segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

"Os cristão batistas em Pernambuco..."

Estive na Biblioteca do STBNB fazendo uma pesquisa e, dentre os livros, tive acesso a este, "Os cristãos batistas em Pernambuco...", de Francisco Pereira, o qual recomendo.

Apenas para registro, por se tratar de história da qual fiz parte em um período, ficam as seguintes observações, visando subsidiar eventuais pesquisadores:

1. Página 399

Assembléia Convenção Batista de Pernambuco (out/1991)
A presidência da diretoria: Israel Dourado Guerra, Edvar Gimenes de Oliveira e Livingstone Cunha. (Livingstone deixou a Secretaria em 1991 - por isso pode fazer parte da diretoria - e não em 92 como apresentado na página 400).

Esta diretoria - Israel, Edvar e Livingstone - dirigiu a Assembléia de Arcoverde (out. 91) e a de Bairro Novo (out. 92), pois foi a diretoria da transição. Até Arcoverde, a eleição ocorria na sessão de abertura, como mandava o estatuto e era responsável até a eleição  na abertura da Assembléia seguinte.

A partir daí (na Assembléia de Olinda), a eleição passou a ocorrer na penúltima sessão. Por essa razão, a diretoria que tinha na presidência Israel, Edvar e Livingstone dirigiu duas Assembléias: da abertura  da de Arcoverde (out/91) ao encerramento da de Olinda (Out. 92)

(Como não havia impedimento estatutário até a reforma estatutária de 91 em Acoverde, na Assembléia de Olinda eu era vice-presidente (eleito na abertura de Arcoverde) e diretor do CAB. A partir daí, funcionário da CBPE ou suas instituiçōes foi impedido de participar da diretoria).

2. Pag. 401

Ney Ladeia (Página 401) - Quando Ney era pastor da Igreja Batista do Zumbi ele não era capelão no CAB. Era professor de ensino religioso. Deixou o cargo de professor para trabalhar na trabalhar na JEVAN em 92. Alguns anos depois, quando deixou a JEVAN voltou a trabalhar no Colégio como capelão.

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A primeira observação pode ser confirmada no Livro de Atas da CBPE. A segunda, somente em boletins semanais do CAB que foram encadernados e deixados nas bibliotecas do CAB e STBNB.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Trilha para sucessão pastoral

Era um concílio para examinar um colega de turma com vistas ao pastorado. A reunião acontecia numa grande igreja de interior no nordeste. Um líder, depois de ouvir para onde o candidato iria, pediu a palavra e, em tom reprovador, declarou que não era para aquela igreja que ele gostaria que o candidato fosse.

O candidato reagiu dizendo algo como: esta é a sua vontade, mas não é a de Deus. Como o senhor não é Deus, não irei para onde o senhor gostaría. O líder, silenciosamente, sentou-se.

O conflito de vontades faz parte da experiência humana. Acontece entre pessoas e também na relação com Deus.

Afinar a vontade de pessoas parece-me um desafio maior. Os motivos, interesses e escalonamento de valores são diferentes, nem sempre conscientes e transparentes, e não há, nem nunca houve neste planeta, pessoa capaz de atender em 100% as expectativas de outra. Muito menos de um grupo de outras.

Quando se trata de escolher um pastor, uma trilha de conciliação seria *relacionar* diversos aspectos definidos por envolvidos e pedir a quem vai decidir que marque, para cada um deles, quais das seguintes categorias retrataria melhor seus sentimentos e pensamentos: "muito importante", "importante", "pouco importante" ou "sem importância".

A partir disso, procuraria-se alguém que mais se aproxima daquilo que é entendido pela maioria como "muito importante" ou "importante", deixando em segundo plano os "pouco importantes" ou "sem importância" à maioria da igreja.

Perceba-se que, nesse caso, é a vontade humana que se estaria buscando reconhecer.

Há quem defenda que afinar-se à vontade Deus seria menos difícil. Bastaria elencar princípios do reinado de Deus, manifestos na vida e ensinos de Jesus, confrontá-los com os motivos que movem os corações dos que têm que decidir em busca de afinação entre as duas vontades - divina e humana - e seguir adiante, confiando na graça divina.

O problema é que há situações excepcionais nas quais o agir de Deus se manifesta de maneira imprevisível, misteriosa. Lucas, por exemplo, conta que Paulo e seus companheiros foram impedidos, pelo Espírito, de pregar a palavra na Ásia e na Bitínia e, depois, através de sonho "concluiram" que Deus os tinha chamado à Macedônia.  (At. 16:6-10).

Um  bom caminho, então, seria conciliar muita e sincera oração, com aquilo que as pessoas que decidirão consideram muito importante, buscando harmonia com o reconhecimento e priorização dos valores espirituais do reinado de Deus, manifestos em Jesus.

Seguir por esse caminho aumenta significativamente as chances de acerto.  E, se houver erro, que cada um seja humilde para reconhecer o seu e, nesse espírito, colaborar para corrigir a rota.

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*Ilustração de pesquisa para definição de perfil pastoral

Estas perguntas têm por objetivo:

A) Ajudar os membros da igreja a terem uma visão ampla do que pode envolver a vida ministerial de um pastor. (É, portanto, essencial que antes de responder se faça uma leitura geral);

B) Ajudar a igreja a ter clareza do que é essencial no perfil de pastor que buscará;

C) Facilitar o trabalho da Comissão de Sucessão Pastoral na classificação de nomes que efetivamente participarão do processo.

As perguntas que seguem são apenas ilustrativas, podendo ser alteradas ou suprimidas de acordo com a valorização da Comissão que a elaborará ou, ainda, podendo receber outras que não aparecem nesta ilustração.

1. ASPECTOS MINISTERIAIS
1.1. Que o pastor se dedique exclusivamente à Igreja
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

1.2. Que o pastor dedique tempo à visitação dos membros
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

1.3. Que o pastor dedique tempo a aconselhamento
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

1.4. Que o pastor dedique tempo à administração eclesiástica
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

1.5. Que o pastor dedique tempo à preparação dos sermões e estudos bíblicos
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

1.6. Que o pastor dê expediente diário na sede da igreja
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

1.7. Que o pastor exerça magistério em instituição batista
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

1.8. Que o pastor já tenha experiência ministerial comprovada
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância


2. ASPECTOS LITÚRGICOS

2.1. Que o pastor use paletó e gravata nos cultos dominicais
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

2.2. Que o pastor pregue em todos os cultos dominicais
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

3. ASPECTOS DENOMINACIONAIS

3.1. Que o pastor seja formado em seminário batista reconhecido pela ABIBET da CBB
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

3.2. Que o pastor seja filiado à Ordem dos Pastores Batistas do Brasil
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

3.3. Que o pastor participe de assembléias das convenções batistas
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

4. ASPECTOS FAMILIARES
4.1. Que o pastor seja casado
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

4.2. Que a esposa do pastor exerça cargo na igreja
( ) Importante
( ) Pouco importante
( ) Muito importante
( ) Sem importância

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Jesus e a rivalidade

Fazendo uma leitura bíblica para iniciar a preparação da mensagem que compartilharei no próximo domingo, à tarde, me deparo com o seguinte registro de João: “Os fariseus ouviram falar que Jesus estava fazendo e batizando mais discípulos do que João, embora não fosse Jesus quem batizasse, mas os seus discípulos. Quando o Senhor ficou sabendo disso, saiu da Judeia e voltou uma vez mais à Galileia.” (João‬ ‭4:1-3)

Deixei de lado o foco da preparação da mensagem para refletir em como, até mesmo na realização de atividades relacionadas ao Reino de Deus, pessoas com segundas intenções, especialmente travestidas de roupagem religiosa, encontram uma forma de criar conflitos.

João batizava. Os discípulos de Jesus batizavam. Batizar é um ato simbólico, cujo significado inclui reconciliação, pacificação de relacionamentos. Mas aos ouvidos fariseus, isso era o menos importante. Importante para eles era gerar conflito e, para isso, nada melhor do que semear a competição, fazendo uma maliciosa comparação: "Jesus" batiza mais do que João.

Quem nunca vivenciou isso nos corredores de nossas instituições religiosas? Quem nunca se deparou com alguém comparando as qualidades de um líder em relação a outro? A pregação de um pastor em relação a outro? A eficiência administrativa de um dirigente em relação a outro? O conhecimento bíblico de um professor em relação a outro?

Não é problema reconhecer as qualidades de alguém. A quem honra, honra. A questão é a comparação maliciosa, geradora de rivalidade, que visa enfraquecer alguém, semeando desavença.

Tocou-me, entretanto, o fato de Jesus se retirar do ambiente. Sua presença ali não seria benéfica aos propósitos do Reino. Permanecer ali serviria de munição para os fariseus. Certamente também criaria problemas entre os discípulos dele e os de João e isso não fazia parte de seu ministério.

Não que Jesus não se envolvesse em conflitos. Ele virou as mesas dos cambistas, tratou o rei Herodes como "raposa velha", enfim, ele era pacificador, mas não era pacifista. A diferença é que ele sabia escolher quais conflitos precisavam ser enfrentados e quais ser evitados.

Esse conflito - quem batizava mais - não agregaria nada de útil ou benéfico à vida das pessoas ou ao seu ministério. Diante disso, sua atitude foi exemplar: "deixou a Judéia e retornou à Galiléia".

Fica a dica. Quando o ambiente dá sinais de favorecer a rivalidade entre agentes do Reino, melhor seguir o exemplo de Jesus: retirar-se.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Michelle Bolsonaro e a causa dos surdos

"Nossa cabeça pensa, onde pisam nossos pés!"

A Primeira Dama, Michelle Bolsonaro, roubou a cena no dia da posse do Presidente da República, ao discursar em LIBRAS, no parlatório, antes do seu marido. O ato foi simbólico sobretudo por trazer a debate os desafios enfrentados pelos surdos, uma parcela da população brasileira cujos problemas são desconhecidos ou ignorados pela maioria.

Criada na perifera de Brasília, Michelle teria se dedicado a aprender a Lingua Brasileira de Sinais - LIBRAS - pelo fato de ter convivido com um tio surdo. Disso teria nascido seu interesse por dedicar-se a este segmento.

Nossas escolhas pessoais têm relação direta com as experiências que tivemos. Isso ocorre inclusive na produção acadêmica. "É a relação afetiva para com um objeto, que me atrai ou me ameaça, que cria as condições para a concentração de minha atenção", escreveu Rubem Alves. Somos impulsionados a agir, visando entender e alterar uma realidade, quando nosso coração é tocado por uma situação que presenciamos, por uma narrativa que lemos ou ouvimos, por uma experiência que afetou nosso sentimento.

Lembro-me de narrativas dos pastores Paulo Eduardo, da PIB de São Paulo e Fernando Brandão, da Junta de Missões Nacionais e de como teriam sido movidos a agir após contato, "in loco", com a miserabilidade dos moradores da Cracolândia, na capital paulista. Essa experiência fez surgir um dos mais destacados projetos de recuperação e apoio a dependentes químicos conhecidos atualmente no Brasil.

O tête-à-tête dificulta nossa indiferença e nos faz tratar melhor quem está ao nosso lado. As palavras de Paulo indicam isso: “Vocês bem sabem que nunca fiz questão de riqueza ou de vestir do bom e do melhor. Com estas mãos limpas, cuidei das necessidades básicas, minhas e dos que trabalham comigo. Em tudo o que fiz, demonstrei a vocês que é preciso trabalhar a favor dos fracos, não explorá-los. Vocês não estão errando se guardarem a lembrança daquilo que o Senhor disse: ‘Vocês são mais felizes dando do que recebendo’.” (At. 20:32-35, em A Mensagem)

Mateus registra que Jesus, movido por compaixão, curou e alimentou pessoas quando VIU a multidão e seus enfermos e OUVIU que pessoas estariam com fome. (Mt 14). É, portanto, natural que, havendo um mínimo de compaixão em nosso coração, há empenho para usar os meios de poder acessíveis, por menores que sejam, para agirmos em favor de quem está em situação de vunerabilidade, desfavorecimento ou injustiça.

Michelle usou o parlatório, um instante de visibilidade "mundial", para alavancar, potencializar, o que tocou sua vida, seu coração, e fez bem. Importante, entretanto, é entendermos que não apenas sentimentos ou experiências particulares devem mover nossas ações. Não é preciso, por exemplo, ter na família um sem-teto para lutar por moradia ou uma mulher que foi violentada, para lutar pelos direitos das mulheres.

O conhecimento de dados da realidade, mesmo referentes àqueles que não fazem parte do nosso "mundo significativo", deve mover nossas escolhas, nossas lutas, como manifestação de amor ao ser humano, como Deus ama. E isso não somente para minorar a dor, assistencialmente, mas para atacar as causas geradoras e seus efeitos nocivos.

Michelle, repito, fez bem ao usar seu novo papel social e a repercussão de seus atos em favor daquilo que toca seu coração. E nós, temos usado nossas oportunidades e recursos para alavancar e potencializar não apenas o que mexe com nossas emoções, mas, sobretudo, o que move o coração de Deus, revelado em Jesus?