Intolerância religiosa
Nessa quinta-feira, estive falando sobre intolerância religiosa a alunos do ensino médio do Colégio Padre Vieira, SSA, a convite de Luana Chacra. Também falaram naquela tarde, representantes do catolicismo, candomblé e espiritismo.
Nas origens dos batistas, o valor liberdade de religião, crença e pensamento mereceu defesa. Hoje, para alguns, levantar tal bandeira seria desvantajoso, em face da competição no mercado da fé.
Na última assembléia da Convenção Batista Brasileira, em Gramado, um orador norte-americano bradou: nós venceremos o islamismo. Fiquei pensando não somente no quanto religião e política andam juntas, mas também no tipo de política (e de religiosos políticos) que escolhemos para parceria.
Se defendo a liberdade religiosa, mas convido para ensinar numa casa de formação de pastores ou pra falar ao povo batista alguém que não respeita o direito do outro crer ou não crer ou, pior, que trata o outro como inimigo a ser vencido por sua escolha religiosa diferente da nossa, isso indica falta de coerência entre discurso e prática. Nossa prática é o nosso verdadeiro discurso, nossa verdadeira teoria.
Já passou da hora de não apenas levantarmos esta bandeira, mas de agirmos coerentemente com ela. Se nossa fé é de boa qualidade, vivê-la intensamente é suficiente. E para que outros também possam abraçá-la, atacar a fé alheia é totalmente desnecessário.
Foi-se o tempo de justificar a necessidade de avanço missionário tendo como referência o espaço demográfico ocupado por outras religiões. Isso não é motivação missionária, é guerra religiosa, é disputa de mercado, é despertar instintos animalescos.
Se queremos dialogar sobre nossas diferenças, que isso seja feito em nível respeitoso e não em termos belicosos. Se queremos proclamar nossa fé - isso faz parte da natureza humana e é um direito seu - não há necessidade, para isso, de atacar a do outro. Basta relacionarmos os benefícios individuais e coletivos da mensagem que pregamos e enfatizarmos isso.
Já há motivos demais para violência em nosso país. Se não posso corrigi-los todos, será uma grande contribuição à cultura da paz não alimentar desrespeito religioso em nosso raio de convivência. Religião deve ser instituto de paz, não de violência.
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