sábado, 22 de março de 2014

Verdadeiro amor?

Há quem diga que o verdadeiro amor entre duas pessoas acontece depois do casamento. 

Não gosto muito da expressão "o verdadeiro isso", "o verdadeiro aquilo". Quem pode afirmar se antes era ou não verdadeiro, ou se o que alguém experimentou foi verdadeiro ou não, ou se a compreensão de alguém transformada num discurso bem elaborado é verdadeira ou não? 

O que consigo enxergar é que o amor pode ser "verdadeiro", mas a pessoa pode não estar preparada para vivenciá-lo em toda a sua plenitude, em determinada circunstância. Então a relação fica comprometida não pelo amor não ser verdadeiro, mas pela pessoa não conseguir ou não se dispor a levá-lo às últimas consequências. Exemplo? A resposta sincera de Pedro, no famoso "tu me amas". Seu amor por Jesus não era o Ágape, admitiu, mas tão sincero que Jesus disse: "apascenta as minhas ovelhas".

(O fato de nem todos desenvolverem um nivel profundo de abstração para analisar sentimentos e distinguí-los, não quer dizer que não sejam capazes de vivenciá-los. Experiência, elaboração, definição da experiência, resignificação da experiência e nova experiência são fases que, na prática, se misturam. Não são, portanto, lineares. A ocupação com a análise e distinção da experiência não parece ser do interesse de todos, conquanto seja importante).

O que leva duas pessoas à construção de uma relação são sentimentos e motivações que no início, geralmente não são muito claros ( Amizade? Dinheiro? Sexo? Poder? Status? Etc). A convivência vai "acrisolando" o tipo de sentimento e atitude de um para com outro. Quanto mais testados e resistentes, mais se consolidam. Isso seria amor "verdadeiro"?

Isso me vem à mente, sem maiores pretensões, ao olhar pra Gláucia dormindo ao meu lado num quarto de hotel (depois de uma perfeita viagem de cinco horas de carro pelas estradas da Bahia) e pensar nos mais de 31 anos juntos, colados, na alegria e na tristeza ... bla, bla, bla, bla, bla bla, bla, bla, bla. (Edito: Não só alegrias e tristeza, bla, bla, bla, provocadas por fatores externos a nós dois, mas também nas que provocamos um ao outro)

E pra não matar o "vício" de escrever, escrevo e saio de cena!


(Postado inicialmente no Facebook, em fev de 2014)

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