Sou Batista
Sou batista.
Isso entrou no sangue.
São 44 anos ininterruptos ocupando cargos em igreja.
Na denominação, fora da igreja, são 40 anos de cargos de liderança. De presidente de jovens em associação a presidente de convenção, passando pela presidência de Ordem de Pastores, de Associação Nacional de Escolas Batistas, sem pedir pra entrar, nem pra ficar. Quando fui indicado aceitei concorrer. Quando fui eleito me empenhei pra dar o meu melhor. Quando entendi que não devia concorrer disse não. Quando concorri e não fui eleito, isso não afetou meus compromissos vitais.
Acertei e errei. Uns diriam que acertei mais do que errei; outros, que errei mais do que acertei. Eu mesmo não digo nada, pois seria suspeito. Ou minhas palavras poderiam ser usadas contra mim.
Sempre lutei pra manter a integridade psicológica. Os papéis são diferentes, mas esforço-me para que o eixo em torno do qual eles giram mantenham-se dentro de uma variação razoável. Se assim não agisse, as horas de terapia psicodramáticas e psicanalíticas não teriam dado conta. E os remédios seriam em quantidade e dosagem muito maiores.
Uso a razão, mas não para abafar a emoção.
Já esperneei muito, intelectualmente falando, até encontrar o próprio eixo. É que, com tantos e tão intensos anos, da pra ver quase tudo. E pra mostrar também. Conheço diversas das histórias dos batistas e de batistas. Tanto as que são contadas em livros, quanto as dos corredores e bastidores denominacionais. As que li, ouvi e as que presenciei.
Do jogo político nem se fala. O pior deles é o dos que condenam a política e se escondem atrás de linguagem espiritual. O segundo pior é o dos que evidenciam tanto a política que não da pra saber se existe espiritualidade. Pior ainda é resistir a tentação dos dois tipos.
Nunca desisti porque interiormente me encontrei e quando a gente se encontra interiormente, o ambiente no qual se está passa a ser um detalhe. Encontrei o significado de ser salvo por Jesus que não depende de compêndios doutrinários ou de marabalismos de gênios teológico; muito menos se incomoda com óculos de intelectuais ou batas de cientistas ou professores que se acham. Entendi que dependo da graça pra viver e isso há muito deixou de ser preocupação doutrinária. Apenas vivo nela e por ela.
Gosto de ser batista, mas não gosto de tudo que dizem ser batista. Gosto do povo batista. Gosto muito. Talvez porque é feito de gente como eu que tem banda A e banda B, cara e coroa, o avesso do avesso do avesso e assume, com temor, mas assume. E tem os que não assumem, nem temem.
Nessas alturas da vida, depois de ter caminhado mais de 2/3 da média prevista, ouvindo cada dia mais intensamente da partida de amigos da juventude e ciente, por isso, de já estar com a senha nas mãos esperando o número da vez aparecer na tela, depois disso, repito, nada mais há para fazer que não seja pelo prazer.
As vezes ainda aparecem situações difíceis de se levar na esportiva, mas a cada dia elas se tornam mais escassas. A 'única' coisa ruim é que o cansaço parece ser mais real. Ah! e a impaciência com bobagens que exigem paciência.
Por que estou escrevendo isso? Sei lá. Esqueci. Disse a Gláucia que estava sem sono e com vontade de escrever. Ela, então, dormiu. O gato se aquietou. O som da chuva aumentou...
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