Justiça Social no Brasil - 28.07.12 - 97/100 dias de oração pelo Brasil
Todos queremos justiça social, desde que a chegada dela não implique em alterar nosso status quo. Isso porque justiça social implica não somente em justa distribuição de renda, mas também de oportunidades, para que se tenha acesso à informação, aos cargos e funções decisórias, à educação, saúde, segurança, habitação e a transporte, por exemplo.
No caso da igreja, a grande questão da não inclusão do tema justiça social em sua lista de prioridades, se deve ao fato de que não há como agir nesse campo sem que as diferenças político-econômicas se evidenciem, sem que os constrangimentos das desigualdades venham à tona e sem que se corra o risco de perder determinados privilégios.
Se tem dúvidas quanto isso, passe a observar quais são os temas relacionados à vida social que são abordados por nós. Pegue qualquer revista ou jornal de qualquer denominação evangélica ou até mesmo faça um levantamento dos temas sociais abordados em congressos denominacionais e verificará que eles têm algo em comum: tratam de temas que não colocam a igreja em rota de colisão com os poderes políticos e econômicos estabelecidos. Até mesmo quando nos envolvemos na busca por um lugar nos parlamentos ou em cargos executivos eletivos, o fazemos pensando em ter alguém que defenda nossos interesses e não em pessoas que tenham visão pública e entendimento ético consistente.
Optamos por tratar das questões do corpo, não porque seja o mais importante da vida humana, mas por sua generalidade e, consequentemente, por combater-se questões que não alteram as relações de poder estabelecidas (apenas aumentam a culpa individual e força-se uma maior dependência sacerdotal para que ela seja perdoada). O que discuto aqui, não é a importância da ética da corporalidade, mas a "exclusivização", absolutização até, dela em nossos discursos e ações, em detrimento das demais áreas, especialmente as políticas e econômicas.
Entretanto, não há como agir em prol da justiça social, sem que as relações de poder sejam revistas. E para serem revistas é preciso que sejam analisadas, avaliadas. E para que isso ocorra, é preciso relacionar teoria a casos concretos. E fazer essa relação, nos coloca em rota de colisão. Daí, repito, rarissimamente termos acesso, nos meios denominacionais evangélicos, a temas relacionados à ética na economia e na política, em linguagem "popular".
O que significa pra nós "orar pela Justiça Social no Brasil"? Um desencargo de consciência? Um ajuste à imagem institucional? Queremos mesmo nos envolver para que algo seja mudado?
Abraços do seu pastor,
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