quarta-feira, 3 de março de 2010

O alcance da nossa luz


“A luz que brilha mais longe, brilha mais, perto” 
(Oswald Smith)
Num primeiro momento, o impacto ideológico da frase em epígrafe – que marcou profundamente minha vida pastoral desde o seu início - foi maior do que todo o significado que nela encontramos quando refletimos em suas implicações. Por impacto ideológico, refiro-me ao que ela diz através do que não se percebe imediatamente, em função do contexto no qual está inserida.

A idéia inicial é de incentivo à realização da obra missionária em lugares distantes da pessoa que lê e não somente no local onde ela está inserida. Em outras palavras, agora pensando na igreja: quanto mais distante a igreja for capaz de levar a mensagem do evangelho, maior será sua influência no local onde ela está.

Olhando a afirmação por outro ângulo, percebemos que, se o interesse que a igreja mostra por alcançar quem está ao seu redor não for maior do que o demonstrado em alcançar quem está longe, alguma coisa está errada.

Se o interesse de uma pessoa por alcançar um amigo com o amor de Deus não for maior do que o de alcançar quem está distante, alguma coisa está errada.

Se gasto milhares de reais para ir ao Japão numa “viagem missionária” e não sou capaz de convidar um amigo pra tomar um sorvete do outro lado da rua, visando compartilhar o amor de Deus, alguma coisa está errada.

Se me disponho a participar de campanhas de levantamento de ofertas missionária, mas nunca sequer trago alguém para ouvir o evangelho, alguma coisa está errada.

Então, se queremos medir o real amor de alguém por missões, o critério primeiro é: o que ela faz para ajudar pessoas próximas de si a conhecerem a Jesus?

Falar em amor por missões, sem manifestar ações concretas em favor de quem está ao lado, evidencia que nosso envolvimento com campanhas missionárias é fantasioso. Amor maduro pela obra missionária é daqueles que entendem que, de fato, não amamos missões, amamos pessoas.

Se me envolvo com campanhas missionárias, mas não demonstro interesse, respeito e amor às pessoas, posso ser classificado, no máximo, como um marqueteiro especializado em arrancar dinheiro do bolso de pessoas em prol de uma causa, mas, jamais, como missionário.

Se “a luz que brilha mais longe, brilha mais, perto”, quem se interessa por missões, deve demonstrar isso primeiramente sendo uma testemunha viva, ambulante, do amor de Deus a quem está perto e, depois, também levantando recursos para sustentar quem está pregando longe.

Conquanto eu mesmo - digo isso tão somente como exemplo do quanto nos equivocamos em nossa percepção do que significa ser missionário - não seja classificado por alguns como “missionário”, “evangelista”, por não me encaixar em determinados paradigmas, Deus sabe a quantidade de pessoas que passaram a seguir a Jesus através do meu testemunho e pregação.

As igrejas por mim pastoreadas em Alagoas e Pernambuco, por exemplo, sempre estiveram entre as primeiras em número de batismos e valor das ofertas missionárias, por interessar-se pela comunhão de pessoas com Deus e não por alcançar prestígio ou poder no universo eclesiástico.

Repito: não confundamos visão e envolvimento missionário com capacidade para mobilizar e levantar recursos financeiros para agências missionárias. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Somos missionários quando usamos nossos diferentes dons e recursos para facilitar a aproximação de pessoas com Deus, a partir do local onde estamos.


Que tal, então, usarmos a frase inicial - neste mês em que os batistas brasileiros enfatizam missões mundiais - não somente para justificar a importância de olharmos para os campos distantes de nós, mas também para brilharmos mais forte, amorosamente, em favor das pessoas, onde estamos?

3 comentários:

Anônimo 4 de março de 2010 às 10:17  

Os resultados do trabalho de nossos missionários eu acho muito fraco. Gasta´se milhões com missões e não se vê resultado em número de Igrejas e batismos, com raras exceções.

Anônimo 5 de março de 2010 às 13:06  

Missões é a razão de existir da Igreja, como a Igreja são pessoas, é dificil imaginar aquele que não cumpre a sua missão, de alcançar vidas aqui ali e acolá, pois se "o sal se tornar insipido para nada mais serve a não ser para ser lançado fora" já diz a palavra de Deus, portanto eu creio que os filhos de Deus vem cumprindo a missão, mas não na intensidade necessária que os dias atuais requerem, por isso lhes digo alcancemos as crianças para cristo e cuidemos delas pois a palavra diz "ensina a criança.." e teremos 43 milhões de pregadores com uma vida inteira para Cristo.

Blog da Pastoragente 5 de março de 2010 às 13:22  

Graça e paz!
Vim conhecer seu Blog e quero te parabenizar pela bênção que pude ver aqui.
Já estou seguindo.
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Lá estão expostas da forma mais realista e divertida possível as situações, dúvidas e experiências ministeriais e pessoais de uma simples mulher como eu.
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