Batistas e a Lei de Gerson
“Por que pagar mais caro se o “Vila” me dá tudo o que eu quero... ?
Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também...” (Gerson, da seleção tricampeã do mundo de futebol, em propaganda
veiculada em 1976)
Ainda tenho na memória a
escalação da Seleção Brasileira vencedora da copa de 70. Dentre os campeões, lá
estava Gerson, o “canhotinha de ouro”. Infelizmente, lembro-me dele não somente
pelas belas jogadas. Lembro-me, também, de que, em 1976, ele protagonizou um
comercial de cigarros – atletas deveriam
ser proibidos de fazer propaganda de fumo e bebida alcoólica – no qual
popularizou um slogan que norteia a vida de muita gente, das quais, alguns batistas:
“o importante é levar vantagem em tudo”.
A cultura da Lei de Gerson se
consolida em nossas igrejas quando enfatizamos mais (e, pior, distorcidamente)
Malaquias 3:10-11 do que II Coríntios 8 e 9 (NVI). Alguns enfatizam o dar para
abastecer a “casa do Senhor” (leia-se, NOSSA igreja) e, como conseqüência,
sermos abençoados com RETORNO garantido e multiplicado do NOSSO investimento.
Diferente, porém, era a ênfase
paulina. Nela os crentes davam:
1. Movidos pela graça (II Cor.
8:1)
2. Em meio a severa tribulação e
extrema pobreza (II Cor. 8:2)
3. Dando o que podiam e além do
que podiam (II Cor. 8:3)
4. Insistindo para ter o
privilégio de dar (II cor. 8:4)
5. Como consequência da entrega
que fizeram de suas vidas a Deus( II Cor.8:5)
6. Pelo simples privilégio de
contribuir (II Cor. 8:7)
7. Com sinceridade e dedicação
((II Cor. 8:8)
8. Empobrecendo-se para
enriquecerem outros((II Cor. 8:9)
9. Proporcionalmente ao que
possuíam (II cor. 8:11)
10. Com prontidão, não hesitação
(II Cor. 8:12)
11. De forma justa (II Cor. 8:13-14)
12. Porque os líderes eram éticos
e zelosos na administração (II Cor 8:16-22)
13. Com objetivo de honrar ao
Senhor (II Cor. 8:19)
14. Com generosidade, não com
avareza ( II Cor. 9:5)
15. Visando uma colheita
abundante para o Reino (II Cor. 9:6)
16. Não por obrigação, mas por
alegria (II Cor. 9:7)
17. Visando acréscimo de graça e
boas obras (II Cor. 9:8)
18. Visando atender necessitados,
não a si mesmos (II Cor. 9:9)
19. Cientes de que Deus não
deixaria que nada lhes faltasse (II Cor. 9:10)
20.
Visando o aumento da generosidade individual e glorificação a Deus (II Cor. 9:11)
22.
Visando suprir as necessidades alheias e aumentar o sentimento de gratidão (II
Cor.9:12)
23.
Como manifestação de serviço, testemunho de obediência e generosidade (II Cor.
9:13)
24.
Porque o retorno seria o amor dos que eram abençoados (não aumento patrimonial
próprio) (II Cor. 9:14)
Em termos denominacionais, o
espírito de “levar vantagem em tudo” revela-se quando perguntamos: “que
vantagem levamos ao cooperar com a Convenção?”, em vez de perguntamos: “quem estamos
abençoando ou abençoaremos com a nossa cooperação?”. Convenção não é consórcio,
muito menos Fundo de Investimentos. Não cooperamos para levar vantagem, mas
para abençoar vidas. Daí as palavras de Jesus: “Mais bem aventurado é dar do
que receber” (At.20:35).
Se os que estão administrando os
recursos NÃO manifestam o mesmo cuidado manifestado por Paulo (II Cor.8:16-22),
tenhamos a coragem de apontar o que precisa ser melhorado, de dizer como isso
pode ser corrigido e, não havendo resposta, de destituí-los. Jamais, porém,
usar isso para justificar atitude egoísta, egocêntrica, de quem só pensa em
“levar vantagem em tudo”.
É verdade que, dentre as
finalidades de uma Convenção, está a de apoiar as igrejas, equipando-as para
melhor desenvolverem seus ministérios, o que deve ser feito, predominantemente,
através da oferta de educação por suas organizações (no caso da Bahia, AECBA,
AMUBAB, CENTRE, Integração Comunitária, JUBAB, Seminários, UFMB e UMMB).
A finalidade primeira dessas
organizações não é, portanto, fazer o que é papel das igrejas, mas capacitar as
igrejas para que façam ainda melhor. Se não cumprem seu objetivo, apontemos as
deficiências, as soluções e nos disponibilizemos para fazer (até porque ficar num
pedestal, à distância, apontando falhas dos outros é fácil!). Aos líderes das
organizações, por nós eleitos, cabe planejar estrategicamente, avaliar e
apontar caminhos. Seus cargos não existem como trampolim para carreira
“ministerial”, espaço de manifestação de egos envaidecidos ou meio de angariar
prestígio político visando benefícios próprios.
Pastor, se sua relação com a
Convenção é na expectativa de levar alguma vantagem própria, é hora de rever
sua relação com Deus e o próximo, à luz de II coríntios 8 e 9. Talvez nisto
esteja a causa de problemas em sua igreja: os membros agem com ela, da mesma
forma que seu líder com a Convenção.
Quando ouço de pastores que se
beneficiaram de educação no mínimo subsidiada pela Convenção; que exercem
ministério em igrejas plantadas com dedicação e know-how de outras igrejas; que
se abrigam em templos construídos com esforço alheio e, da noite pro dia, sob
alegação de desejo democrático dos membros, resolvem roubar esse patrimônio –
história, gente, organização e prédios – visando seus próprios interesses, o
que é isso senão uma manifestação da Lei de Gerson?
Creia: você e sua igreja não
levam vantagem alguma sendo fiéis à cooperação denominacional porque não é isso
que devem visar. Se a finalidade de
todos fosse essa, o sistema não subsistiria. A cooperação se mantém há séculos
porque há batistas - homens e mulheres -
que não se dobram à Lei de Gerson. Sabem que, onde ela é tolerada, o resultado
não pode ser outro: enfraquecimento e destruição do sistema.
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