quinta-feira, 2 de junho de 2016

A infidelidade na política



Fiel é qualidade de pessoa que cumpre o que promete. Todos nós, em algum momento da vida, deixamos de cumprir algo que prometemos. Isso, entretanto, não nos caracteriza como pessoas infiéis.

Infiel é a pessoa cuja atitude de desrespeito ao outro a leva ao não cumprimento contínuo, regular, de suas promessas e não se importa em justificar de maneira plausível, crível, a excepcionalidade de seu ato de infidelidade.

Por sermos limitados, nem sempre mensuramos devidamente o preço da promessa feita ou não conseguimos prever situações adversas às que imaginávamos quando assumimos um compromisso. Quando isso ocorre, a pessoa fiel é vocacionada por sua voz interior a reconhecer o erro, reparar as conseqüências danosas ao outro e a se empenhar para repactuar o compromisso em termos favoráveis a ambas as partes.

Fidelidade não é a marca, por exemplo, da maioria dos políticos na política brasileira.

O governo #DilmaComTemer  foi eleito usando informações falsas, de manipulação imoral, comum na política em um país no qual os eleitores têm um “complexo de vira-latas” e não desenvolveram a consciência de que autoridade é, primeiramente,  quem confere autoridade e não quem a exerce. A Constituição é clara: “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido” (Art. 1º).

Já o governo #TemerSemDilma quer legitimar-se através de um processo de impeachment da presidenta eleita, cujo ritual até aqui seguiu a legalidade mas, pelos diálogos entre destacados dirigentes políticos, gravados e publicados, está patente que houve um complô de fugitivos da polícia escondidos atrás de um discurso de moralidade, quando, na verdade a  imoralidade era a verdadeira força motriz de seus discursos.

O que os dois governos têm em comum é que os grupos que disputam o poder (independente de diferenças ideológicas e prioridades sociais e econômicas), o fazem não com a intenção de serem fiéis ao que prometem à população, mas, antes, ao que prometem uns aos outros, aos aliados. O povo é só um detalhe para legitimar aos olhos do mundo o controle do poder que lhes abastece as contas, de preferência no exterior.

Infidelidade é justamente o oposto ao que a vida nos ensina, ao que a Bíblia nos revela em relação ao amor de Deus por nós e ao que constatamos na vida de Jesus em relação à sua missão. Mas, parece-nos ser ingenuidade lutar mesmo, almejar que as pessoas investidas por nós de autoridade sejam fiéis.

Enquanto nós mesmos não acreditarmos que essa virtude é essencial e não investirmos para que nossas crianças aprendam por experiência, através de exemplos e discursos coerentes que a fidelidade é essencial à vida saudável, continuaremos apanhando de homens e mulheres, cujos compromissos pouco ou nada têm a ver com as necessidades da população.

0 comentários: