sexta-feira, 27 de maio de 2016

Fidelidade

 “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (II Tim. 2:13)

Fidelidade é uma atitude que, como todas as atitudes, se constrói em nosso ser desde o ventre de nossas mães. Antes mesmo de se ter consciência do fato ou dominar a linguagem que a expresse, houve uma vivência sentida em nosso ser, através da relação mãe-filho e, na sequência, pai-filho, filho-irmãos, filho-amigos, filho-instituições e assim por diante.

Ainda nem éramos capazes de pensar quando nosso corpo pedia algo e era atendido. Nosso corpo sentia uma necessidade, manifestava-se e era suprido.  Nem tínhamos consciência da fonte que atendia nossos desejos, mas sempre que reclamávamos algo, de algum “lugar” a resposta chegava. Assim, fomos descobrindo que havia algo ou alguém atento à nossa vida.

Na medida em que nossos órgãos do sentido – tato, paladar, olfato, audição e visão – se desenvolviam, o ser que respondia às nossas necessidades ia sendo delineado em nossas mentes e com ele as comunicações iam se aperfeiçoando, incluindo nessas, além da comunicação corporal, a linguagem oral e sucessivamente outras formas de comunicação.

Assim, antes mesmo de conhecermos a palavra fidelidade, já se gravava em nosso ser que havia uma fonte que, na hora certa, respondia nossos anseios; alguém que cumpria o que ia sendo prometido em nosso relacionamento. Essa fonte era, depois saberíamos, fiel.

Fidelidade é qualidade de uma pessoa que cumpre seus compromissos e se desenvolve em nós através de 3 maneiras: a experiência, o exemplo e os discursos.

Por experiência, refiro-me ao ocorrido na narrativa acima. O próprio ser humano, na medida em que desenvolve a capacidade de abstração, torna-se capaz de relacionar o que viveu desde o ventre da mãe com o significado da palavra fiel. Isso aponta pra nós o caminho mais eficaz para o desenvolvimento dessa atitude em nossos filhos: ser fiel.

O segundo caminho, intrinsecamente ligado à experiência, é o do exemplo. Trata-se das percepções que temos de que as pessoas que nos cercam agem de maneira fiel nos relacionamentos que estabelecem umas com as outras; que elas cumprem o que prometem nas diversas circunstâncias da vida; que cumprir o que se promete é algo que faz bem a todos.

A terceira forma, o discurso, tem a ver com o uso da palavra para clarear o conceito fidelidade, exemplificar e demonstrar os benefícios que advém de seu uso e os prejuízos sofridos por quem não o leva a sério e pelos que o cercam. Embora seja eficaz àqueles que já desenvolveram a capacidade de abstração, o discurso não produz o mesmo resultado que o exemplo e a experiência. Talvez porque, o discurso seja capaz de nos fazer pensar, mas não agir. A ação depende dos sentimentos que envolvem nosso ser diante da realidade descrita.

A Bíblia nos ensina que fidelidade é fruto do Espírito Santo de Deus. Uma pessoa infiel, portanto, seria alguém que não foi tocado por Deus no mais íntimo de seu ser. Quando a alma é tocada pelo Espírito de Deus, Espírito de Jesus, Espírito Santo, como preferirem, nosso ser reage produzindo, dentre outras atitudes, a fidelidade.

Essa atitude de fidelidade nos acompanha por toda a vida, em todas as circunstâncias e torna-se nossa reação natural. Ela passa a fazer parte de nossa natureza. Ela não se deixa condicionar pela infidelidade alheia. Por isso Deus é fiel, mesmo quando somos infiéis. É a natureza dele. E a nossa, é semelhante à dele?

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