Fidelidade aos valores do Reino e ao espírito constitucional
“Aquele que roubava, não roube mais;
antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir
com o que tiver necessidade.” (Ef. 4:28).
A
chegada desta semana, como a maioria das semanas desses últimos dois anos de
Lava Jato, vem acompanhada de decisões ligadas ao altíssimo escalão do estado brasileiro,
cujo resultado afetará diretamente nossas vidas.
Refiro-me
à possibilidade do presidente do Senado aceitar ou rejeitar pedido de
impeachment contra o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, bem como a
do Supremo Tribunal Federal – STF, de rever sua decisão quanto à prisão de
criminosos condenados em segunda instância, independente do direito que têm a
novos recursos. São duas decisões que fazem parte do pacote anticadeia,
defendido pelos acusados de corrupção na Lava Jato.
É
sabido por todos, que a corrupção assola nosso país. Do síndico do condomínio à
presidência da República, há indícios fortíssimos – em alguns casos provas – de
que ela reina soberana.
É
sabido por todos nós que este nível de corrupção é frontalmente prejudicial à
população não apenas pela soma do valor financeiro que representa, mas também
porque financia decisões políticas, econômicas e sociais que, em vez de trazer
benefícios à população, ao país, beneficia gangs de colarinho branco instaladas
nos altos escalões.
É
crido por muitos que o processo de impeachment da presidenta Dilma Roussef não
está sendo levado adiante por consciência moral da maioria dos agentes
políticos. Em que pese os indiscutíveis
erros técnicos e éticos cometidos por seu governo, são poucos os que não
concordam que a motivação maior, pelo menos de parte importantíssima dos “representantes”
políticos, é defender-se, com os próprios braços, da possibilidade de prisão
por roubos e outros crimes cometidos.
Nesse
contexto estamos assistindo articulações gravadas, de conversas da cúpula do
maior partido político – o PMDB –, para derrubar a presidenta, assumir o poder
e assim se defender, repito, usando os próprios braços para desestruturar instituições,
modificar decisões e leis que podem levar seus integrantes à condenação.
Como
a luz da aurora, vai ficando cristalino que o processo para estancar as ações
da Polícia Federal, Ministério Público e Receita Federal segue um roteiro: 1)
derrubada da presidenta – fato que não significa necessariamente que ela seja
vítima -; 2) derrubada do Procurador Geral da República; 3) derrubada da decisão
de possibilidade de prisão de ladrões condenados em segunda instância.
A
esse roteiro poderia ser acrescida a tentativa de mudança na cúpula da Polícia,
a redução de recursos para desqualificar os órgãos de combate à corrupção e tantos
outros.
O
fato é que estamos diante de uma realidade tenebrosa: ou nos posicionamos
contra os corruptos para não perdermos esta batalha ou, pelo pecado da omissão,
seremos derrotados para o desespero de toda a população brasileira.
O
texto constitucional e os poderes constituídos não foram criados para proteger
bandidos, mas para que desfrutássemos de “vida quieta e sossegada, em toda a
piedade e honestidade”. (I Tim 2:2)
A hora, portanto, não permite que esperemos
pela ação de quem está ao nosso lado. É hora de cada um chamar pra si a
responsabilidade e usar as ferramentas espirituais, políticas, sociais,
econômicas, enfim, que dispõe. A hora
exige fidelidade aos princípios da palavra de Deus que norteiam nossas vidas: ”e
não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as.”
(Ef. 5:11); “porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor;
andai como filhos da luz”. (Ef. 5:8).
Que Deus tenha misericórdia de nós.
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