sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O Dia do País - A propósito da operação “lava jato” e suas consequências


Gostaria de usar a expressão “Dia do País” no sentido de um momento especial do tipo “Dia D”, para expressar um desejo que cresce no coração de muitos brasileiros de que estamos vivendo perto de um tempo que poderá ser lembrado como divisor entre duas partes da história do Brasil: a da corrupção desenfreada e a da punidade ou, se preferirem, punibilidade.

Digo isso reconhecendo em mim um grau tal de credulidade que beira a ingenuidade. Porém, exceto se houver uma extraordinária virada de mesa – fato que não ocorreria sem consequências traumáticas imprevisíveis e incalculáveis – os fatos nos levam a crer que estamos vivendo algo nunca visto antes na história do país: corruptores e corruptores do topo das pirâmides indo pra trás das grades.

Disse corruptores e corruptores porque da maneira como os fatos estão sendo narrados, ainda não consigo definir quem subornou quem. Não sei se os empresários das grandes construtoras subornaram políticos partidários ou se políticos partidários subornaram empresários. O fato é que ambos - e de quebra os que tiraram sua “casquinha” dessa “relação incestuosa” – não apenas institucionalizaram, profissionalizaram, sistematizaram os processos de corrupção causando prejuízos às empresas, mas também provocaram um quadro político de instabilidade tal que todos estamos pagando de maneira explícita os prejuízos.

Creio que a grande decisão agora gira em torno de ganhar a curto ou a longo prazo.  Se nossa visão for de curto prazo, optaremos por colocar panos quentes, minimizando a gravidade do que está ocorrendo; se for de longo, enfrentaremos as consequências da situação atípica que vivemos acreditando que, havendo punição severa, exemplar e aproveitando a oportunidade para efetuar mudanças na legislação, poderemos alcançar dias melhores nesse aspecto da caminhada nacional.

Sem deixar de reconhecer que nenhum de nós é perfeito, que todos somos pecadores, sou da opinião que onde não impera nem se defende princípios éticos, seja por consciência ou imposição legal, falta um dos pilares essenciais à qualidade de vida em qualquer grupo que é a credibilidade. Sem relações caracterizadas por credibilidade a vida é um inferno.

Claro que, diante da crise, uns se posicionam politicamente, procurando perder menos poder; outros economicamente, na expectativa de manter seus ganhos financeiros, mas, repito, se relevarmos a importância da ética, todos perderão infinitamente mais.

Estou entre os que desejam este “Dia do País”, entre os que, mesmo não tendo influência significativa nas decisões que norteiam a vida nacional, acreditam que na força de cada um somos capazes de fazer diferença. Não apenas a força do desejo, mas o uso consciente das mídias, a aplicação correta dos conhecimentos técnicos no círculo de influência e a disposição para pagar algum preço em favor de dias melhores para todos.

Nesse contexto temos duas oportunidades que não devemos perder:
1. Participar da manifestação do dia 16 de agosto sem se deixar dominar pela ideologia ou interesses deste ou daquele partido político. Creio que devemos focar no combate a corrupção, venha de onde vier, e exigir do Congresso Nacional, a aprovação de reformas políticas que eliminem, por exemplo, o financiamento de campanha por empresas. Então, saiamos às ruas neste dia 16 de agosto;
2. Participar efetivamente do levantamento de um milhão e quinhentas mil assinaturas para o projeto “10 medidas contra a corrupção”. Para isso, entre no site do Ministério Público Federal: http://www.combateacorrupcao.mpf.mp.br/10-medidas, imprima a folha lá disponibilizada, colha o máximo de assinaturas possível e siga as demais instruções.


Sei que o tema, bem como essas duas sugestões têm algum grau de controvérsia, mas o que não podemos é deixar de agir, ficando “à toa na vida”, vendo “a banda passar”. Lembremo-nos das palavras de Jesus: “vós sois a luz do mundo... vós sois o sal da terra”

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