sábado, 24 de julho de 2010

Triste Hemã


Com o coração angustiado de quem acredita, mas não obtém resposta; de quem fala, mas não se sente ouvido; de quem sabe onde está a solução, mas não a experimenta, assim Hemã se retrata em sua poesia.
Ele queixa-se  de sentir-se à beira da sepultura, de ser contado entre os que estão descendo à cova, totalmente enfraquecido.
Seus companheiros não têm vida, pois ele mesmo se sente um cadáver, seu Deus já não se lembra mais dele, pois não sente mais o toque de suas mãos.
Por não sentir o toque das mãos divinas, sua vida é uma cova profunda e escura e somente o sentimento das ondas da ira do criador o atingem.
Seus amigos, até mesmo os melhores, o abandonaram manifestando repugnância.

Sem Deus e sem amigos, a liberdade se esvaiu, seus olhos se enfraqueceram e a tristeza tomou conta.
Mas Hemã não perdeu a capacidade de clamar. Mesmo sentindo-se morto, sua esperança era de que até mesmo aos mortos Deus manifestasse suas maravilhas; de que até mesmo na sepultura pudesse ser alcançado pelo amor e fidelidade divinos; de que até mesmo em meio às trevas, a justiça pudesse resplandecer.
Em meio à pior descrição do que seria sua dor, ele continuava iniciando seus dias clamando por socorro através de orações, na esperança de que seu apelo chegasse à presença do Senhor da vida.
“Por que, Senhor, me rejeitas e escondes de mim o teu rosto?”.
Seu sofrimento o acompanha desde a juventude e a morte é sua companheira aterrorizante. Acreditando-se vítima da ira do criador sente-se destruído por um pavor que o circunda diariamente e o envolve por completo.
Sem amigos, sem companheiros. 

As trevas são sua companhia.

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