Conselhos ímpios de pios
Pior do que "conselho dos impios" são os conselhos ímpios de pios. É que, diante de alguém tido como ímpio, ficamos com os pés atrás, nosso coração se arma, se protege, se põe na defensiva, se cerca de cuidados, pois culturalmente foi introjetado em nós que palavra vinda de lábios incrédulos não merece aceitação. "Como é feliz aquele que não segue o conselho dos impios..." (Salmos 1:1:)
Quando, porém, estamos diante de pios, baixamos a guarda, o coração se abre, a alma se entrega, o senso crítico é desativado e tudo que deles ouvimos penetra nosso corpo, atinge nossa medula, sem nenhuma resistência.
O paradigma mental que norteia nosso juizo continua sendo o da Idade Média. Naquela fase da história, a força de um argumento não era medida pelo argumento, mas por seu autor. Se a pessoa era acadêmica, social ou religiosamente respeitada, sua palavra ficava acima de qualquer suspeita. Bastava a citação do autor e a discussão cessava.
Há conselhos, entretanto, que mesmo vindo de labios pios merecem um sonoro não. Quem não se lembra da reação de Amós diante do conselho do sacerdote Amazias ? (Amós 7:12). Ou da reação de Jesus diante do conselho de Pedro? (Mc 8:31). Ou da reação de Jó diante do conselho da esposa? (Jó 2:9).
Um conselho não é bom porque brotou de pessoa pia, nem mau por ter sido proferido por pessoa ímpia. Nem mesmo é bom por vir embalado em palavras ou textos bíblicos. Nisso Satanás foi experto; mas Jesus, muito mais. (Mt 4:5-7).
Palavras têm significados próprios e contextuais e quem as profere tem boas ou segundas intenções. Portanto, não julgar conselhos pelo autor, nem palavras pela embalagem, é recomendável.
Ore, reflita, pondere, avalie as consequências e decida por si. Sempre se lembrando do conselho de João: “amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.” (1 João 4:1)
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