Pensamentos para situações de adversidade
Há quem se refira a eles de
maneira pejorativa, classificando-os de “auto-ajuda”. Oposição à parte, o fato
é que eles afetam nossas atitudes e isso faz grande diferença na maneira como
encaramos a realidade.
Li, há mais de 15 anos, “Quem mexeu no meu queijo”, de Spencer
Johnson. Palha, diriam arrogantes acadêmicos. A fábula, porém, tornou-se bestseller.
Milhões de pessoas foram afetadas positivamente pela mensagem simples do
livreto que nos ensina a como reagir diante de adversidades. Ajudou muita gente
a aprender a lidar com mudanças que nos afetam negativamente, adotando a
postura de agir em vez de ficar reclamando.
Ainda era adolescente quando
ouvi o Pr. Isanias dos Santos, então secretário da JUMOC – Junta de Mocidade
Batista da Convenção Batista Brasileira - num encontro de jovens realizado na
PIB de Marília, SP, dizer a frase “não lamente a escuridão, acenda um fósforo”.
Nunca mais esqueci. Ela expressa bem a melhor atitude a ser adotada diante de
situações adversas. O lamento pode até conseguir que alguém saiba de nossa dor
e até sinta pena de nós, mas em si mesmo nenhum efeito surte sobre a realidade.
Agir, por menor que seja a iniciativa, é melhor do que lamentar.
Foi nos textos de Rubem Alves
que li a expressão “se é sorte ou azar,
só o futuro dirá”. Referia-se a história de um homem que herdou uma terra
encharcada de seu pai e os amigos disseram: “que azar o seu, seus irmãos
ganharam terra boa e a sua pra nada serve”. Ele respondeu: “se é sorte ou azar,
só o futuro dirá”. Veio uma seca, a terra dos irmãos arruinou, a dele ficou no
ponto de produção. “Que sorte”, disseram os amigos. Ele respondeu: “se é
sorte...”. Uma tropa de cavalos selvagens apareceu na propriedade e os amigos
classificaram como sorte. Ele respondeu: “se é sorte ou ...”. O filho resolveu
montar um dos cavalos e quebrou a perna. Os amigos classificaram como azar e
ele respondeu: “se é sorte ou ...”. O
país entrou em guerra, o rei mandou convocar os jovens à batalha e o filho não
foi, pois estava com a perna quebra. “Que sorte”, disseram os amigos. Ele respondeu:
“se é sorte...”. Assim é a vida, concluiu R. Alves. Nada é definitivo. Não há
porque se abater, não há porque se gloriar.
“Não importa o que fizeram com
você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”, escreveu
Jean-Paul Sarte, impactando seus leitores. Todos vivemos experiências dolorosas
provocadas por ações de terceiros. Alguns, por causa delas, carregam rancor
pela vida afora, alimentam a autocomiseração e a raiz de sua amargura contamina
a todos (Hebreus 12:15). O pensamento de Sartre, entretanto, nos ajuda a pensar
que podemos transformar um azedo limão em uma deliciosa limonada. Basta mudar o
foco.
“No mundo tereis aflições”,
disse Jesus, “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Ele disse isso desafiando-nos
a, em meio à aflições, experimentarmos paz. É a paz que brota da confiança de
que não estamos sós, pois ele nos deixou o consolador. Ele nos conduz à
vitória, ainda que aparentemente não haja saídas.
O momento vivido pelo Brasil
nos enche de incertezas e afeta nosso equilíbrio. Se não bastasse, nossa
história individual traz consigo suas dores. Que escolha faremos? Ficaremos
inativos? Lamentaremos? Nos desesperaremos? Ou enfrentaremos com coragem
visando à superação?
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