terça-feira, 17 de julho de 2012

Plantação de Novas Igrejas em Áreas Urbanas - 15.07.2012 - 84/100 dias de oração pelo Brasil

Não sei se em sua cidade ocorreu fenômeno semelhante ao ocorrido no Recife, no início da década dos 90. Em face do baixo índice de oferta de emprego, cresceu de forma espantosa a quantidade de carrinhos de "cachorro-quente" em "furgões" da Fiat. Em cada 50 mts da  Avenida Boa Viagem, por exemplo, havia um desses carros cercado de pessoas bebendo e comendo cachorro-quente. Foi uma febre ou, como diriam outros, uma veradeira peste.

Fenômeno semelhante ocorreu em relação ao surgimento de igrejas. Descobriu-se que alugar uma sala, com meia dúzia de cadeiras de plástico e um púlpito, colocar uma placa com o nome de "Igreja tal" e era o suficiente. Em questão de dias um público se reunia, ofertas eram levantadas e ninguém se preocupava com o que era feito com elas, nem ninguém se interessava com os fundamentos do que se pregava, desde que palavras de ânimo e de promessas fossem repetidas. Se o dono do ponto estava ali apenas levantando seu sustento, e daí?

Assim, em cada cado de esquina surgiu uma igreja, a maioria usando a, até então, forte marca "evangélica" ou até mesmo "batista", sem nada a ver com o que elas significaram ao longo dos anos. A associação de tais igrejas a ponto comercial não se dava somente pelo levantamento de dinheiro sem qualquer prestação de contas, mas também pelo surgimento de uma ao lado da outra, como o comércio faz em relação a produtos comuns - venda auto-peças, produtos eletrônicos, etc...

Na Avenida Caxangá, tida com a mais longo em linha reta do país, a Assembléia de Deus resolveu concorrer com a Renascer, a Universal e a internacional da Graça e alugou diversos pontos, colocando nelas sua marca centenária, em letras garrafais.

Aos críticos respostas prontas eram dadas: "melhor um ponto de pregação do que um ponto de venda de bebida alcoólica". Outros, com ares de espiritualidade e conhecimento bíblicos declaravam:"Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade;   Estes o fazem por amor, sabendo que aqui me encontro para a defesa do evangelho.  Aqueles pregam Cristo por ambição egoísta, sem sinceridade, pensando que me podem causar sofrimento enquanto estou preso.
Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro." (Fl 1.16-18)

Sobre a vida de quem planta igreja com quem planta batata (ou se plantava antigamente, antes do agronegócio) não tenho nada a declarar. Que o Senhor os julgue. Mas que isso trouxe danos profundos ao evangelho de Jesus Cristo, disso não temos dúvidas. Basta avaliar o perfil e tipos de compromissos do neo-evangélico brasileiro.

Entretanto, a despeito disso, plantar igrejas, não somente é algo bom como necessário. Precisa-se apenas ter clareza das motivaçõe e dos objetivos que se pretende alcançar, a fim de verificar se são compatíveis com os ensinos e propósitos mais claros e aceitos dos evangelhos. Plantar igrejas desconsiderando a vida e ensinos de Jesus, pode significar a multiplicação de cegos dirigentes de cegos. Pode tão somente servir aos interesses daqueles que querem que nada mude espiritual e eticamente na vida das pessoas e da sociedade, contrariando o que lemos nos evangelhos.

Criticar o que está sendo feito de errado, mas não mover uma palha para fazer ou cooperar para que se faça o que consideramos certo, também não leva a lugar algum. O importante é, cientes dos equívocos que se tem cometido, trabalhar para que acertos prevaleçam na plantação de igrejas, colaborando assim para que muitas vidas sejam salvas (no sentido mais profundo da palavra), restauradas e o nome de Deus seja glorifica em sua criação.

Abraços do seu pastor,

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