Fui eleito, e agora? (Convenção Batista Baiana)
“No essencial, unidade. No não essencial, liberdade. Em tudo, o Amor.”
(Agostinho)
Não almejava a presidência, mas decidi não dizer não, em caso de indicação. Não almejava, porque não sou de ocupar cargo pelo cargo. Não tenho vocação para “rainha Elizabeth” e sei o que ela – a presidência - significaria diante da agenda pastoral na Igreja Batista da Graça. Mas, não disse não porque acompanho com olhos clínicos a caminhada da CBBA e sei, por experiência e formação, que poderia contribuir para potencializar suas estruturas.
Fui eleito, e agora? Agora vamos caminhar norteados pelos seguintes princípios e metas iniciais:
1) Respeito à liberdade. Em termos de princípios, sou batista à moda antiga. No Novo Testamento, a liberdade é colocada como sinônimo de salvação. Ela fez parte da visão estratégica de Jesus (Lc. 4.19); é uma vocação (Gal 5.13); é indicação da presença do Espírito do Senhor na igreja (II Cor. 3:17) e deve ser exercida visando o serviço amoroso ao próximo (Gal. 5:13).
Além disso, documentos disponíveis, por exemplo, em “ 4 frágeis liberdades” de Walter B. Shurden, comprovam o respeito dos batistas à liberdade: a) de reconhecimento da autoridade e interpretação da Bíblia; b) do indivíduo, seus pensamentos e crenças; c) da igreja local, seu vínculo com Jesus, sua autonomia e espírito de cooperação; d) de religião para todos;
2) Defesa da cooperação. Não menos presente no Novo Testamento e na história dos batistas, a cooperação é essencial à vida humana e, portanto, à vida da Igreja. Os princípios, doutrinas, eclesiologia, patrimônio e qualificação da liderança, são resultado de cooperação. Não existe cooperação entre membros de uma igreja local que não esteja vinculada à cooperação com membros de outras igrejas. Uma igreja que quebra este princípio está colocando uma corda em seu próprio pescoço.
Cada batista coopera livremente com sua igreja e cada igreja, livremente com as demais partes da denominação e do reino de Deus. Isso se dá de 3 formas: a) através da oração; b) através do know-how, do que cada um conhece e sabe fazer, e c) através do suporte financeiro. Uma igreja que não se norteia por essas três possibilidades está ensinando a seus membros, com seu exemplo, que elas não são essenciais. Por isso, os membros poderão fazer o mesmo em relação a ela, sem que tenha autoridade para reprová-los.
3) Incentivo à transparência – Quando oramos e dividimos conhecimentos, ambos – oração e conhecimento – continuam sob nosso controle. O dinheiro, entretanto, ao ser entregue, sai do nosso controle e passa a ser controlado por outrem. Daí esperarmos que seja administrado de maneira democrática, transparente, disciplinada e austera.
Quem administra recursos financeiros de igreja ou outras instituições denominacionais deve fazê-lo de forma transparente. É direito do administrador, ser fiscalizado e um dever seu, ser transparente. Quem administra dinheiro alheio, além de ser honesto precisa parecer honesto.
Tudo que uma instituição denominacional faz com o dinheiro que recebe deve ser publicado com tal transparência que qualquer pessoa possa olhar e enxergar, com facilidade, como as coisas estão do outro lado. Todo investimento feito em funcionamento organizacional, construção, manutenção ou conservação patrimonial e em pessoal deve tornar-se público. Transparência deve ser regra geral. Sigilo, exceção baseada em critérios transparentes. Se nos envergonhamos de algo, que o “algo” seja corrigido e não escondido.
Com base nesses princípios, nos primeiros seis meses trabalharemos em torno de 3 metas:
a) Saneamento financeiro. Levantaremos detalhadamente a situação nesta área, especialmente dívidas. Definiremos um orçamento de custeio para 12 meses baseado nas obrigações legais, contratuais e acordos denominacionais, separado do de investimento. Adotaremos o necessário para que, na medida da urgência possível, deixemos de usar empréstimos bancários e paguemos em dia nossos credores;
b) Plano de Transparência. Usaremos a página da CBBA na internet para possibilitar a qualquer pessoa acesso à vida de todas as instituições da Convenção. Se não for conveniente a publicação de algo, isso será exceção criteriosa e publicamente definida. Nesse caso, a informação deverá estar disponível à diretoria, aos líderes oficialmente reconhecidos pela convenção e aos membros de igreja devidamente autorizados por ela. Não deverá haver sigilo absoluto em hipótese alguma. Na democracia, a transparência é a mais eficaz arma contra a malversação dos recursos e corrupção;
c) Reestruturação organizacional – Considerando já existir um GT de avaliação das estruturas e um processo em andamento de reforma estatutário-regimental, defenderemos estruturas bem definidas em termos estratégicos, táticos e operacionais, com atribuições claras e sem superposições; que possibilitem a agilidade dos processos sem risco à integridade doutrinária e patrimonial e com descentralização e alternância no poder. Entenda-se poder como fruto das atribuições delegadas pela Assembléia aos ocupantes de cargos ou funções e não propriedade intrínseca de seus ocupantes por critérios contrários à vida e ensinos de Jesus (Mc 10.44; Jo 13:14).
Essas intenções serão perseguidas, sem prejuízo às atividades essências da Convenção e mais caras ao povo batista. Por estarem amparadas em princípios da Palavra de Deus, as desejaremos com ardor.
2 comentários:
Deus abencoe nessa caminhada, pastor. Forte abraco, Jair
ps.: conte com minhas oracoes.
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