segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O evangelho da conversão individual


A igreja foi criada em função do indivíduo e não o indivíduo em função da igreja. Qualquer pessoa que já leu os ensinos de Jesus conhece esse princípio. Nosso problema em relação a ele não é o conhecimento, mas a prática política.


Como a igreja é um conjunto de indivíduos, a ação organizada, articulada, de um grupo menos atento à ética, aos direitos individuais, acaba não somente se sobrepondo às reais necessidades da maioria, mas também, muita vez, negando a ela o que lhe pertence por direito humanitário.


(O raciocínio é o mesmo para qualquer outro sistema ou instituição).



Entretanto, aqui e ali surgem indivíduos “problemáticos”, “in-conformados” que, tendo conseguido perceber o equívoco da ordem estabelecida, pensam sobre o sistema, compreendem que as coisas não são e nem deveriam ser como estão e resolvem não somente gritar que “o rei está nu”, mas também mobilizar outros no sentido de alterar a realidade.



Geralmente o discurso dos “rebeldes” encontra eco rapidamente simplesmente porque ele se torna a voz que faltava à maioria sufocada. Porém, a resistência a ele também aumenta proporcionalmente à profundidade dos problemas denunciados. É que, ao denunciar os problemas, a situação dos que mantém algum tipo de dependência do sistema se desestabiliza tornando inevitável uma reação.


A beleza de o evangelho ser primeiramente para o indivíduo é que é a partir do indivíduo que as coisas acontecem. Mesmo reconhecendo que “uma andorinha só não faz verão”, é inegável que, se pudéssemos identificar o ponto zero do início da história de cada movimento social por mudanças, ali encontraríamos um indivíduo que reagiu corajosamente ao desenvolver uma percepção diferente da dominante.


Não defendo um evangelho individualista, mas não posso deixar de reconhecer a importância do papel individual na construção de caminhada coletiva.


Tal compreensão faz com que, a despeito do valor que atribuo à caminhada solidária, ao papel coletivo nas questões sociais, me mantenha, também, comprometido com a proclamação do evangelho a cada indivíduo. Continuo crente que o evangelho é poder de Deus gerando salvação a partir de corações genuinamente convertidos ao seu amor.

1 comentários:

Unknown 9 de novembro de 2009 às 19:05  

Muito boa reflexão!
Obrigado por disponibilizar o seu blogger para mim.
Abraços!
Pr. Joaquim de Paula Rosa - Rio-RJ