quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sobre mergulhos e voos


Em meio à preparação de uma das mensagens do domingo, me pego, de repente, pensando assim: 

- por mais extraordinário que seja um mergulho nas profundezas do mar; 

- por mais enriquecedora que essa experiência seja; 

- por mais que a narração do que lá vimos e das coisas incomuns que descobrimos impressione nossos ouvintes (ou leitores) e nos faça sentir, meio que vaidosamente incomuns, superiores até, em relação a eles; 

- por mais isso e mais aquilo...

... viver lá não nos realiza como seres humanos. 

Querer viver lá é uma forma de negação da própria condição humana, um protesto contra aquilo que não gostei de viver onde e nas condições em que nasci e que me machucou, que me fez sangrar, que doeu. 

Sempre, por isso, precisaremos, no mínimo, voltar à superfície das águas para um contato com nossa vocação. 

Podemos até passar muito tempo por lá, mas um dia nossa alma termina por valorizar muito mais, por mais banais que sejam, as experiências "superficiais" . 

É nesse momento que encontramos a harmonia desejada , que nos reencontramos, que nos reconciliamos com nossa história de vida. 
Do pó viemos e nossa alma não descansa enquanto para ele não voltar!

E, se preferir, o mesmo pode ser dito em relação a voar até as “nuvens”!!!

Ou não?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O 46º aniversário da Igreja Batista da Graça, SSA, está chegando


No princípio era o Sentido, e o Sentido estava com Deus, e o Sentido era Deus”. (João 1:1)
  
Estamos nos aproximando de 26 de novembro, quando nossa Igreja completará seu 46º aniversário.  O fato de completarmos mais um ano é bastante importante dada a fragilidade da natureza da existência humana e das circunstâncias em torno das quais se desenvolve. Porém, comemorar um ano de vida apenas pela ótica da transitoriedade, não me parece o melhor motivo.

Comemoramos porque, a despeito da vida ser passageira e termos consciência da nossa temporalidade, encontramos sentidos que nos dão estabilidade, nos movem, nos fazem prosseguir e até cantar: “é bonita, é bonita e é bonita”.

Na verdade, não somente encontramos sentido à caminhada, mas a própria igreja é anunciadora de Jesus como o sentido dela. Sim, pois como disse João, o discípulo amado: “No princípio era o Sentido, e o Sentido estava com Deus, e o Sentido era Deus... E o Sentido se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade... E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça”. E o outro João, o batista, declarou: “E eu vi, e tenho testificado que este é o Filho de Deus”.(João 1:1,14,16,34)

A Igreja vive em função do sentido que sua existência ganhou por ter se comprometido com Jesus Cristo como encarnação divina. Portanto, o que diferencia a igreja na sociedade é justamente a natureza do sentido que encontrou ao aceitar e comprometer-se com Jesus como manifestação da graça e amor divinos.

Igreja sem compromisso com Jesus é igreja sem sentido, sem rumo, sem direção. É igreja perdida. “Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova”. (Mt. 15.14).

A salvação que a igreja anuncia não é primeiramente de natureza geográfica, isto é, a que tira o ser humano de um lugar chamado inferno e o transporta para outro, chamado céu. É, antes de tudo, de natureza existencial, pois tem a ver com o sentido encontrado na relação com Jesus, experiência que denominamos “salvação”.

Igreja comprometida com Jesus não é a que se declara porta-voz de Deus, mas a que é porta-vida de Deus. É a qualidade de vida e não do discurso que faz com que sejamos “sal da terra e luz do mundo”, atraindo pessoas para comungar sentimentos e pensamentos.

Comemoramos, portanto, o sentido encontrado em Jesus. E nada melhor do que comemorarmos compartilhando este sentido. Daí estarmos orando uns pelos outros. Daí a realização de uma série de conferências, nos dias 24 a 26, ocasião em que a mensagem será proclamada de múltiplas maneiras. Daí nos movimentarmos para trazer amigos e irmãos para este momento especial. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Salvador elegeu seu novo Prefeito


 Foi interessante poder decidir, nas eleições de Salvador, entre dois candidatos formados em Direito pela UFBA, mas com olhares diferentes sobre a cidade: um, de quem veio das camadas mais empobrecidas e descreve as necessidades da população a partir de sentimentos que vivenciou; o outro, do extremo oposto da pirâmide social, com a inevitável percepção que lhe foi proporcionada pelo contexto sócio-econômico no qual sua vida desenvolveu-se.

Reconhecer isso não torna um candidato melhor do que o outro. O que pode tornar um candidato humanamente melhor, primeiro, é a consciência que tem de si mesmo, sua história e seu ambiente de vida; segundo, a sensibilidade que tem sobre a história do outro e de como o poder político influencia a qualidade de vida de cada um e, terceiro, os valores espirituais que conscientemente passou a cultivar, cuja força sobre si pode transformá-lo em alguém egoísta ou altruísta; honesto ou desonesto; trabalhador ou preguiçoso; leal ou desleal; verdadeiro ou mentiroso e assim por diante.

Além disso, a cosmovisão que cultiva em torno do que seria uma cidade desejável, o diagnóstico que faz a partir dos problemas declarados pelos habitantes, a capacidade que tem de enxergar possibilidades econômicas e transformá-las em favor da cidade, a experiência em termos de relações políticas, o conhecimento administrativo e de liderança construídos, e, especialmente, seu perfil de personalidade, serão determinantes naquilo que resultará do seu governo.

Também não podemos deixar de destacar que um prefeito, por mais qualificado que seja, não tem o poder de mudar a vida de uma cidade no tempo e na forma desejados. Os recursos financeiros disponíveis, a legislação vigente, a qualidade dos assessores e seus funcionários e, sobretudo, as diferenças de interesses e motivações dos demais agentes políticos envolvidos, são fatores que pesam sobre os resultados do seu trabalho.

Ser um bom administrador é essencial, mas a escolha a serviço do que ou de quem sua competência administrativa será colocada tem a ver com a ideologia que norteia sua vida, resultante de todos os fatores que envolveram sua história.

Nossa opinião sobre um prefeito se baseia nas informações que temos a seu respeito, a partir de sua história pública, suas escolhas políticas e seus círculos de relacionamento. Podemos nos enganar. E, se nos enganarmos, que este engano seja favorável aos valores espirituais que defendemos como sendo do reino de Deus e beneficie, portanto, toda a população.