segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A ceia corintiana

Igreja dividida,
Vinho para embriaguez, 
Ceia subtraída,
Ausência de lucidez.

Gente passando fome,
Irmãos embriagados,
Enriquecidos satisfeitos, 
Empobrecidos humilhados.

Falta de educação, 
Ninguém espera por sua vez,
Encontros que fazem mal, 
Quando deveriam fazer o bem.

Pecado contra a igreja,
Participação sem reflexão
Pecado contra o senhor.
Sinal de morte no coração.

Jesus entra na história,
Não cria cerimonial, 
Não cria formalidade,
Organiza a celebração.

Incluindo solidariedade,
Consciência na comunhão,
Produz Justiça no resultado,
Esperança e vida na proclamação.

Discernimento da finalidade,
Liberdade no coração
Disciplina como igreja,
Povo livre de acusação.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O Plano Unificado da Convenção Batista Baiana e o desenvolvimento de sua igreja

 
O desenvolvimento de qualquer organização (e a igreja não é exceção) passa por dois caminhos, pelo menos: 1) solução dos problemas conhecidos; 2) qualificação e fortalecimento dos fatores que motivam sua existência. 
 
Em relação ao primeiro, podemos citar alguns exemplos: 1) se há reclamação quanto ao uso do dinheiro, que se adote transparência e se aumente a participação na definição de prioridades; 2) se há conflitos de relacionamento, que se trabalhe o caráter das pessoas ou se adote medidas que possibilitem critérios claros de justiça na distribuição de atribuições que conferem poder dentro do grupo; 3) se as estruturas patrimoniais são inadequadas à finalidade, que sejam reformadas e devidamente ajustadas. 
 
Quanto ao segundo, é essencial que se escreva qual é a finalidade da organização e o que precisa ser feito para que ela seja alcançada. 
 
No caso de uma Convenção Batista, suas finalidades básicas são: 1) gerar cooperação visando plantar igrejas saudáveis e 2) oferecer condições para que as igrejas cooperadoras se desenvolvam saudavelmente. O crescimento numérico é importante, mas deve ser decorrente da saúde da igreja e não fruto de "pedalada" ministerial. (entenda-se por "pedalada" qualquer tipo de ação que cria uma impressão de que tudo está bem, quando não está). 
 
Um exemplo bíblico de "pedalada" pode ser lido em Atos 21:20-25. 1) Paulo é recebido com alegria pela igreja de Jerusalém (V 17); 2) Tiago e os líderes apreciam o relatório de Paulo (V 19); 3) Tiago fala do crescimento numérico da igreja de Jerusalém (V 20); 4) Tiago antevê os problemas que a presença de Paulo causaria e propõe que ele adote uma política de boa vizinhança com os judeus, fazendo concessões ao legalistas (V 21-25); 5) Paulo age de acordo com a orientação deles, seguindo a filosofia do "fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei" (V. 26); 6) Paulo, mesmo assim, não escapa de uma boa surra (V 27-36). 
 
O que vemos aí? Uma igreja que se acomodou ao crescimento numérico e à aceitação social, sacrificando o essencial do evangelho que são a manifestação da graça de Deus e da liberdade amorosa conquistada em Jesus Cristo. Crescimento numérico que não é decorrente da qualidade sincera do caráter dos crentes e de suas palavras e ações no mundo, sem falsos moralismos, é "pedalada" ministerial e precisa ser repensado. 
 
Pensando assim, defendemos que o anseio missionário por envio de obreiros ao campo e por plantação de igrejas jamais pode ser separado de investimento concomitante em educação cristã, formação teológico-ministerial e responsabilidade social. Ter visão missionária é desenvolver a compreensão de que não há como enviar obreiros aos campos se as igrejas não forem saudáveis e se seus pastores não forem bem preparados. Técnicos em multiplicação de igrejas serão capazes de construir currais de ovelhas, mas incapazes de compreender o ser humano, dialogar com ele e plantar igrejas capazes de exercer o papel amoroso de sal da terra e luz do mundo. 
 
Nesses últimos anos nos empenhamos, como lideranças batistas, para: 1) sanear a administração e as finanças dos órgãos executivos e auxiliares e da Secretaria Geral da Convenção; 2) reestruturar as relações políticas definindo com clareza a finalidade e atribuições de órgãos e seus cargos nos estatutos; 3) Buscar uma melhor comunicação e transparência dos órgãos e da Secretaria Geral para com as igrejas cooperadoras; 4) elaborar as Assembléias Anuais de tal maneira que se tornem fonte de capacitação, inspiração e fortalecimento da comunhão; 5) manter uma política de visitação às associações e igrejas que nos tornem sensíveis às suas necessidades. 
 
Agora, queremos elaborar um Plano Unificado - plano que envolve os órgãos executivos (CBTE, EBKW, STBNE) e auxiliares (ADBB, AECBA, AMUBAB, ARI, JUBAB, OPBB, UFMBB, UMHBB), bem como a Secretaria Geral e suas gerências (Administração, Comunicação, Educação Cristã, Expansão Missionária e Responsabilidade Social) - visando definir um norte, sempre para um horizonte de dois anos. 
 
Para isso, precisaremos de sua ajuda, respondendo-nos duas perguntas: 
 
1) Que problemas relacionados à Convenção Batista Baiana, segundo sua percepção, precisam ser corrigidos com urgência?
2) Que necessidades sua igreja tem que poderiam ser supridas com o apoio dos batistas da Bahia? 
 
Nessa segunda, pedimos que relacione os pontos que julga deficientes em sua igreja nas áreas de: 1) Administração (pessoal, patrimônio, finanças, organização, formatos de reuniões, organização de eventos, estatutos e Regimento Interno...); 2) Adoração (elaboração de cultos, seleção de hinos e cânticos, composição, execução instrumental, ensaios de grupos e corais, solos...); 3) Comunhão (recepcionistas e introdutores, visitação, elaboração de programas para dias especiais (das mães, dos pais, do pastor, da esposa do pastor, dos namorados, de aniversário...) 4) Educação Cristã (trabalho com crianças, adolescentes, jovens, adultos (mulheres ou homens), família, EBD, conteúdos, liderança...); 5) Educação teológico-ministerial (interpretação da Bíblia, preparação de mensagens, conhecimento da história e identidade dos batistas, regras parlamentares...); 6) Proclamação (testemunho amoroso, evangelização individual, campanhas para levantamento de ofertas, viagens e manutenção de frentes missionárias...). 
 
Se sua igreja não necessita de apoio externo, coloque-se à disposição para abençoar as que precisam, abrindo as portas para receber estagiários de outras igrejas, nas áreas que ela mais se destaca ou que está fazendo algo diferenciado. 
 
Ajude-nos a elaborar um Plano Unificado que atenda as necessidades das igrejas, respondendo as perguntas acima e enviando-as por e-mail para diretoria.cbba@gmail.com ou por carta, à Secretaria Geral, até 30 de agosto. 
 

Ajude-nos!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O Dia do País - A propósito da operação “lava jato” e suas consequências


Gostaria de usar a expressão “Dia do País” no sentido de um momento especial do tipo “Dia D”, para expressar um desejo que cresce no coração de muitos brasileiros de que estamos vivendo perto de um tempo que poderá ser lembrado como divisor entre duas partes da história do Brasil: a da corrupção desenfreada e a da punidade ou, se preferirem, punibilidade.

Digo isso reconhecendo em mim um grau tal de credulidade que beira a ingenuidade. Porém, exceto se houver uma extraordinária virada de mesa – fato que não ocorreria sem consequências traumáticas imprevisíveis e incalculáveis – os fatos nos levam a crer que estamos vivendo algo nunca visto antes na história do país: corruptores e corruptores do topo das pirâmides indo pra trás das grades.

Disse corruptores e corruptores porque da maneira como os fatos estão sendo narrados, ainda não consigo definir quem subornou quem. Não sei se os empresários das grandes construtoras subornaram políticos partidários ou se políticos partidários subornaram empresários. O fato é que ambos - e de quebra os que tiraram sua “casquinha” dessa “relação incestuosa” – não apenas institucionalizaram, profissionalizaram, sistematizaram os processos de corrupção causando prejuízos às empresas, mas também provocaram um quadro político de instabilidade tal que todos estamos pagando de maneira explícita os prejuízos.

Creio que a grande decisão agora gira em torno de ganhar a curto ou a longo prazo.  Se nossa visão for de curto prazo, optaremos por colocar panos quentes, minimizando a gravidade do que está ocorrendo; se for de longo, enfrentaremos as consequências da situação atípica que vivemos acreditando que, havendo punição severa, exemplar e aproveitando a oportunidade para efetuar mudanças na legislação, poderemos alcançar dias melhores nesse aspecto da caminhada nacional.

Sem deixar de reconhecer que nenhum de nós é perfeito, que todos somos pecadores, sou da opinião que onde não impera nem se defende princípios éticos, seja por consciência ou imposição legal, falta um dos pilares essenciais à qualidade de vida em qualquer grupo que é a credibilidade. Sem relações caracterizadas por credibilidade a vida é um inferno.

Claro que, diante da crise, uns se posicionam politicamente, procurando perder menos poder; outros economicamente, na expectativa de manter seus ganhos financeiros, mas, repito, se relevarmos a importância da ética, todos perderão infinitamente mais.

Estou entre os que desejam este “Dia do País”, entre os que, mesmo não tendo influência significativa nas decisões que norteiam a vida nacional, acreditam que na força de cada um somos capazes de fazer diferença. Não apenas a força do desejo, mas o uso consciente das mídias, a aplicação correta dos conhecimentos técnicos no círculo de influência e a disposição para pagar algum preço em favor de dias melhores para todos.

Nesse contexto temos duas oportunidades que não devemos perder:
1. Participar da manifestação do dia 16 de agosto sem se deixar dominar pela ideologia ou interesses deste ou daquele partido político. Creio que devemos focar no combate a corrupção, venha de onde vier, e exigir do Congresso Nacional, a aprovação de reformas políticas que eliminem, por exemplo, o financiamento de campanha por empresas. Então, saiamos às ruas neste dia 16 de agosto;
2. Participar efetivamente do levantamento de um milhão e quinhentas mil assinaturas para o projeto “10 medidas contra a corrupção”. Para isso, entre no site do Ministério Público Federal: http://www.combateacorrupcao.mpf.mp.br/10-medidas, imprima a folha lá disponibilizada, colha o máximo de assinaturas possível e siga as demais instruções.


Sei que o tema, bem como essas duas sugestões têm algum grau de controvérsia, mas o que não podemos é deixar de agir, ficando “à toa na vida”, vendo “a banda passar”. Lembremo-nos das palavras de Jesus: “vós sois a luz do mundo... vós sois o sal da terra”

O Brasil à beira de um abismo?

Nessa semana um profundo sentimento de que o pior poderia acontecer em nosso país começou a invadir meu coração. Lembrei-me de que a Ucrânia vivia em paz, mas no momento em que resolveu-se tirar um presidente corrupto, o país desabou e entrou em guerra que até hoje não cessou.


Difícil pra nós pensar em guerra por razões políticas, mas a possibilidade de uma guerra civil é maior, talvez, do que estamos calculando. 

1) Grandes empresários estão sendo presos e há muitos outros mais do que imaginamos com as barbas de molho;
2) Políticos que ocupam ou ocuparam os principais cargos em nível nacional ou estadual estão com os dias contados para responder em juizo por seus maus feitos, com grande probabilidade de serem presos;
3) A presidente tem o mais baixo índice de popularidade das últimas décadas, portanto não tem credibilidade;
4) A economia está parando;
5) A inflação corroendo salários;
6) Os juros voltando a patamares indesejáveis;
7) Os indicadores de desemprego aumentando;
8) O dólar subindo num sinal de que investidores estão em estado de alerta.

Ontem, após ver a capa de uma revista semanal, pensei em mudar a foto do meu perfil no Facebook, pra chamar a atenção dos meus amigos. Independente da ideologia da revista ou da veracidade da notícia, ela serve par nos mostrar que chegamos à beira do abismo.

Por uma questão de coerência, se o juiz Sérgio Moro receber delação de Leo Pinheiro, da OAS, nos termos que a Revista publicou, ele não terá outra opção senão a de fazer o que fez até aqui: prender preventivamente. Sabe o que isso significa se Lula for preso?

Entendo que, se ele tiver culpa no cartório deve mesmo ser preso, como devem ser presos os dos outros partidos na mesma situação,  mesmo que não haja - e não haverá - cela suficiente, pois a lei é para todos. Mas ninguém é tão ingênuo a ponto de pensar que não haverá uma ida às ruas com manifestações violentas.

Sim, vislumbrei a possibilidade de uma guerra civil, daí a mudança de minha foto no perfil do Facebook.

Ao ler há pouco um texto de Cristovão Buarque, n'O Globo, constato que o sentimento começa a ser público. Alegra-me quando ele diz: "Ainda é tempo de evitar a tragédia e o desastre, mas esta ideia parece ingenuidade diante da nossa incapacidade como líderes nacionais. Neste momento, a culpa é de todos nós, por não estarmos à altura do desafio histórico do momento. E se não encontrarmos uma saída negociada, o povo na rua convocará por cima da Constituição uma eleição geral antecipada, com impeachment de todos."

Os desfecho apresentado por ele é mais otimista do que o meu.

Creio que já passou o tempo de ficarmos como expectadores admirados diante de cada notícia de mais uma descoberta e de mais uma decisão séria do Poder Judiciário. 

Creio que já passou a hora de ficarmos discutindo quem é mais ou quem é menos culpado. 

Creio que já passou a hora de ficarmos comentando que o Brasil está em crise. 

A hora é de assumirmos, ainda que atrasado, que o problema é meu e seu e todos sofreremos duramente se não for encontrada uma saída negociada, com reconhecimento de erros, com aceitação de punição para todos e não apenas para os do partido adversário ao nosso.

É hora das igrejas redobrarem as orações e os compromissos de ser sal e luz em meio a tão densas trevas, a fim de que o povo que está em trevas possa ver uma grande luz e superemos mais este momento difícil de nossa história.