quarta-feira, 14 de março de 2012

O interpessoal, o político e o técnico no exercício da liderança

Aberto ao exercício de cargos e funções de liderança eclesiástica desde o início da adolescência, não apenas cultivo alguma disposição e disponibilidade para tal, mas também tenho me empenhado em observar exemplos de líderes bem sucedidos, conhecer suas qualidades e ler o que estiver ao alcance sobre o assunto. Ultimamente tenho refletido sobre 3 competências pessoais que influenciam nosso modo de liderar e de nos relacionarmos com os que conosco trabalham.

As três fazem parte da nossa estrutura de personalidade, mas não se manifestam necessariamente em proporções iguais. Em geral uma se sobrepõe de forma mais espontânea, trazendo benefícios ou prejuízos a depender das exigências da função ou cargo, das pessoas com quem trabalhamos e do nível de consciência que temos a respeito delas.

A maneira como lidamos com elas pode influenciar, por exemplo, na decisão de aceitar ou não certos desafios de liderança, no sucesso em determinadas “missões” e até na maneira como desenvolvemos relacionamentos interpessoais. São elas: a interpessoal, a política e a técnica.

A descrição de algumas das manifestações de cada uma delas de maneira isolada e até um pouco “caricaturizada”, visa tão somente ajudar-nos a refletir, até porque a maneira como nossas qualidades se apresentam tem um elevado nível de particularidades próprias de cada indivíduo com sua herança genética, história de vida e contexto no qual está inserido.

Na interpessoal, o indivíduo sempre é mais importante do que instituições, tarefas ou grupos. O sentimento predomina sobre a razão e dizer não, especialmente em situações de comoção, é difícil. A exposição a riscos e sacrifícios em favor do outro é comum, mesmo que isso provoque desgastes.

Pessoas movem a vida. Tarefas importantes ou repercussões dos atos sobre instituições ou grupos têm importância secundária. Tudo pode ser parado se há uma demanda individual.

Na política, razão e emoção transparecem conforme as circunstâncias. A eficiência e eficácia discursiva podem ser diametralmente opostas à executiva. Dialogar, portanto, interessa mais do que desenvolver tarefas.
A habilidade de articulação é notória e dizer não ou sim depende mais da repercussão disso num segmento do que no interlocutor.  Um grupo desperta mais interesse do que um indivíduo. O indivíduo ganha importância se isso afetar o grupo.

A tomada de decisão não leva em conta, prioritariamente, valores éticos ou a importância individual, mas os efeitos, especialmente em favor dos interesses defendidos. Os interesses geralmente se sobrepõem aos valores e a flexibilidade à dogmática, exceto quando a defesa do inverso apresenta vantagens perante o grupo.

Na técnica, o “como fazer” é o eixo dos interesses, a lógica é evidente nas palavras e ações, o desejo de organizar se sobressai e a realização de tarefas, inclusive solitárias, é prazerosa.

O interesse por análises colabora para que a reação a imprevistos não seja imediata. O tempo para tomada de decisões ou de adaptação ao inesperado é maior. O “não” é dito mais facilmente, o cuidado com os sentimentos alheios é menor e ser ou não carismático é irrelevante.

Para o exercício de nossa missão no mundo, enganam-se os que acreditam que uma das três é preferida por Deus ou que uma delas proporciona maior probabilidade de sucesso ministerial. As três são necessárias à caminhada humana, mas não precisam aparecer – e raramente aparecem - de forma equitativa num mesmo indivíduo. O importante é que, cientes da existência e necessidade delas, aprofundemos o autoconhecimento e o conhecimento mútuo trabalhando cooperativamente, empenhados em usar os característicos favoráveis das diferenças em favor de todos.

Ter consciência dessas três competências, saber qual delas se manifesta mais espontaneamente em nossas atitudes, palavras e ações, quais são os aspectos construtivos ou destrutivos de cada uma em dada situação e com qual lidamos com maior dificuldade, tem sido de grande utilidade para mim no exercício da liderança.

1 comentários:

Pr Flávio da Cunha Guimarães 17 de março de 2012 às 18:17  

Olá querido irmão, Edvar, muito bom o seu texto, a sua reflexão. Concordo plenamente com o seu pensamento. Parabéns. Que Deus o abençoe para continuar escrevendo e refletindo de maneira tão objetiva.
De seu irmão em Cristo, Pr Flávio da Cunha Guimarães.
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