terça-feira, 24 de março de 2015

A Estrutura de Saúde dos Sonhos

"Amado, oro para que você tenha boa saúde e TUDO corra bem, assim como vai bem a sua alma."(3 João 1:2 NVI)



Estive fora de Salvador no carnaval deste ano. Aproveitando a participação na Assembléia da Convenção Batista Brasileira, em Gramado, na volta passei por Garça, SP, onde fiquei na casa de minha mãe.

Foram dias de descanso, rememorações e muita conversa jogada fora. Se alguma semelhança houve entre esta minha estada na ex-capital mundial do café e o carnaval, foi na possibilidade de deixar o papel pastoral em segundo plano e viver mais intensamente o de filho, irmão, sobrinho, tio, amigo, etc.

Digo semelhança porque, no dizer de Freud (Psicologia das Massas e Análise do Eu), pelo fato da separação entre “ideal do eu e eu” não ser suportada permanentemente, o ser humano precisaria de uma regressão periodicamente,  um tempo de libertação para quebrar regras como parte das regras, uma festa, uma forma do eu estar contente outra vez consigo mesmo. Nisso Freud cita o carnaval.

Não pretendo aqui emitir juizo de valor sobre o pensamento freudiano nem sobre o carnaval, mas apenas dizer que, assim como o carnaval SERIA um tipo de quebra de uma rotina regida pelo dever, a passagem por Garça foi a  quebra da minha rotina dominada pelo dever pastoral. Isso fez um baita bem à minha saúde.

Foi lá que assisti um vídeo de propaganda produzido pela Prefeitura de Salvador, sobre a unidade de saúde montada na Ladeira da Montanha, para o período de Carnaval (
https://pt-br.facebook.com/prefeituradesalvador/posts/1067044753311170). Nele, de maneira bem humorada, o personagem do filme experimenta o atendimento de excelência na referida unidade, para mostrar o cuidado da Prefeitura nesses dias em que milhares de pessoas de todo canto do planeta se encontra em Salvador para participar da folia.

Nesta unidade, o atendimento de excelência começa com o vigilante que ajuda o necessitado até a maca, num espaço super bem equipado e estruturado, com equipe médica completa 24 horas, inclusive de cirurgiões, sem falar na disponibilidade de "ambulância, motolância, ambulancha, prancholâncha" o que faria com que o cidadão que lá chegasse na maior "sofrência",  saísse na maior "alegrência".

Isso demonstra que somos competentes para fazer bem feito. Nosso problema são as escolhas políticas em face da nossa escala de valores. Os interesses econômico, financeiro e político que regem a realização do carnaval não são os mesmos quando se trata de olhar para o cotidiano do morador da cidade. Nele, chegamos à quase totalidade dos hospitais de emergência com "sofrência" e, em vez de sairmos com "alegrência", geralmente somos mandados de volta com "piorência", se não ocorrer a “morrência”.

O problema não é só de Salvador, nem só dos governantes. É também nosso que, "cristãos", não exercemos adequadamente nossa cidadania, nem desenvolvemos uma espiritualidade que manifeste o interesse de Deus por todas as dimensões de nossa vida, interesse bem expresso por João no texto bíblico em epígrafe.

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