O Dia do País - A propósito da operação “lava jato” e suas consequências
Gostaria de usar a expressão
“Dia do País” no sentido de um momento especial do tipo “Dia D”, para expressar
um desejo que cresce no coração de muitos brasileiros de que estamos vivendo
perto de um tempo que poderá ser lembrado como divisor entre duas partes da
história do Brasil: a da corrupção desenfreada e a da punidade ou, se
preferirem, punibilidade.
Digo isso reconhecendo em mim um
grau tal de credulidade que beira a ingenuidade. Porém, exceto se houver uma
extraordinária virada de mesa – fato que não ocorreria sem consequências
traumáticas imprevisíveis e incalculáveis – os fatos nos levam a crer que
estamos vivendo algo nunca visto antes na história do país: corruptores e
corruptores do topo das pirâmides indo pra trás das grades.
Disse corruptores e
corruptores porque da maneira como os fatos estão sendo narrados, ainda não
consigo definir quem subornou quem. Não sei se os empresários das grandes
construtoras subornaram políticos partidários ou se políticos partidários
subornaram empresários. O fato é que ambos - e de quebra os que tiraram sua
“casquinha” dessa “relação incestuosa” – não apenas institucionalizaram,
profissionalizaram, sistematizaram os processos de corrupção causando prejuízos
às empresas, mas também provocaram um quadro político de instabilidade tal que
todos estamos pagando de maneira explícita os prejuízos.
Creio que a grande decisão
agora gira em torno de ganhar a curto ou a longo prazo. Se nossa visão for de curto prazo, optaremos
por colocar panos quentes, minimizando a gravidade do que está ocorrendo; se
for de longo, enfrentaremos as consequências da situação atípica que vivemos
acreditando que, havendo punição severa, exemplar e aproveitando a oportunidade
para efetuar mudanças na legislação, poderemos alcançar dias melhores nesse
aspecto da caminhada nacional.
Sem deixar de reconhecer que
nenhum de nós é perfeito, que todos somos pecadores, sou da opinião que onde
não impera nem se defende princípios éticos, seja por consciência ou imposição
legal, falta um dos pilares essenciais à qualidade de vida em qualquer grupo
que é a credibilidade. Sem relações caracterizadas por credibilidade a vida é
um inferno.
Claro que, diante da crise,
uns se posicionam politicamente, procurando perder menos poder; outros
economicamente, na expectativa de manter seus ganhos financeiros, mas, repito,
se relevarmos a importância da ética, todos perderão infinitamente mais.
Estou entre os que desejam
este “Dia do País”, entre os que, mesmo não tendo influência significativa nas
decisões que norteiam a vida nacional, acreditam que na força de cada um somos
capazes de fazer diferença. Não apenas a força do desejo, mas o uso consciente
das mídias, a aplicação correta dos conhecimentos técnicos no círculo de
influência e a disposição para pagar algum preço em favor de dias melhores para
todos.
Nesse contexto temos duas
oportunidades que não devemos perder:
1. Participar da manifestação
do dia 16 de agosto sem se deixar dominar pela ideologia ou interesses deste ou
daquele partido político. Creio que devemos focar no combate a corrupção, venha
de onde vier, e exigir do Congresso Nacional, a aprovação de reformas políticas
que eliminem, por exemplo, o financiamento de campanha por empresas. Então,
saiamos às ruas neste dia 16 de agosto;
2. Participar efetivamente do
levantamento de um milhão e quinhentas mil assinaturas para o projeto “10
medidas contra a corrupção”. Para isso, entre no site do Ministério Público
Federal: http://www.combateacorrupcao.mpf.mp.br/10-medidas,
imprima a folha lá disponibilizada, colha o máximo de assinaturas possível e
siga as demais instruções.
Sei que o tema, bem como essas
duas sugestões têm algum grau de controvérsia, mas o que não podemos é deixar
de agir, ficando “à toa na vida”, vendo “a banda passar”. Lembremo-nos das
palavras de Jesus: “vós sois a luz do mundo... vós sois o sal da terra”
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