quarta-feira, 13 de junho de 2012

Juventude Brasileira - Temos Timóteos, Faltam Paulos como o Apóstolo Paulo - 13.06.12 - 52/100 dias de oração pelo Brasil

Se quisermos entender a cabeça da juventude, prestemos atenção às músicas que ela  canta, populares ou evangélicas. No caso das evangélicas, percebemos, por exemplo, que na década de 60 eram bastante cristocêntricas; na de 70, bibliocêntricas;  no final da de 90, começam a ser mais antropocêntricas e hoje emite alguns sinais de estarem se tornando excêntricas. Genericamente falando, claro!

Observe dois exemplos de letras cantadas na década de 60.
I
“Combate”

Moços, declarai guerra contra o mal,
Exaltai a cruz do Salvador!
Firmes empunhai armas não carnais,
Sempre confiai em seu amor!

Todos juntos ao redor da cruz,
Prontos, firmes estejamos nós!
Sim, avante, alegres, corajosos,
Sempre ouvindo de Jesus a voz.

Mocos, avançai! Fortes vos tornais,
Se o valor da Causa conheceis.
Tremulante em luz, erguei o pendão,
Garantia de que vencereis!

Nosso Deus e Pai, ouve com favor!
Vem nos ajudar a combater!
E vencida, enfim, a luta final,
A coroa vem nos conceder.

 II
“Um Novo Mundo”

Jovens fortes chama-nos Jesus,
Para um mundo novo construir.
Trevas, que hoje tentam destruir,
Hão de ser clara luz,
Alvo resplendor!

Levantemos sobre a terra
Nossos braços libertados,
Ao serviço convocados
Por Jesus;
Pelos que são oprimidos,
Pelos que são perseguidos!
Eia! Que nós venceremos
No poder da cruz!

Ao combate, enquanto não soou
O momento em que há de raiar
Novo mundo, com Jesus, Senhor,
Onde a paz e o amor
Sempre hão de reinar.


Há uma variação na ideologia, mas o conteúdo geral, além de cristocêntrico, era mais combativo.

Se no passado houve quem lutasse contra o comunismo, o militarismo, o capitalismo, contra guerras, quantos, mais recentemente, se uniram pra lutar contra o neo-liberalismo (cujos danos vimos nos Estados Unidos e, como num efeito dominó, estamos vendo na Europa, sem falar dos danos que não ganharam espaço na mídia por serem desfavoráveis aos interesses dos grande conglomerados econômicos) ou contra o empobrecimento ou a corrupção, por exemplo. Em alguns segmentos evangélicos da juventude, se fala na luta contra o pecado (termo abrangente em seu sentido ético, de interpretação múltipla em termos morais, que acaba significando uma luta quase sem foco, de tão espiritualizada).

Houve um ensaio de uma luta organizada em favor do sexo somente após o casamento, inspirado numa iniciativa de batistas norte-americanos (nossa inspiração e regra de fé e prática (?) ), mas pouco ou nada se tem falado sobre o assunto, desde que as primeiras pesquisas sobre a eficácia do movimento começaram a ser publicadas nos Estados Unidos.

O combate ao uso de drogas, à exploração e abuso sexual  da criança ou ao mal trato ao meio ambiente ganharam espaço em alguns meios evangélicos, mas não sei se já podemos dizer que ganhou ou ganhará uma dimensão de causa coletiva objetiva.


Perdendo o sentido de luta por causas mais objetivas, a grande motivação parece ser cada um por si. Os ajuntamentos (pelo ajuntamento) de jovens, parecem pouco enfatizar a luta coletiva em favor de alguma manifestação objetiva do pecado na vida humana como violência, preconceito, discriminação, exclusão social, enfraquecimento dos relacionamentos, competição sem ética, etc.

Lutamos pela causa de Jesus, dizem alguns, como se ele nos inspirasse a somente uma causa ou como se houvesse só um tipo de Jesus em nossa cultura. Às vezes nem nos damos conta de que parecemos estar simplesmente lutando por um discurso religioso, um produto de mercado, cujo símbolo/marca é Jesus.

Percebo mais a luta pra se conseguir um bom emprego, um bom salário, um minuto de fama ... e ter. E muitos que conseguem isso em algum momento têm uma recaída a la Raul Seixas: "Eu que lutei tanto pra conseguir, agora me pergunto: e daí?"

Ao orar pela juventude, peçamos a Deus que nos ajude a ajudá-la a desejar conhecer mais a fundo a pessoa de Jesus não somente como o Salvador de suas almas do inferno escatológico, mas como inspiração, motivo maior, sentido do existir, razão de ser do nosso amor a Deus, ao semelhante, à vida. E que esse amor nos inspire a pensar, refletir, agir pelas causas divinas que produzem vida em abundância, razão da vinda de Jesus (Jo. 10.10).

Abraços do seu pastor,

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