Natal, bendita sensibilidade
“Em tudo o que fiz, mostrei a vocês que mediante trabalho árduo devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: ‘Há maior felicidade em dar do que em receber’ ”.” (Paulo, em Atos 20:35)
O que é que nos torna, de uma maneira geral, mais sensíveis no Natal? Parece-me que é o espírito de dar, reinante na estação.
Neste período, independente de qual motivo se alegue, o fato é que há uma mobilização coletiva no sentido de sair de si mesmo, de lembrar-se do outro e de como se pode fazer para agradar alguém.
Seja através da doação de um presente, do compartilhar de uma ceia, de uma moedinha na "caixinha de natal", de uma libertação para si mesmo ao oferecer perdão a ofensor, enfim, o fato é que o espírito coletivo se abre para dar.
Isso faz com que surja um brilho no coração, um sorriso no rosto, luzes na cidade e emersão de esperança do fundo de nossa alma, possibilitando que aquilo que ansiamos dê sinais de tornar-se realidade.
Critique-se o comércio, a hipocrisia, a artificialidade, a superficialiade, enfim. Nem isso, entretanto, é capaz de impedir que luzes brilhem não só na fachada dos prédios, nas salas de nossos lares, mas sobretudo em milhares de rostos conhecidos ou anônimos ou mesmo em faces cujas almas vivem a maior parte do ano às escuras, com cheiro de mofo, umidecidas em lágrimas.
Respeite-se mesmo aquelas pessoas para as quais o Natal nada signifique ou signifique coisas diferentes de seu motivo original. Nem elas, mesmo sentindo e reagindo de forma avessa, conseguem passar incólumes neste tempo do nosso calendário.
Dar é o espírito do tempo. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna". (Jo. 3:16)
Se é assim, e assim eu creio, o Natal é uma lembrança, uma sinalização para o caminho da vida, para o pão da ceia a ser compartilhado, à porta aberta pela qual devemos entrar, a fim de que os dias que estão por vir sejam melhores do que os vividos, para todos.
Receber e compartilhar o presente divino, esse é o sentido do Natal. Daí trocarmos presentes, inclusive imateriais. Esse é o espírito da estação. Isso, parece-me, repito, é o que nos torna a todos, conscientes ou não, aceitando ou não, mais sensíveis. Bendita sensibilidade.
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