quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Líderes rebeldes


Os apóstolos saíram do Sinédrio, alegres por terem sido considerados dignos de serem humilhados por causa do Nome” (At. 5.41)



Quando leio um texto como o acima mencionado fico pensando no profundo fosso que separa o tipo de fé que caracterizou os apóstolos e o que nos caracteriza. As razões da nossa alegria não são as mesmas que as deles, nem nossas reações à humilhação se assemelham, ainda que declaremos fé no mesmo nome, o nome de Jesus.

A leitura da narrativa que antecede tal descrição de Lucas nos indica que eles foram açoitados e proibidos de falar no nome de Jesus. Só que, em vez de silenciarem ou saírem cabisbaixos, como se fossem vítimas, eles simplesmente saíram de cabeça erguida, triunfantes, felizes e, sobretudo, com o mesmo espírito de rebeldia demonstrado quando entraram para o julgamento e declararam: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens” (At. 5.29)

Somos uma geração de cristãos que valoriza prioritariamente o reconhecimento social.
Valorizamos uns aos outros não pelo nível de fidelidade ao nome de Jesus ou pelos compromissos que demonstramos com os valores do Reino de Deus, mas pela capacidade de ocuparmos posições de poder ou prestígio e de rechearmos nossa conta bancária, alguma vez até através da negação de valores essenciais como respeito ao semelhante, honestidade ou espírito público.

Claro que não é errado ocupar funções de poder ou prestígio ou, muito menos, manter um bom saldo bancário. A questão é a forma de conseguirmos e a finalidade. Forma e finalidade precisam ser confrontadas com a vida e ensino do “Nome” que declaramos ser senhor e salvador de nossas vidas.

Estamos precisando de um pouco mais de rebeldia.
Não a rebeldia resultante de traumas emocionais não curados ou de amargura provocada por frustrações a que todos estamos sujeitos. Muito menos a rebeldia de discursos emotivos e inconsistentes. Estamos precisando de líderes que se rebelem de forma objetiva e consciente contra forças humanas malignas que ameaçam todas as dimensões da vida, contaminando corações e estruturas sociais.

Estamos precisando de líderes
que não se envergonham da humilhação a que podem ser submetidos os que decidem agir com honestidade; que, pelo contrário, se sintam felizes por estarem convencidos de que o caminho de Deus para nossas vidas é o do bem e não o do mal.

Alguém se habilita?

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