Pensando em momentos de tragédia
Estávamos no quarto do hotel,
em Juazeiro, e, enquanto nos preparávamos para sair, Odílio comentou uma
notícia veiculada pouco antes, do acidente automobilístico que ceifou a vida de
dois jovens, noticiada pela televisão. Logo em seguida, já no saguão, Manolo
telefonou informando que se tratava de dois filhos – Caio e Ciro - de Carlos e Delamira,
membros de nossa igreja.
Como não poderia deixar de ser
o choque foi grande. Imaginar a partida de duas vidas jovens é impactante;
pensar na vida dos pais, familiares e amigos, diante de perda tão abrupta e
dramática é um sentimento muito desagradável; pensar, porém, que a dor é de
alguém que faz parte do nosso mundo significativo nos leva, por uma questão de
empatia, a sentir um pouco mais da imensa dor dos que ficaram sem uma parte de
si.
Entre um momento e outro da
agitação que caracterizou esse meu final e início de semana, o assunto voltou à
minha mente diversas vezes. Pensei muito no que significa ficar sem filhos.
Gláucia deixou Itacoatiara, no Amazonas aos 18 anos e eu, Garça, SP, aos 20.
Nossos pais ficaram pelo menos 3 mil quilômetros para trás, numa época em que
só quem tinha muito dinheiro viajava de avião, telefone interurbano era uma
fortuna e internet, nos termos conhecidos hoje, era ficção. Porém, só viemos a
perceber o que isso teria representado para nossos pais, depois que a filha
passou a viver nos Estados Unidos e o filho na Dinamarca.
Se uma separação é dolorosa,
ainda que possamos nos ver pela internet a qualquer momento que desejarmos,
pensei no quanto é dolorosa dor de uma separação que nos força a viver de
lembranças. Senti isso quando meu pai partiu aos 54 anos. Estimulo, portanto, àqueles
que têm seus filhos – e pais - por perto, a valorizarem ainda mais o tempo que
podem estar juntos.
Pensei muito, também, no
quanto precisamos fortalecer a consciência do perigo que um carro representa e
da falsa ilusão de segurança e até mesmo de poder que experimentamos quando
estamos dentro de um. Isso não ocorre somente com jovens. O motorista que nunca
“pisou o pé” no acelerador mais do que devia, que atire a primeira pedra.
Acidentes acontecem, mas a experiência pode e deve servir-nos de alerta.
Ao agradecer à igreja que, na
minha ausência, esteve presente na vida da família, peço que continuemos orando
a fim de que o Senhor fortaleça seus corações, mesmo em meio à perda tão
significativa e de difícil aceitação.
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