É hora de partir da Igreja Batista da Graça.SSA
Chegou a hora de partir.
Partir, dividir, separar, são palavras que trazem em si uma carga de dor e
tristeza. A elas, sempre associamos a ideia de deixar pra trás algo que
gostaríamos de levar conosco. Mas, se pudéssemos levar conosco, não estaríamos
partindo, apenas seguindo em frente.
Chegou a hora de seguir em
frente, partindo.
Aqui chegamos em janeiro de
2005. Não viemos por necessidade material ou de realização profissional. Onde
estávamos e o que fazíamos supria suficientemente essas nossas necessidades.
Viemos por um impulso que denominamos “chamado”. Viemos por intuir que havia
uma missão a cumprir. Viemos por deduzir que o que nos impulsionava era divino.
Para vir pra cá, deixamos pra
trás o sonho que milhares, quiçá milhões, de pessoas acalentam – morar nos
Estados Unidos -, mas que nunca havia sido sonho nosso. Para lá fomos por
entender tratar-se de uma porta que Deus abriu inesperadamente pra nossa
família. Olhando para trás, não temos dúvidas de que Deus nos abençoou com
aquela oportunidade.
Vamos partir da mesma forma
que partimos dos ministérios por onde passamos: por uma decisão interior
consolidada e não por falta de condições ou ambiente de trabalho. Nossa
filosofia tem sido nunca partir deixando a instituição à qual servimos em
situação pior do que a que encontramos. Nunca conseguimos deixá-las em
condições ideais, primeiro, porque nossos ideais são nossos e não de todos, muito
menos de Deus; depois, por não sermos nem termos a pretensão de ser o protótipo
da perfeição. Mas sempre nos empenhamos para deixar o barco em condições de
continuar navegando, de preferência melhor do que quando assumimos.
Não podemos, claro, dizer o mesmo
quanto aos relacionamentos. Não deixamos todos os relacionamentos vivenciados melhores
do que no início. Se há alguma coisa na qual conseguimos imitar Jesus – e ainda
assim não pelos mesmos motivos nobres dele – é na capacidade de gerar tensões.
Nesse quesito, não há como não sair em desvantagem. Quando chegamos, não
tínhamos problemas com ninguém. Agora, saímos desafinados com vários. Ainda bem
que, como diria tom Jobim, “no peito dos desafinados também bate um coração”.
Enquanto o coração bater, há oportunidade para buscar-se harmonia, mesmo
dissonante.
Assumimos a Igreja Batista da
Graça cientes de que havia uma crise. A igreja vivia momentos de divisão
parcialmente consolidada em mais de uma direção, com 2 de seus 3 pastores de
longo tempo, diversos de seus líderes fundadores e dezenas de seus membros
tendo partido.
O Centro Comunitário estava
sob “aviso prévio” da Visão Mundial, organização responsável por
aproximadamente 50% de suas receitas e por quase todos os projetos em
desenvolvimento e já existia uma comissão estudando a continuidade ou não da
Escola Municipal em suas dependências.
Com esse perfil assumimos seu
pastorado e lideramos a igreja por caminhos difíceis. Em alguns momentos
parecia-nos que o barco afundaria, mas Deus foi gracioso enviando anjos – seres
de carne e osso que se compadeceram e nos ajudaram – e juntos controlamos as
fontes de crises político-patológico-espirituais.
Nesse período, além da
transição necessária à Igreja e ao CECOM, acabamos nos envolvendo também em um
processo de transição na Convenção Batista Baiana durante 4 anos. Da mesma
forma, Deus enviou anjos para fazer o que não teríamos competência técnica,
política e espiritual para realizar e também sobrevivemos às turbulências.
Podíamos não ter noção da
profundidade e natureza dos problemas, mas tínhamos noção de quem nos conduzia,
por isso, ainda que por vezes temerosos, enfrentamos os desafios e fomos
agraciados.
Sempre que partimos, sabíamos
um pouco dos desafios que nos esperavam e sabíamos para onde íamos. Hoje,
porém, sabemos apenas que chegou a hora de partir. Não sabemos para onde vamos,
nem que desafios nos esperam, mas estamos convictos de “com quem” estamos indo
e isso nos anima a seguir em frente.
Não estamos partindo por
problemas da ou com a Igreja Batista da Graça. A IBG tem um perfil atípico e
uma estrutura organizacional com um grau de complexidade diferente, mas é isso
também que faz com que ela seja a igreja abençoadora que é. Partimos por uma
consciência de que precisamos de um tempo diferenciado para refazer as energias
e por um desejo de perceber com mais nitidez algo que acreditamos ser de Deus,
mas que ainda não está claro em nossos corações. Fatos de diversas naturezas
vividos nesses 3 últimos meses aprofundaram nossa convicção disso.
Guardando as devidas
proporções e pretensões, partimos tendo como norte as palavras “sai da sua
terra... e vá para a terra que eu lhe mostrarei”. “Não tenha medo! Eu sou o seu
escudo; grande será a sua recompensa”. (Gen. 12:1, 15:1). Hoje não temos
nenhuma certeza – o que não é novidade -, exceto de que estamos muito bem
acompanhados, assim como a Igreja também continuará muito bem acompanhada.
É hora de partir. Obrigado Deus.
Obrigado Igreja Batista da Graça.
Edvar Gimenes de Oliveira e Gláucia Carvalho Gimenes
6 comentários:
Deus vos abençoe.
Que Deus continue abençoando cada um de vocês 💓 vai deixar saudades😭
Que Deus continue a guia-lo.
Forte abraço,
Querido Pastor Edvar e Gláucia. Certamente, esse tempo de partir, é um tempo provocado por Deus e que vocês sentiram claramente essa necessidade de partir. Só não esqueçam, jamais, que o Deus que conduz a história não concluiu ainda o trabalho na vida e Ministério de Vocês sobre a face da terra. Nesse sentido, descansem, reponham as energias e fiquem atento ao próximo passo que o Espírito Santo os conduzirá. Forte abraço e que Deus os abençoe hoje e Sempre!
Desejo-lhe sucesso na nova caminhada que Deus já preparou. Jesus é contigo por onde quer andares. O amado pastor será sempre lembrado na família Teles, pois batizou nossa filha e esteve no momento mais difícil, a morte do querido Joabe. Obrigado!!!
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