quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

E o carnaval continua...



Não sou filiado a partido político – o que não é virtude – nem acadêmico de política – o que não é necessidade. Sou um cidadão que procura ser minimamente informado das realidades que me cercam, ciente de que nada na caminhada em sociedade, seja bom ou ruim, acontece por acaso. Tudo é resultado de um jogo de forças movido por “n” interesses e valores.

Essa consciência faz com que me interesse até certo ponto, inclusive pelo que ocorre nos mais altos escalões dos 3 poderes constitucionais – Legislativo, Executivo e Judiciário – bem como do quarto poder, os meios de comunicação de massa. Deles procedem as “saídas da vida”, pois em suas entranhas os que foram investidos de poder – direta ou indiretamente - pela sociedade expressam o que vai em seus corações, muito mais, infinitamente mais, do que o que vai no coração de parte significativa do povo que os empoderou.

Se no quarto poder o carnaval se manifesta através do monopólio (2 ou 3 grupos detém a maioria absoluta da mídia nacional fazendo o que bem entende com a cabeça politicamente ingênua de parcela considerável da população), no Legislativo isso ficou evidente nas eleições de seus presidentes, na Câmara e Senado.

Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que política e ética podem se misturar ou não, de acordo com a correlação de forças existente. Os que controlam a maioria dos votos, de esquerda, direita ou centro (seja lá o que isso signifique!), elegem os dirigentes não por sua folha corrida, mas pela relação custo-benefício que eles representam diante das alternativas existentes à manutenção de seus poderes.

Assim, enquanto aqueles que não foram investidos de poder em cargos públicos ou nem têm consciência do poder que têm defendem que a ética deveria ser o critério primeiro norteador da escolha dos presidentes das casas legislativas, para a maioria dos legisladores a ética é um ingrediente a ser considerado não por seu valor intrínseco, mas pelos resultados decorrentes. Se o candidato fortalecerá seus interesses, pouco importa o histórico ético ou a quem está associado. O pragmatismo, então, não a ética, é a cosmovisão norteadora. (Tanto lá, quanto cá, pois agimos da mesma forma, de dois em dois anos).

A lógica dos que elegeram os presidentes do Senado e da Câmara, parece destoar da que rege seus eleitores, mas só parece. Na verdade é idêntica. A maioria de nós, na maioria das vezes, elege não pela “ficha limpa” ou pelo espírito predominantemente público do postulante, mas pela percepção de vantagem que pode representar para os fins almejados. Fins nem sempre altruístas.

Não me norteio pela cosmovisão purista, embora valorize a pureza. Considero herética a radicalização de qualquer “ismo”. Sei que todos os candidatos são “pecadores”. Também não me norteio pelos parâmetros estabelecidos pelas mídias. Elas não são neutras e, antes de tudo, defendem sua sobrevivência e interesses econômicos.  Até mesmo relatórios policiais e decisões judiciais têm, em maior ou menor grau, um viés político-ideológico. Porém, quando as evidências levantadas por diversas fontes distintas, de diversos lugares e natureza, apontam muita fumaça, a probabilidade de haver fogo é grande. Nesse caso, a precaução seria recomendada, mas...

Enquanto assim é e enquanto assim for, o carnaval continua: continuamos brincando, fazendo de conta que não somos o que somos e que a vida em sociedade não é o que é. E, assim como os indicadores de violência se elevam no carnaval, mantém-se elevados os indicadores de violência de todo tipo na sociedade brasileira. E continuará, pela manutenção do bem estar de alguns em detrimento do da maioria, enquanto silenciarmos.

 

1 comentários:

Anônimo 20 de fevereiro de 2013 às 17:01  

Como poderia não concordar o senhor, pastor?

Ana Maria