Comunidades de Diótrefes, inimigas de Barnabés
João era amado, Paulo era temido e diante de ambos havia uma porta. A porta estava fechada. Ambos queriam entrar, ambos desejavam se aproximar, conhecer e servir novas pessoas. Ambos tinham a missão de levar a Palavra. Mas havia um obstáculo: as portas estavam fechadas e eles não podiam entrar.
Portas se fecham para quem ama. Portas se fecham para quem tem histórico assustador. Elas não se fecham sozinhas, nem se fecham por acaso. Não importa o motivo: se estão fechadas, quem precisa, não pode entrar; quem precisa, não pode ouvir. E o reinado de Deus não pode avançar.
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João era o discípulo amado. Como poucos, escreveu sobre o amor, discorreu sobre perdão, sobre ser luz, verdadeiro, cooperador e hospitaleiro. Queria ter acesso à igreja, mas a porta estava trancada e Diótrefes detinha a chave.
Diótrefes ouviu a respeito de Jesus, envolveu-se com o povo de Jesus, assumiu a liderança de uma comunidade de Jesus, mas ou não conhecia ou não levava a sério ou esqueceu-se dos ensinos de Jesus.
"Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo;” (Mt. 20:26-27). “Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei os seus pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz.” (Jo. 13:14-15). Assim ensinou Jesus aos seus discípulos. Disso ele deu exemplo. Esse deveria ser o padrão de vida almejado.
Diótrefes, entretanto, queria ser importante e talvez tivesse medo de não ser, por isso usurpava o poder. Usava da difamação para prejudicar uma pessoa amorosa. Dividia a igreja. Fechava a porta para João.
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Paulo encontrou-se com Jesus. Sua vida mudou. Seu novo testemunho causava admiração. Mas continuava sendo temido e com razão. Participou do martírio de Estevão. Perseguiu os seguidores de Jesus. Deteve poder para prender "desviados". As notícias a seu respeito eram assustadoras. Seu currículo, portanto, não animava cristãos a se aproximarem dele. Era legítimo que quem se reconhecia herege, se sentisse alvo em potencial e, por isso, se protegesse dele. Fechar a porta indicava medo.
Barnabé não conhecia a máxima de Abrahan Lincoln: "não gosto daquele homem. Preciso conhecê-lo melhor". Mas era homem bom, discipulador, de "bom testemunho, cheio do Espírito Santo e sabedoria". Era discípulo de Jesus, por isso aproximou-se de Paulo, conheceu sua história e decidiu ser ponte entre a igreja e ele. Tornou-se a chave que abriu a porta do coração do povo de Deus para acolher Paulo.
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Vivemos tempos de desconfiança nas igrejas. O critério de seleção para aproximação não é mais a pessoa de Jesus e seu ministério de reconciliação, de demolição de muros de separação. Antes, estamos nos tornando comunidade de porteiros com chaves do poder e medo patológicos.
Estamos nos tornando comunidades de neuróticos nos termos usados por Paul Tillich: "O neurótico é aquele que, tentando evitar o não-ser, evita o ser". A missão agora é descobrir a tendência teológica, a opção político-ideológica e marginalizar, perseguir, eliminar.
Descartando Jesus, estamos nos tornando comunidades de Diótrefes, inimigas de Barnabés.
3 comentários:
Tenho me perguntado, em algum momento não fechei portas? Deus me perdoe quando assim agir, hoje posso entender que foi por presunção e ignorância.
Ótima reflexão!! Igreja de muros, portas e ferrolhos... sem pontes!
Excelente reflexão!!
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