Sua vocação, a igreja e a Convenção Batista
Deus vocaciona indivíduos.
Assim nos demonstra a história. Ele os vocaciona para uma missão, um
ministério. As missões e os ministérios são múltiplos. Podem manter-se os mesmos
por toda uma vida ou podem sofrer variações na trajetória. Mas, como disse, a
história aponta que Deus vocaciona indivíduos e, diante do chamado, cada um responde
da melhor maneira que suas circunstâncias permitem.
Todos somos vocacionados a
viver a vida de tal forma que, em todas as suas dimensões, ela se desenvolva de
maneira saudável, ou, numa linguagem sacerdotal, santa. Daí sermos chamados em
Cristo para viver em comunhão com Deus, demonstrando isso em todas as áreas de
atuação.
Nosso chamado não se restringe,
portanto, ao desenvolvimento de atividades no campo da religião. Deus nos chama
para sermos sal e luz na saúde, na economia, na educação, no lazer, enfim, e também na
religião. Seja, porém, para qual área for o nosso chamado, ele deve ser
desenvolvido tendo Jesus como parâmetro.
O dinheiro, conquanto seja
necessário, não deve reger nosso chamado, ser senhor de nossas vidas. Não é em
função dele que desenvolvemos nossa vocação. Ele é necessário, mas não preenche
as necessidades mais profundas de nossa existência. Deus deve ser o Senhor de
nossas vidas no desenvolvimento de nossa vocação e tudo o que temos e somos
deve ser vivido de acordo com os valores do seu Reino, em favor da vida.
A sociedade tem mecanismos de
preparação dos indivíduos para o exercício de suas vocações que, geralmente,
não inclui o preparo espiritual. Cientes de que isso causa danos à vida,
especialmente na convivência humana, à igreja cabe investir no preparo de seus
membros a fim de que suas ações sejam norteadas pelo compromisso com o Reino de
Deus.
À Igreja, como agência cuja
missão visa primeiramente (não exclusivamente) o fortalecimento da dimensão
espiritual da vida, cabe redobrar seus esforços para que a espiritualidade
ocupe prioridade em nossa escala de valores, ajudando vocacionados ao
ministério do desenvolvimento espiritual, a se prepararem da melhor maneira
possível.
A despeito, entretanto, do
papel da igreja, o vocacionado não deve responsabilizá-la pelo desenvolvimento
ou não de sua vocação de preparar-se e
dedicar-se com exclusividade ao seu chamado espiritual. A ele cabe
procurar os meios adequados para cumprir o chamado que move seu coração, pois
ele prestará contas a Deus do seu chamado.
À igreja, pela natureza de sua
missão, cabe reconhecer o vocacionado e apoiá-lo no desenvolvimento do seu
chamado. Ela não deve ser confundida com uma empresa que oferece preparo
visando contar com mão de obra qualificada para disputar e manter seu espaço no
mercado. Embora a igreja precise de pessoas preparadas para o bom funcionamento
de suas estruturas, ela não deve perder de vista sua natureza espiritual e sua
missão no mundo e não girar em torno de si mesma.
À igreja cabe ajudar o
vocacionado no preparo e sustento, a fim de que ele cumpra da melhor maneira
possível, mas se a igreja falhar nesse papel, cabe ao vocacionado encontrar
maneiras de desenvolver a sua vocação. O chamado é dele.
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