terça-feira, 20 de julho de 2010

Por um Brasil verdadeiramente livre

"O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor." Lucas 4.18,19)
 ...

Liberdade é a palavra que expressa um dos sentimentos mais profundos da alma humana. Ela retrata o desejo que temos de superar toda e qualquer condição ou situação que aflige nosso ser. Retrata, portanto, a busca por um estágio de vida que nos proporcione um estado de bem-estar interior, de felicidade.

Dentre as muitas realidades que aumentam o anseio por liberdade, as mais comuns são: impossibilidade de ir e vir por imposição política; incapacidade de movimentar-se por enfermidade ou limitação fisiológica; ausência de perspectivas positivas frente a relacionamentos afetivos ou profissionais insatisfatórios; condição precária da vida em termos de segurança, habitação, transporte, por exemplo, em face das limitadas condições econômico-financeiras e, sobretudo, a dificuldade para aceitar as limitações próprias da nossa condição de seres humanos.

Não por acaso, portanto, fazendo uso das palavras do profeta Isaías, Jesus apresenta sua mais forte declaração de missão:

"O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos" (Lc. 4.18)

Seja qual for o significado escolhido, entre as muitas possibilidades que as palavras pobre, cativo, cego e oprimido oferecem, o fato é que elas abarcam as principais áreas de aflição nas quais nós, seres humanos, nos encontramos e alimentam nosso anseio por liberdade.

Não importa se o sentido dado a elas é de natureza espiritual, existencial, econômico, político, emocional, social, físico, enfim, o fato é que, seja o que nos faz sentir prisioneiros, em maior ou menor grau, pode ser relacionado a uma delas, pelo menos.

Essa declaração de missão, bem como as ações de Jesus, evidencia a visão integral que Ele tinha do ser humano, contrastando com a visão parcial daqueles que, rejeitando o interesse de Deus pelo que nos acontece no aqui e agora, focalizam apenas uma das dimensões da vida humana - a espiritual -, cujos efeitos afetariam somente a definição do endereço do indivíduo na vida pós-túmulo, no céu ou no inferno.

É fácil comprovar, à luz das Escrituras Sagradas por nós aceitas, que a manifestação histórica do amor de Deus pela humanidade não é seletiva. A história não confirma um Deus que seleciona algumas dimensões da vida humana para ser alvo de seu cuidado e, em outras, nos abandona à própria sorte. Exemplo maior dessa compreensão integral são as palavras de Jesus:

"Eu vim para que tenhais vida e vida em abundância" (Jo 10.10).

Diante dos desafios que a condição de pobres, cativos, cegos e oprimidos representa, Jesus assume três posturas como de responsabilidade sua: evangelizar, proclamar e agir. Podemos dizer que a primeira indica que há uma boa notícia em meio às dores humanas; a segunda pode ser relacionada com o conteúdo da boa notícia e a terceira, com o resultado que se espera de quem é alcançado pela boa nova.

Essas três palavras são aplicadas tendo em mente a pessoa humana. Não é o empreendimento religioso chamado igreja ou político chamado Brasil que está no centro das atenções. Um empreendimento religioso ou político pode ser forte a despeito e até a custa do sofrimento humano. Fixar os olhos na igreja ou no país tem seu valor, porém, quando a humanidade é mantida em destaque, o coração se nutre de compaixão. É o que percebemos quando lemos:

"Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor" (Mt 9.36).

O texto acentua, também, que a presença do Espírito na vida de Jesus era a evidência da unção, da legitimação espiritual; era a confirmação do seu papel missionário no mundo.

Diante disso, não há como não sermos despertados para as necessidades integrais de cada brasileiro ou não sermos constrangidos a cumprirmos nossa missão inspirados no exemplo de vida de Jesus, a fim de que possamos ver todo um povo, o povo brasileiro, verdadeiramente livre.

0 comentários: