sexta-feira, 19 de junho de 2015

Chamados para transformar

A natureza humana tem uma forte tendência conservadora e isso, em si mesmo, é bom. Conservar saudáveis, por exemplo, a saúde do corpo, dos relacionamentos interpessoais, do meio ambiente e da relação com Deus é altamente positivo. O problema é que tudo nesta vida é passível de deterioração e, pior, há quem ganhe com a deterioração, embora, em algum momento, todos – portanto, até quem aparenta estar ganhando - comecem a sentir os prejuízos. Dai a necessidade de inconformação, reformação e transformação.
 
Quando estamos atentos aos sinais de deterioração de determinada realidade que nos afeta e agimos imediatamente, fazendo as devidas manutenções, impedimos que o problema atinja um nível que somente uma reforma seria a solução. Isso ocorre com casamentos, finanças, estruturas patrimoniais ou de outra natureza, enfim.
 
Indivíduos com vidas deterioradas, organizações e sistemas apresentando enfermidades é o que mais temos, especialmente em nossa realidade brasileira. Assim sendo, além de estarmos atentos àquilo que clama por manutenção, a começar em nossa própria vida, estamos frequentemente expostos a situações que clamam por reforma, restauração, recuperação. Daí a pertinência do slogan: “Chamados para transformar”.
 

Todos são chamados. O chamado divino não exclui qualquer um de nós dessa responsabilidade. Todos podem contribuir, em algum grau ou situação, à saúde de nossas vidas, em suas múltiplas manifestações.
 
Algumas vezes somos chamados para uma missão específica, com início, meio e fim definidos (Ananias, por exemplo, em Atos 9); outras, para missão cujo resultado final pode ser desejado, mas nem sempre visualizado, especialmente quando se trata de trabalhar com pessoas (Paulo, no mesmo episódio de Atos  9).
 
Há chamados que envolvem elementos profundamente místicos, como foi o caso de Paulo já mencionado e há outros que acontecem em clima de aparente “normalidade”, como seria o caso de Mateus (Lc. 5:27).
 
Há chamados nos quais a voz de Deus soa de maneira contundente (At. 9:3-6) e há  outros cuja presença de Deus nem é mencionada, mas as ações e seus resultados são evidências de que Ele esteve por detrás do chamado, como ocorreu nos casos de Mardoqueu e Ester (Livro de Ester).
 
Há, entretanto, um último aspecto que considero da maior relevância: Deus não nos chama somente para serviços religiosos. Há uma cultura religiosa estabelecida em nosso meio que reconhece apenas o chamado de pessoas que se dispõe a dedicar-se estritamente à dimensão religiosa da vida. Chamado, nessa compreensão, é aquele que deixa todas as atividades cotidianas, vai para uma escola de educação teológico-ministerial e, depois, dedica-se a atividades relacionadas à vida de uma instituição religiosa, no caso batista, como pastor, missionário, ministro de música, educação cristã ou ministério social cristão.
 
Porém, embora casos de chamado que não se caracterizam por envolvimento em atividades tipificadas com religiosas sejam uma minoria – Mardoqueu, José do Egito,  por exemplo, cujo chamado foi para atuar no campo da política e administração pública – a verdade é que, pelo fato de Deus ter criado a vida e ter interesse pelo desenvolvimento integral dela, nossa ação, como cristãos, em qualquer área da vida, deve ser encarada como um chamado. Fomos nós, não Deus, que fizemos distinção entre profano e sagrado, entre mundano e religioso. A vida, porém, não pode ser encarada desta maneira, sem que isso provoque sérias deteriorações, como a experiência tem mostrado.
 
Encare sua vida, sua profissão, como um chamado, seja qualquer for a atividade na qual estiver envolvido. Encare seu espaço de atuação como um espaço sagrado. Aja de maneira que sua ação não permita a deterioração ou enfermidade da vida e trabalhe para curar, salvar, transformar aquilo que se evidencie como necessitando.
 
 
 

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