quinta-feira, 5 de maio de 2016

Mães



Faço ressalvas à maneira idealizada como nos referimos ao papel de mãe. É como se elas não fossem seres humanos limitados  pelas condições biológicas, psicológicas e ambientais. Essa idealização, embora seja com a intenção de reconhecimento, muita vez acaba se tornando um fardo difícil de ser carregado. Não podemos, entretanto, deixar de reconhecer a capacidade acima da média que elas possuem de superar desafios.

Elas são mulheres, esposas, profissionais, etc, porém, em que pese a capacidade de desenvolverem diversos papéis sociais, seguramente nenhum deles exerce mais força sobre sua vida do que o de mãe, diante de uma necessidade da prole.

Claro que as exceções existem, mas são exceções. O que prevalece é o sentimento de mãe dominá-las sempre que percebe os filhos em situação adversa.  É a primeira e instintiva reação. Somente razões muito fortes conseguem inibir o instinto materno de materializar-se e, ainda assim, isso não se dá sem que o coração aperte e elas sofram.

Elas abrem mão da vez, do sono, da comida, da agenda, do passeio, da profissão, se o que estiver em jogo forem necessidades dos rebentos. Toda a criatividade e energia são arregimentadas do mais profundo do seu ser e canalizadas em favor do bem estar do fruto de seu ventre.

Daí nosso apego, daí a poesia de Carlos Drummond de Andrade:

"Por que Deus permite
 que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
 
é tempo sem hora, 

luz que não apaga 
quando sopra o vento 
e chuva desaba, 

veludo escondido
 na pele enrugada,
 
água pura, 
ar puro, 

puro pensamento. 
Morrer acontece
 
com o que é breve 
e passa
 sem deixar vestígio.
 Mãe, na sua graça,

é eternidade.

Por que Deus se lembra
 - mistério profundo -
 de tirá-la um dia?
 Fosse eu Rei do Mundo,
 
baixava uma lei:
 
Mãe não morre nunca,
 
mãe ficará sempre
 junto de seu filho
 
 e ele, velho embora, 

será pequenino
 feito grão de milho."

Às mães, nossa gratidão. Às mães, nosso reconhecimento.



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