quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Não perca a esperança

O sol está fortíssimo neste início de manhã, como é próprio nesta estação do ano, e os pássaros estão fazendo uma festa nas mangueiras do Marista, ao lado do meu apartamento. Isso me fez incluí-lo – o sol - em meu momento de devoção, pensando em como ele pode ser usado como símbolo de esperança quando o céu está carregado de nuvens escuras.




Então me pus a pensar em pessoas que usaram o “astro maior” como símbolo de esperança.


Para Renato Russo, cantor popular já falecido, diante da adversidade da situação, não se pode perder a esperança. Ele canta:


Mas é claro que o sol vai voltar amanhã, mais uma vez, eu sei. Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã. Espera que o sol já vem

Kleber Lucas, cantor popular gospel, também canta sua esperança:

Eu sei que para além das nuvens
O Sol não deixou de brilhar só porque a terra escureceu

Ambos, através da poesia e da música, usam o sol como imagem que alimenta a esperança quando a situação nos impede de enxergarmos uma seta que indique a saída.

A solução apresentada pelos dois, entretanto, é diferente.


R. Russo apresenta a autoconfiança como porta ao afirmar:


“Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo.
Quem acredita sempre alcança”


K. Lucas apresenta Deus como razão de sua esperança:


“Eu vou seguir com fé
Com meu Deus eu vou
Para a rocha mais alta que eu
Eu sei pra onde vou
Como águia vou
Nas alturas sou filho de Deus”


Como cristão, minha inclinação “natural” seria descartar a proposta de R. Russo e seguir com K. Lucas, pois a maldição, sobre aqueles que depositam a confiança "no Homem", é popularmente apresentada citando-se as palavras do profeta Jeremias:


“Maldito é o homem que confia no Homem e faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor” (Jer. 17.5).


Porém, a radicalidade - ou Deus ou o homem – não é a alternativa profética. O texto não diz: ou uma, ou outra, mas uma - a fé no Homem - em detrimento da outra - a fé em Deus.

É claro que, se a única opção fosse escolher uma das duas, optar pelo criador parece mais sensato, pela consicência de nossas limitações e pela crença na divindade de Deus.


Penso, entretanto, que as duas coisas – autoconfiança e confiança em Deus – são elementos essenciais diante da adversidade. Penso também, que nossa autoconfiança aumenta extraordináriamente quando confiamos que não estamos sós neste universo frio – a despeito dos milhares de sóis - e infinito.


Quer palavra mais rica em esperança do que a do profeta Malaquias:


“Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.” (Ml. 4.2)


Interessante que, antes dessa afirmação, o profeta está prenunciado que dias maus estão por vir:


“Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo.” (Ml. 4.1)


Mas completa que, com os dias maus, virá o sol da justiça para os que respeitam ao Senhor.


Por isso, não vejo porque escolher entre confiar em Deus ou em si mesmo. Acredito, como Jeremias, que o problema está na autoconfiança que exclui Deus, não na autoconfiança que brota da comunhão com Deus.

Portanto:




Se nuvens escuras estão à nossa frente, lembremo-nos de que:


“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele.” (Lam. 3.21-24)



"Vindo sombras escuras nos caminhos teus
oh, não te desanimes, canta um hino a Deus!
Cada nuvem escura arco-íris traz
quando em teu coração reinar perfeita paz.

Se o viver é de lutas, cheio de amargor,
mostra afeto aos aflitos, age em seu favor.
E de tudo o que sofres tu te esquecerás;
fruirás muitas bênçãos se tiveres paz.

Vem após longa noite a aurora matinal,
fica o céu mais brilhante após o temporal.
A esperança não percas, tudo vencerás;
fugirão as tristeza se tiveres paz."
(Bentley DF.Ackley (1872-1958) - Lizzie De Armond (estribilho))


1 comentários:

Anônimo 16 de outubro de 2009 às 19:15  

O texto me lembrou a sabedoria da observação bíblica: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (Salmo 30:5).