domingo, 26 de julho de 2020

Regência e pastoreio (27.12.2019)


Nesse Natal voltei a cantar em coral. Depois de um período sabático por escolha própria, Deus me deu o privilégio de retomar à vida pastoral numa igreja cujo número de membros é menor do que o de coristas de um dos corais de igrejas que já pastoreei. Então coloquei-me à disposição para cooperar com o coro, em algumas músicas para o Natal.

Cantando no coral, ficava observando o trabalho da regente. Ela, certamente, tinha em mente onde queria chegar. Mas o caminho nem seria curto, muito menos fácil. Ensinar a voz de cada um. Afinar cada uma às notas das músicas e às vozes diversas. Treinar, repetindo infinitas vezes, visando a auto-confiança. Trocar a tensão do rosto aprendiz pelo riso espontâneo de quem sabe o que está fazendo. Cantar, cantar e cantar, até alcançar harmonia.

Pregando recentemente em uma igreja grande, um líder veio falar comigo após o culto, de forma veemente, que eu deveria ser pastor de igreja maior. Respondi que já tinha sido pastor de várias igrejas grandes e isso era algo muito bem resolvido em meu coração. Ser pastor me basta. Sinto-me muito feliz pastoreando em Casa Forte. Sinto-me como um regente iniciando a preparação de uma cantata.

Sim, como um regente que sabe onde quer chegar, assim pastoreio. Trabalho para que minha vida e a dos que estão sob meus cuidados pastorais estejam empenhadas em viver em harmonia com os valores do reinado de Deus expressos na vida de Jesus de Nazaré, conforme descrito nas Escrituras que os revelam.

Quanto aos aspectos institucionais da igreja, eles se tornam detalhe diante do desafio que é trazer as marcas de Jesus no corpo. Se as marcas de Jesus forem fortes, fazer boa liturgia, viver em comunhão, praticar o discipulado, realizar a proclamação, exercitar o serviço, administrar, enfim, são apenas conseqüências, questão de aprendizado, tempo, dedicação.

Se a igreja for espiritualmente saudável, crescimento é conseqüência, não obsessão. Se não for, grandeza será apenas manifestação de poderio político-econômico, sem efetiva relevância sócio-espiritual.

Isso, sem perder de vista as palavras paulinas: “...nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento... porque nós somos cooperadores de Deus.” (1 Coríntios 3:7-9). Ele é o regente; nós, coristas. Ele é o pastor; nós, ovelhas.

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