terça-feira, 4 de julho de 2017

Um apelo aos pastores sobre política

Quando ouço ou leio um pastor defendendo que a mensagem do evangelho é apenas pra vida após a morte do corpo, alienando sua igreja, com seus ensinos, da participação nas questões político-econômico-sociais ou, pior, criticando e difamando os colegas que, diferente dele, estimulam os crentes a exercerem a cidadania integral (espiritual, emocional, artística, econômica, política, social...), fico me perguntando:
1. Ele é ignorante?
2. Ele é covarde?
3. Ele teme os que comandam (não necessariamente os que ocupam os cargos) seu sistema religioso-denominacional?
4. Ele está agindo de má-fé para explorar os membros da igreja?
5. Ele tem consciência de que o seu salário faz parte de um sistema político-econômico e não religioso-celestial?
6. Ele sabe que os dízimos dos membros da igreja nascem da produção deles dentro do sistema econômico e não do religioso-celestial?
7. Ele sabe que  o paletó, a gravata, a camisa, a calça, a cueca, as meias, os sapatos que ele usa nascem na produção econômica e não religioso-celestial?
8. Ele sabe que o aluguel da casa dele, a roupa, a comida, os estudos dos seus filhos, o transporte, tudo, enfim, em torno do qual sua vida gira, é fruto da atividade econômica dos membros da igreja  e não de atividade religioso-celestial?
9. Ele sabe que a própria atividade religiosa que ele dirige faz parte da máquina econômica ao produzir bíblias, livros, partituras, instrumentos musicais, púlpitos, bancadas, cadeiras, equipamentos eletrônicos, de som, de ceia, de batismos, gerando emprego, renda, lucro aos que nela trabalham?
10. Ele sabe que a programação da igreja dele alimenta serviços de hotelaria, acampamentos, salões de festas, centros de convenções, empresas de transportes viários, aéreos, marítimos,  etc, etc, etc, elementos que fazem a economia girar, gerando salários e, desses, dízimos que são entregues, inclusive para que ele receba seu salário?
11. Ele, que só fala do céu, aliena a igreja e critica seus colegas é ignorante, covarde ou de ma-fé, quando não vê que a economia não funciona apenas em torno da iniciativa de cada um, mas sob leis do Estado?
12. Ele sabe que essas leis não caem do céu, mas são fruto de embates políticos entre fortes interesses divergentes ou, quando convergentes, têm representado mais os interesses de quem as faz - os vereadores, deputados e senadores - ou de quem financia a campanha eleitoral de quem as faz, inclusive contra os interesses do povo?

Pastor, meu colega, se você não se sente preparado ou não fala sobre isso com sua igreja com medo dos poderosos da política religioso-denominacional, partidária ou econômica, pelo menos coloque-se em ORAÇÃO diante de Deus e DECIDA não enganar os membros de sua igreja ou criticar seus colegas. Isso já é um grande passo.

Um dia você estará diante de Deus para prestar contas do seu ministério e, acredito, muito menos do que a quantidade de pessoas que te ouviu dominicalmente ou do que a quantidade de eventos eclesiástico-denominacionais nos quais você falou ou assistiu, ou ainda menos do que a quantidade de dinheiro que você colaborou para que sua igreja levantasse para sustentar "a obra", você prestará contas da alienação e difamação que promoveu e da covardia que não superou, prejudicando a vida abundante que Jesus veio trazer a este mundo.

A vida dos membros de sua igreja, futura e presente, é do interesse de Deus. Todas as dimensões da vida dos membros de sua igreja - não só a espiritual - fazem parte do interesse de Deus. Não foi o diabo quem nos criou como seres artísticos, políticos, econômicos, sociais, emocionais, etc.. Isso nós lemos nas Escrituras e vemos na vida de Jesus.

Peça, então, ao Espírito Santo de Deus que tê de coragem, que ilumine a sua mente e que encha seu coração de honestidade, empatia e compaixão pra não alienar, iludir ou enganar os membros de sua igreja e, assim, possa dizer ao final de cada etapa de trabalho que realiza o mesmo que Paulo disse:  "Vocês sabem como vivi todo o tempo em que estive com vocês, desde o primeiro dia em que cheguei à província da Ásia. Servi ao Senhor com toda a humildade e com lágrimas, sendo severamente provado pelas conspirações dos judeus. Vocês sabem que NÃO DEIXEI DE PREGAR A VOCÊS NADA QUE FOSSE PROVEITOSO, mas ensinei tudo publicamente e de casa em casa. Testifiquei, tanto a judeus como a gregos, que eles precisam converter-se a Deus com arrependimento e fé em nosso Senhor Jesus." (Atos‬ ‭20:18-21‬).

Pense nisso, meu colega!

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