Projeto Ficha Limpa
O Projeto Ficha Limpa, aprovado na tarde desta quarta-feira no Senado, é uma das coisas animadoras ocorridas na política brasileira nos últimos dois anos, por pelos menos duas razões: primeiro por tratar-se de iniciativa popular; segundo, pelos possíveis efeitos do seu conteúdo na vida brasileira.
A iniciativa popular revela que quando a sociedade se mobiliza, ela demonstra ser capaz de atingir seus objetivos. Portanto, devemos acreditar que mobilizados, unidos, podemos fazer mais do que acreditamos. Basta ter clareza de objetivo, competência técnica, boa vontade, espírito público e coragem para realizarmos coisas relevantes.
Triste é saber que até para se conseguir o elementar – ter representantes políticos éticos e cumpridores da lei – é preciso uma mobilização tão grande e, não só isso, ter que ouvir o líder do governo Romero Jucá (PMDB RR) lutando, com a cara sem sinais de vergonha, contra algo benéfico à vida do país.
Quanto ao conteúdo, o Projeto visa proibir “o registro de candidaturas de pessoas que tenham sido condenadas por crimes graves ou, no caso de parlamentares e outros com foro privilegiado, que já tenham sido denunciados ao Supremo Tribunal Federal”. Hoje há dois pesos e duas medidas: candidato a concurso público precisa ter a ficha limpa; candidato a eleição, não.
Observe que não se trata de uma proposta moralista, no sentido pejorativo da palavra. Trata-se tão somente de preservar o povo brasileiro de pessoas que confundem a arcaica imunidade parlamentar com impunidade; de nos preservar de pessoas que são eleitas para fazer as leis quando elas mesmas agem como se vivessem numa terra sem leis.
Não devemos ter vergonha de lutar pela ética. Os que zombam da luta pela ética geralmente são beneficiários da ausência dela. Aprofundar nosso conhecimento sobre realidades que levam nosso povo a uma condição de vida nociva e contribuir para que elas sejam modificadas através das ferramentas disponíveis, dentre elas as leis, é postura que merece aplausos.
É claro que há muito por fazer. A educação política da população, por exemplo, é um grande desafio, até porque nosso povo mal tem aprendido a ler e fazer contas. O estímulo ao desenvolvimento de relações saudáveis com Deus - conhecido entre nós protestantes pelas palavras evangelização e discipulado – em vez de religiosidade mecânica também é desafiador.
Entretanto, anima-nos iniciativas como a do Projeto Ficha Limpa, pois mantém acesa em nós a chama da esperança de que juntos, unidos e bem intencionados, podemos fazer um país cada dia melhor.
(Visite www.blogdafichalimpa.blogspot.com e continue mobilizado)
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