quinta-feira, 21 de outubro de 2010

As lembranças que provocamos

Um colega de ministério deixou o seguinte recado em uma das redes sociais virtuais das quais participo: “Olá mano, qual tem sido a corrida atual? Hoje me lembrei de algumas pessoas com as quais fiz algum percurso na corrida pelo Reino. Lembrei-me de você em uma jornada de Educação. Felicidades.” 

Essas simples palavras produziram uma agradável sensação em meu coração. Mesmo tendo sido nosso último encontro há bem mais de dez anos, lembrei-me de repente de sua imagem, do seu jeito de rir e de falar, de sua seriedade e alegria ao compartilhar sua caminhada desafiadora de vida.
Somos assim: locomovemo-nos de um lugar para outro, nos envolvemos em atividades aqui, ali e acolá e vamos escrevendo uma história que não fica registrada em papel ou arquivos de computador, mas no coração de pessoas afetadas por nossa presença, por nossas atitudes, palavras ou ações.
Lembrei-me de Jesus que não deixou nenhuma palavra escrita. A única grafia dele a que se faz referência foi feita no chão, enquanto pensava, suponho, no que responderia a religiosos que, querendo embaraçar-lhe, confrontavam a prática de uma mulher adúltera com o rigor da lei de Moisés.
O vento levou sua escrita, mas seu ato misericordioso entrou pra história porque, antes de tudo, impressionou positivamente seus discípulos.
É claro que Jesus também deixou marcas desagradáveis. Aqueles cujas vidas foram por ele confrontadas, por não apresentarem conduta compatível com os valores mais sublimes do Reino de Deus, optando por continuar no desvio, certamente não guardaram boas lembranças. Tanto é que alguns não sossegaram enquanto não o mataram.
Lembrei-me também dos cristãos de Tessalônica que impressionaram Paulo pelas obras de fé, pelo trabalho de amor e pela firmeza de esperança. Por isso, ele lembrava-se deles com gratidão e orava sempre por suas vidas. (I Tes. 1.2-3)

Dentre os benefícios das redes sociais e das assembléias anuais das convenções batistas, por exemplo, está o de possibilitar o reencontro com pessoas que, em algum ponto, no tempo e no espaço, gravaram algo em nossa história. Algumas delas nem sabem que marcaram nossa vida, positiva ou negativamente, pois a influência dos atos alheios sobre nós não se dá somente no tête-à-tête. Uma palavra dita em público ou um texto publicado nos impressiona gerando alegria ou tristeza, prazer ou dor.
O fato é que, cada vez que paramos para refletir sobre nossa história com determinada pessoa, emoções mistas afloram. Mesmo que a pessoa também tenha feito coisas boas por e para nós, geralmente a lembrança que vem à tona naturalmente é a do sentimento que mais fortemente ficou gravado. Os pensamentos que ela compartilhou conosco, por mais brilhantes que sejam, podem cair no esquecimento diante de uma forte emoção negativa vivenciada com ela.
Todos nós marcamos e somos marcados. Todos nós geramos alegrias e tristezas na lembrança de alguém. Mesmo que nos esforcemos, jamais conseguiremos que todas as marcas por nós produzidas nos outros sejam agradáveis. Quem fala em público ou escreve, por exemplo, não é capaz de mensurar que tipo de sentimento produzirá em cada ouvinte/leitor.
Mas podemos escolher viver de tal maneira que gerar marcas desagradáveis não seja nosso objetivo de vida. Se ocorrerem, que seja como efeito colateral inevitável, fruto de decisão consciente entre alternativas.
Que tipo de marcas estamos deixando nas pessoas que fazem parte do nosso raio de influência? Que tipo de lembranças deixaremos gravadas nelas?

1 comentários:

APENAS SERVA 8 de novembro de 2010 às 20:35  

AMEI A FORMA DE DOCUMENTAR UMA DOCE LEMBRANÇA.MUITO BOM