quinta-feira, 30 de julho de 2015

A antiga questão do dízimo


Vez por outra sou procurado para esclarecer a questão do dízimo, por isso, também vez por outra, trago de volta o tema, como agora.

Meus pais tiveram 8 filhos. Até certo tempo somente ele trabalhava fora e minha mãe dentro de casa, inclusive como costureira. No período da colheita do café, ela não tinha nenhuma dificuldade de aproveitar a oportunidade para aumentar a renda familiar. Levava os filhos com ela e, pela ajuda deles, lhes dava alguns trocados no sábado. Não era exploração de trabalho infantil, era pedagogia materna.

Quando o salário chegava, a primeira coisa a ser feita era separar o dízimo. Meu pai, então, distribuía o valor em nome de todos nós nos registros da igreja. Pedagogia paterna.

Quando, aos 15 anos, recebi o primeiro salário – meio salário mínimo - do meu primeiro emprego, comuniquei-lhe que compraria um violão e um “toca-disco”.  Ele concordou, mas disse: não se esqueça  de separar o dízimo.

Conto isso pra dizer que ser ou não ser dizimista não tem a ver com riqueza ou pobreza, mas com compromisso, generosidade, aprendizado e disciplina.

Aprendi assim e nunca mais parei. Separo 10% já na planilha orçamentária. Calculo as  despesas familiares sobre os 90%. Em situações adversas, até já arrisquei a usar o que não considerava meu, mas enquanto não devolvia, me sentia “caloteiro”. 

Cada um se sente de um jeito. Meu sentimento tinha a ver com minha concepção. Pra evitar tal sentimento, comecei a aprender a administrar e continuo aprendendo. Didaticamente defino que o que é para meu sustento  é meu, o que é para investir no Reino, a Deus pertence. 

Aprendi também a analisar minhas motivações, minhas necessidades e a estabelecer uma escala de valores. Decidi que jamais contaria com  100% do salário em meus projetos de despesas ou investimentos e a dizer não a mim mesmo, sempre que necessário fosse ou sempre que a tentação surgisse.

Cresci. Acabei com alguns dos sentimentos e motivações equivocados, mas continuo convicto de que 10% é o mínimo que devo dedicar a causas específicas do Reino de Deus, desenvolvidas pela igreja. 

Quando me perguntam se o dízimo é bíblico, minha resposta é simples: claro. Está presente nas páginas do primeiro e do segundo testamentos. Quanto à interpretação teológica dos textos, cada um que avalie seus sentimentos, pensamentos e valores diante de Deus e decida. Quem quiser continuar sendo legalista e dando rigorosamente 10%, que continue. Quem quiser ser gracioso e dar 90% ficando com apenas 10%, é livre. Quem quiser ser avarento e apenas usufruir sem contribuir com nada, que o faça. Enfim, cada um dará conta de si mesmo a Deus.

Importante é lembrarmo-nos de que ninguém é tão pobre que não possa contribuir e que, na matemática de Deus, duas moedas dadas com dedicação valem mais do que muitas dadas sem representar qualquer sacrifício ao doador, como nos ensina Jesus no episódio da viúva pobre (Lc. 21:1-4). 

Lembremo-nos também das palavras de Jesus quando diz: “Mais feliz é quem pode dar do que quem precisa receber” (At. 20:35). 

Lembremo-nos, finalmente de que mais feliz ainda é quem desenvolveu a firme confiança de que “o Senhor é o meu pastor e nada me faltará” (Sal. 23:1). 

Até aqui minhas necessidades foram supridas e os obstáculos financeiros superados e nunca precisei vender minha alma.

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