Fazer missões
Somos o que somos porque nos relacionamos, nos percebemos, nos enxergamos, nos ouvimos, nos tocamos, nos comunicamos. No outro nos vemos e existimos. Por isso, com o outro trocamos palavras, afetos e experiências. Na troca, nos construímos e reconstruímos durante toda a caminhada da vida.
Compartilhamos nosso saber em todas as áreas da existência visando uma caminhada individual e coletiva mais feliz. Trocamos conhecimentos e experiências nas áreas da saúde, economia, lazer, transporte, comunicações, enfim, em todas as áreas que afetam nosso ser no mundo.
Não poderia ser diferente, portanto, na área espiritual. Nela também temos necessidades a serem atendidas e experiências e conhecimentos a serem compartilhados. A esse compartilhar damos o nome de “missão”, na linguagem religiosa.
Por ser algo essencial à existência, por haver manifestações inequívocas dos profundos prejuízos que a falta de cuidado com esta dimensão da vida causa à individualidade e a coletividade, temos o forte impulso de buscarmos permanentemente respostas para nossas inquietações. Quando as encontramos, não resistimos ao desejo de dividir não somente com os que nos cercam, mas também com os que estão distantes de nós.
Claro que diferentes motivações podem brotar, quando nos unimos a outras pessoas com experiências semelhantes e nos organizamos institucionalmente em grupos chamados de igrejas para aprofundar e difundir tais experiências e conhecimentos. Se não ficarmos atentos, tais motivações podem sufocar as razões que nos levaram a nos unirmos.
Exemplo disso é quando a igreja passa a ser um empreendimento meramente econômico, visando aumentar sua receita e patrimônio ou movimento político, visando impor seu modo de ver a vida a todos os demais seres.
É inevitável que elementos da economia ou da política transpareçam em nossas ações, pois a vida é fruto de um conjunto de sistemas que se interrelacionam. Porém, precisamos ter clareza de qual é a motivação central de nossa existência institucional, a fim de não a sufocarmos.
Nossa motivação nos impulsiona a fazer missões a partir do que somos e a apoiar outros a fazerem missões, a partir do que são. É a partir da visão de que temos diferentes dons que entendemos o agir missionário de cada pessoa no mundo.
Isso deve nos levar a entender que fazer missões não é uma atividade na qual a igreja é vista como uma empresa de pesca competindo para provar sua capacidade de pescar mais do que empresas da mesma natureza e até, se possível, pescar peixes da concorrente. Fazer missões é compartilhar o que somos e temos visando ajudar na construção de uma vida mais feliz a partir do que cremos ser revelação divina para sua criação.
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