terça-feira, 24 de maio de 2016

Pensamentos para situações de adversidade

Há quem se refira a eles de maneira pejorativa, classificando-os de “auto-ajuda”. Oposição à parte, o fato é que eles afetam nossas atitudes e isso faz grande diferença na maneira como encaramos a realidade.

Li, há mais de 15 anos, “Quem mexeu no meu queijo”, de Spencer Johnson. Palha, diriam arrogantes acadêmicos. A fábula, porém, tornou-se bestseller. Milhões de pessoas foram afetadas positivamente pela mensagem simples do livreto que nos ensina a como reagir diante de adversidades. Ajudou muita gente a aprender a lidar com mudanças que nos afetam negativamente, adotando a postura de agir em vez de ficar reclamando.

Ainda era adolescente quando ouvi o Pr. Isanias dos Santos, então secretário da JUMOC – Junta de Mocidade Batista da Convenção Batista Brasileira - num encontro de jovens realizado na PIB de Marília, SP, dizer a frase “não lamente a escuridão, acenda um fósforo”. Nunca mais esqueci. Ela expressa bem a melhor atitude a ser adotada diante de situações adversas. O lamento pode até conseguir que alguém saiba de nossa dor e até sinta pena de nós, mas em si mesmo nenhum efeito surte sobre a realidade. Agir, por menor que seja a iniciativa, é melhor do que lamentar.

Foi nos textos de Rubem Alves que li a expressão “se é sorte ou azar, só o futuro dirá”. Referia-se a história de um homem que herdou uma terra encharcada de seu pai e os amigos disseram: “que azar o seu, seus irmãos ganharam terra boa e a sua pra nada serve”. Ele respondeu: “se é sorte ou azar, só o futuro dirá”. Veio uma seca, a terra dos irmãos arruinou, a dele ficou no ponto de produção. “Que sorte”, disseram os amigos. Ele respondeu: “se é sorte...”. Uma tropa de cavalos selvagens apareceu na propriedade e os amigos classificaram como sorte. Ele respondeu: “se é sorte ou ...”. O filho resolveu montar um dos cavalos e quebrou a perna. Os amigos classificaram como azar e ele respondeu: “se é sorte ou ...”.  O país entrou em guerra, o rei mandou convocar os jovens à batalha e o filho não foi, pois estava com a perna quebra. “Que sorte”, disseram os amigos. Ele respondeu: “se é sorte...”. Assim é a vida, concluiu R. Alves. Nada é definitivo. Não há porque se abater, não há porque se gloriar.

Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”, escreveu Jean-Paul Sarte, impactando seus leitores. Todos vivemos experiências dolorosas provocadas por ações de terceiros. Alguns, por causa delas, carregam rancor pela vida afora, alimentam a autocomiseração e a raiz de sua amargura contamina a todos (Hebreus 12:15). O pensamento de Sartre, entretanto, nos ajuda a pensar que podemos transformar um azedo limão em uma deliciosa limonada. Basta mudar o foco.

No mundo tereis aflições”, disse Jesus, “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Ele disse isso desafiando-nos a, em meio à aflições, experimentarmos paz. É a paz que brota da confiança de que não estamos sós, pois ele nos deixou o consolador. Ele nos conduz à vitória, ainda que aparentemente não haja saídas.

O momento vivido pelo Brasil nos enche de incertezas e afeta nosso equilíbrio. Se não bastasse, nossa história individual traz consigo suas dores. Que escolha faremos? Ficaremos inativos? Lamentaremos? Nos desesperaremos? Ou enfrentaremos com coragem visando à superação?

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