis".

 Outro aspecto: não basta sermos ensinados a  valorizar a vida, a olhar o outro de maneira favorável, se as estruturas que sustentam a sociedade nos conduzirem em direção oposta.  Por exemplo: quanto menor a oferta de empregos e maior o número de pessoas necessitadas deles, mais o outro se torna uma ameaça. Respeito mútuo, portanto, é sim, uma questão de espiritualidade e de educação, mas acentua-se de acordo com a forma como a sociedade se estrutura.
Então, pouco adianta enfatizarmos o valor do idoso se não fomos ensinandos a respeitar o ser humano, nem desenvolvermos estruturas sociais nas quais a cooperação fale mais alto do que a competição, especialmente a competição sem ética.

Os idosos precisam de nossa atenção e é bom que haja interesse por suas necessidades e direitos, mas melhor será se houver investimento no direito de todos, em todas as fases da vida.

Oro por minha própria vida e convido-o também
a orar pela sua. Oremos e trabalhemos por estruturas sociais mais justas e amorosas. Oremos pela maneira como enxergamos o outro, com destaque para uma maior consciência da importância do cuidado com o idoso.

Abraços do seu pastor

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