quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Política regida por valores do Reino de Deus



Política é algo inerente à natureza humana. Fazemos política na cama e fora dela, do acordar ao dormir. As formas como ela é feita são de natureza cultural, mas a razão para fazê-la está escrita em nosso DNA.
Fazemos política porque, embora autônomos, somos interdependentes. Por sermos individuais, dotados de sentidos próprios, percebemos a realidade individualmente; por sermos interdependentes, necessitamos negociar tudo que nos afeta e nos interessa mutuamente.
Pensamos e sentimos individualmente, mas o que pensamos e sentimos, quando expresso, repercute coletivamente. Tudo o que cada um faz afeta outrem, e o todo afeta a vida de cada um. Por isso, é profundamente empobrecedor pensar política pragmaticamente, sem considerar a construção cultural de valores que norteiam sentimentos e pensamentos.
O médico Lucas (LC. 22.24-34) narra um episódio no qual discípulos de Jesus, movidos por valores e sentimentos obscuros, disputavam entre si quem seria o maior entre eles. Jesus interfere no debate, esclarecendo que há dois tipos de política: a vigente, na qual os reis dominam sobre pessoas e por elas são servidos (25) e a do Reino de Deus – representada por ele -, na qual quem quer governar deve ser movido primeiramente pela disposição de servir (26).




Segundo Jesus, os que optam por segui-lo, adotando a política do servir (em vez de ser servido), caminham em comunhão, em paz (28-30); os que adotam a política dominante de servir-se dos outros, vão pra peneira de Satanás, onde experimentam a separação, a divisão e o conflito doentios (31).
Jesus orou pelo fortalecimento da fidelidade de Pedro (32), a fim de que, experimentando a conversão (32) na maneira de encarar a relação com o outro, em vez de contribuir para o enfraquecimento e divisão, se tornasse instrumento de fortalecimento e unidade do grupo.
Pedro declara-se disposto a seguir a (política de) Jesus, a ser preso e até morrer para estar à mesa com ele e não na peneira de Satanás (33), mas é percebido pelo mestre como alguém cujo discurso não encontraria ressonância na prática (34). Seu discurso de abnegação seria derrubado antes “do galo cantar” (34).
O que nossa prática diz sobre o que tem norteado nossa caminhada política? Na equação das questões mais simples do cotidiano ou nas funções institucionais mais importantes que ocupamos, somos regidos pela disputa por ser servido ou pela disposição de servir? Estamos preparados para nos assentarmos à mesa com Jesus ou para sermos peneirados por Satanás?

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