segunda-feira, 17 de março de 2014

Meu tio toninho e minha zoadeira com corintianos


Eu tinha seis anos de idade. Todo dia saia da escola – minha primeira série com a saudosa profª Lili - e, em vez de ir pra casa, passava no Mercado Municipal de Garrrça, onde meu tio Toninho tinha um botequim.


Muitas vezes ele pedia pra eu ficar tomando conta enquanto ele ia almoçar. Eu me sentia o máximo. (Hoje suponho que ele pedia pros amigos do Box ao lado ficar de olho). 



Desse tempo recordo do dia em que selecionei alguns dos doces mais gostosos do botequim - adorava também as coxinhas feitas pela tia Andrelina -, deixei reservado num canto pra levar sem pedir e sem pagar (roubar, digamos!). Só que ele chegou e eu não consegui pegar. Fui embora e não voltei mais, envergonhado e com medo. Ele então, os levou pra mim e disse. Acho que é seu. Fiquei com vergonha, mas aprendi algumas coisas disso que trago comigo até hoje. Nunca falei com ele sobre isso. É o meu tio preferido. Viajei de caminhão com ele, perdi uma unha do dedão ao fechar a porta do caminhão em frente a uma oficina e o admirava muito (e ainda o admiro).



Foi nesse tempo que aprendi a zoar com corintiano.



Toninho, irmão de minha mãe (e pai de Valmir Gimenes e Márcio Gímenes ) era corintiano roxo. Lembro-me das vezes que chegava ao mercado e seus amigos começavam a zoadeira. (Não lembro o nome, nem a imagem dos amigos do Box ao lado, mas lembro-me dos sírio-libaneses Armando, da loja de tecidos, e Mamede da loja de brinquedos). Pois bem, eles perguntavam pra mim: pra que time você torce? Meu tio se antecipava e dizia: Corinthians. Eu olhava pra ele e dizia: não, é Santos. E todo mundo ria.



Aprendi a zoar e nisso passei a vida inteira tendo os corintianos como meus favoritos de zoada. E, pra não perder o costume, eis-me aqui, depois de mais de 50 anos, fazendo o mesmo, depois das desclassificação corintiana, nesse final de semana!

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