domingo, 21 de abril de 2013

Pensando em momentos de tragédia


Estávamos no quarto do hotel, em Juazeiro, e, enquanto nos preparávamos para sair, Odílio comentou uma notícia veiculada pouco antes, do acidente automobilístico que ceifou a vida de dois jovens, noticiada pela televisão. Logo em seguida, já no saguão, Manolo telefonou informando que se tratava de dois filhos – Caio e Ciro - de Carlos e Delamira, membros de nossa igreja.

Como não poderia deixar de ser o choque foi grande. Imaginar a partida de duas vidas jovens é impactante; pensar na vida dos pais, familiares e amigos, diante de perda tão abrupta e dramática é um sentimento muito desagradável; pensar, porém, que a dor é de alguém que faz parte do nosso mundo significativo nos leva, por uma questão de empatia, a sentir um pouco mais da imensa dor dos que ficaram sem uma parte de si.

Entre um momento e outro da agitação que caracterizou esse meu final e início de semana, o assunto voltou à minha mente diversas vezes. Pensei muito no que significa ficar sem filhos. Gláucia deixou Itacoatiara, no Amazonas aos 18 anos e eu, Garça, SP, aos 20. Nossos pais ficaram pelo menos 3 mil quilômetros para trás, numa época em que só quem tinha muito dinheiro viajava de avião, telefone interurbano era uma fortuna e internet, nos termos conhecidos hoje, era ficção. Porém, só viemos a perceber o que isso teria representado para nossos pais, depois que a filha passou a viver nos Estados Unidos e o filho na Dinamarca.

Se uma separação é dolorosa, ainda que possamos nos ver pela internet a qualquer momento que desejarmos, pensei no quanto é dolorosa dor de uma separação que nos força a viver de lembranças. Senti isso quando meu pai partiu aos 54 anos. Estimulo, portanto, àqueles que têm seus filhos – e pais - por perto, a valorizarem ainda mais o tempo que podem estar juntos.

Pensei muito, também, no quanto precisamos fortalecer a consciência do perigo que um carro representa e da falsa ilusão de segurança e até mesmo de poder que experimentamos quando estamos dentro de um. Isso não ocorre somente com jovens. O motorista que nunca “pisou o pé” no acelerador mais do que devia, que atire a primeira pedra. Acidentes acontecem, mas a experiência pode e deve servir-nos de alerta.

Ao agradecer à igreja que, na minha ausência, esteve presente na vida da família, peço que continuemos orando a fim de que o Senhor fortaleça seus corações, mesmo em meio à perda tão significativa e de difícil aceitação.

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